Novela das sete
Abuso, bipolaridade, Alzheimer e outros assuntos fundamentais abordados em "Dona de Mim"
A autora Rosane Svartman vem mostrando com delicadeza dramas da vida real


Nem só de romances, barracos familiares e confusões é feita uma novela. As tramas ficcionais podem – e devem – abordar temas relevantes da nossa sociedade. Enquanto nos entretemos com a história, temos momentos de reflexão a respeito de assuntos que, na vida real, fazem parte da vida de muita gente.
Em suas criações, Rosane Svartman leva a sério o papel social da teledramaturgia. Em Dona de Mim, a autora apresenta diversas questões que atravessam os limites da ficção, tocando fundo a quem, na vida real, pode ter passado ou estar passando pelos mesmos problemas.
Abuso sexual

Aplaudida por sua atuação nas cenas da semana passada, Giovanna Lancellotti mergulhou de cabeça no drama de Kami. Assediada nas redes sociais, a moça acabou sendo estuprada pelo seu perseguidor, em cenas fortes, mas muito necessárias.
A violência contra a mulher é uma das feridas abertas da nossa sociedade, e quanto mais falarmos sobre o assunto, mais vítimas se sentirão acolhidas e abraçadas em suas dores mais profundas.
Envelhecimento e Alzheimer

Suely Franco é uma joia rara no elenco de Dona de Mim. Na pele de Rosa, emociona até em cenas sem palavras, só pelo olhar. A matriarca da família Boaz vem, desde o início da trama, apresentando um doloroso processo de esquecimentos e confusões mentais. Diagnosticada com Alzheimer, ela luta para fazer valer suas decisões, provando que, pelo menos por enquanto, continua lúcida e firme para defender a família e a fábrica. Seja nas cenas mais leves e doces, com a netinha Sofia (Elis Cabral), seja nos momentos em que se perde dentro de si mesma, a atriz de 85 anos mostra um drama que aflige milhares de famílias na vida real.
Bipolaridade

Intensa, emocionada, “de lua”, criativa em excesso... Filipa (Claudia Abreu) viveu com vários estigmas durante a vida, alternando episódios de euforia com os de profunda tristeza. Ao finalmente procurar ajuda profissional, a personagem recebeu o diagnóstico de Transtorno Afetivo Bipolar (TAB). Com terapia e medicação adequadas, ela tenta se manter firme na corda bamba de suas emoções, o que nem sempre é possível. Claudia Abreu dá show nas sequências de surto, mas também emociona quando exibe os momentos de maior fragilidade de Filipa.
Corrupção policial

Idealista e cheio de esperança de mudar o mundo, Marlon (Humberto Morais) sempre teve o sonho de ser policial, mas isso virou pesadelo em seu início na corporação. Logo nas primeiras ocorrências, deparou com abusos de autoridade, violência e casos de corrupção entre os colegas. Ao denunciar as coisas erradas que viu, acabou sendo alvo de represálias e até de uma tentativa de homicídio. Aos poucos, o rapaz vem se desiludindo e percebendo que certas coisas nunca irão mudar.
Vida depois da prisão

No passado, Ryan (L7nnon) se envolveu com o tráfico de drogas, mas estava decidido a largar a vida de crime. Só que, no dia em que foi até a “quebrada” dizer que ia sair do movimento, uma batida policial virou sua vida de cabeça pra baixo. Preso, cumpriu pena de sete anos, o que o fez perder o amor de Kamila e o convívio com o filho, Dedé (Lorenzo Reis). Graças ao advogado Yuri (Jean Paulo Campos), Ryan está em liberdade, mas há algumas amarras que o impedem de seguir em frente. Além de precisar pagar a dívida do irmão com os criminosos, ele enfrenta o preconceito da sociedade, maior rival de quem busca a ressocialização.
Burnout

A tal estafa ou esgotamento mental que costumamos associar ao excesso de trabalho não acontece só na vida profissional. Stephany (Nikolly Fernandes) é estudante de Enfermagem e lida com a pressão de dar o melhor de si nos estudos. Porém, a jovem descobriu que a vida acadêmica também adoece, e foi diagnosticada com burnout. Depois do susto, ela decidiu pegar mais leve, e contou com o apoio da família para cuidar melhor da própria saúde.