Gente como a gente
Em Cachoeirinha, jovens miram um futuro melhor com arco e flecha
Projeto social é único do Estado que treina a modalidade com crianças
Considerado um esporte elitista em função do alto valor do material, o tiro com arco está ao acesso em Cachoeirinha por no máximo R$ 5 – para a maioria é gratuito. Isso por meio do projeto Alvo no Futuro, que atende mais de 40 crianças e adolescentes da cidade. Além do acesso à modalidade, os alunos também ganham em "convivência e fortalecimento social", destaca o professor Cristiano Zarichta.
– Por si só esse esporte já ensina às crianças a tolerarem suas próprias frustrações e estimula a concentração e o foco. Mas eu procuro trocar uma ideia com as crianças todos os dias, para passar orientações morais – conta Zarichta, que é um dos idealizadores do projeto.
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Benefícios
E o recado parece ter entrado bem na cabeça da gurizada, que é encaminhada ao projeto pelos Centros de Referência em Assistência Social (Cras) do município – a prefeitura é uma das responsáveis pela iniciativa. Um dos alunos, Eduardo Almeida de Abreu, 12 anos, destaca que as aulas o tornaram "uma boa pessoa".
– O professor Cristiano sempre nos ensina a não bagunçar na rua. Eu mesmo melhorei muito no respeito aos outros – conta.
Outros benefícios das aulas também atraem os jovens.
– Venho aqui três vezes por semana. É muito bom ficar ao ar livre com os amigos – acrescentou Alécio Morais Bokorny, 14 anos.
Formação de talentos
Além de ajudar na formação de cidadãos, o projeto também busca novos talentos da modalidade tão pouco difundida no país – o Alvo no Futuro, por exemplo, é o único do Estado a trabalhar o esporte com crianças.
– Nosso objetivo também é formar atletas de alto rendimento – acrescenta Zarichta.
Como esse é um dos focos da iniciativa, ela contou com o apoio da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo, que cedeu os materiais.
E essa meta parece já dar resultado. Em menos de três anos de projeto, o Alvo no Futuro já conseguiu a classificar alunos para o Campeonato Brasileiro de Base, que será em Campinas-SP.
– Agora estamos atrás do dinheiro para viajar. Precisamos de quase R$ 17 mil e não temos nem mil ainda – lamenta o professor.
*Diário Gaúcho