Não é de hoje que se entende que a música é uma fiel aliada em tempos de crise. Seja em meio a términos de relacionamento ou em períodos de luto, é comum ouvir relatos de pessoas que encararam fases do tipo acompanhadas de uma trilha sonora específica. E é a partir dessa noção que surge a dupla independente de rock alternativo Hematita, de São Leopoldo, formada pelos amigos Lucas Cardoso e Edu Schultz.

Em atividade desde setembro de 2020, o projeto nasceu do desejo deles de utilizar a música como um canal propulsor de mensagens espirituais e de expansão de consciência frente às angústias impostas pela pandemia da covid-19. 

— Sentimos uma necessidade muito forte em criar músicas que fizessem as pessoas refletir sobre o momento do mundo e sobre si mesmas — relembra Lucas, completando:

— O mundo tinha parado, então era o momento ideal pra trabalhar o autoconhecimento e a espiritualidade.

Ambos responsáveis pelas guitarras e vocais, a dupla conta também com a parceria do baixista Everton Garcia e do baterista Tales Cazarotto para criar a sonoridade da Hematita.

A conexão com o sagrado

Conforme descrição da própria banda, a hematita é uma pedra de alta frequência energética conhecida por beneficiar o poder, a saúde e, claro, a energização espiritual. Portanto, o título do projeto parte da intenção dos músicos em utilizar desses atributos para transmitir os mesmos benefícios por meio de suas canções.

— A música, em geral, já carrega uma conexão espiritual. O nosso objetivo foi tentar deixar isso de modo mais explícito — reflete Edu.

E os simbolismos não se limitam ao nome. Lucas e Edu optaram pelo uso do Sri Yantra – uma representação detalhada de um diagrama geométrico sagrado, formado por triângulos, círculos e linhas interligadas – na logo do grupo. Segundo os artistas, o uso do símbolo quer expressar união.

— Tanto a nossa união como membros da Hematita, quanto com as pessoas que nos ouvem, com a música e a espiritualidade, além de todas as influências que fazem sentido para nós como banda e seres em constante evolução — explica o guitarrista.

Edu acrescenta que o Sri Yantra serve também como um símbolo de concentração e contemplação, representando sensações que a banda gostaria de levar aos ouvintes.

Caminhada musical

Logo nos primeiros meses do projeto, Lucas e Edu começaram a trabalhar em seu primeiro EP, divulgado em 18 de abril de 2021, intitulado Chama Violeta. 

Composto por cinco faixas autorais, com influências do rock alternativo, indie e rap, o lançamento foi bem recebido pelo público, que marcou presença no Teatro Municipal de São Leopoldo para o show de estreia. A apresentação ocorreu de maneira beneficente, em 2022, com o intuito de ajudar famílias atingidas por enchentes.

Nos lançamentos que sucederam Chama Violeta, a banda resolveu ir a fundo na questão da espiritualidade, que está presente de maneira mais intensa nos singles Prece (2021), Cada Um, Cada Fé (2023) e Seu Zé (2023). Agora, vivem o êxtase após a divulgação de sua faixa inédita, o single Universo (2025).

— (Universo) É uma música que queríamos fazer já faz algum tempo. Não tínhamos nada que fosse assim, mais acústico e calmo. Nos shows, geralmente pegávamos algum cover para ter um momento mais intimista com o público. Agora, temos nossa própria música — observa Lucas.

Planos para o futuro

Desde o final de 2024, a dupla vem trabalhando em um EP inédito. Contudo, houve a necessidade de pausas para lançamentos paralelos. Com algumas letras e melodias prontas, a expectativa de Lucas e Edu é de que até julho deste ano esteja pronto.

Segundo os músicos, o novo projeto surge com uma proposta mais ousada, buscando levar a mensagem da banda a novas pessoas. Sendo a conclusão do projeto o principal foco do momento, a banda também relatou vontade em tentar participações especiais em algumas faixas, além de visar oportunidades para a realização de shows ao vivo.

Produção: Juliana Farinati

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