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Hora de quebrar o silêncio sobre tiroteio em boate de Porto Alegre

Polícia corre atrás de testemunhas e vítimas do tiroteio na Stuttgart. Local teria sido palco de disputa entre comandados de distribuidores de drogas

05/11/2014 - 07h09min

Atualizada em: 05/11/2014 - 07h09min


Carlos Macedo / Agencia RBS
Tiroteio em danceteria da Capital fez uma vítima e muitos feridos

Foi ouvida na tarde desta terça-feira, pela 2ª DHPP, a primeira testemunha do tiroteio que deixou um morto e 16 pessoas feridas segunda-feira de madrugada, na Stuttgart Danceteria, no Bairro Santana, em Porto Alegre. Seria a dona do carro onde estavam os cinco homens presos depois da troca de tiros. A mulher alegou que emprestou o veículo a um deles, na véspera, e não foi na festa.

O primeiro desafio da polícia está em determinar a participação de cada uma das pessoas feridas na cena do crime. E, principalmente, em quebrar o silêncio de todos, que temem ser envolvidos no que se acredita ter sido um confronto entre gangues de tráfico rivais.

- Ainda é cedo para precisar se o confronto foi decorrente de uma rivalidade própria do tráfico ou se foi resultado de uma desavença no ambiente dessa e de outras festas anteriores. Primeiro, queremos determinar exatamente quais pessoas estavam envolvidas no tiroteio - afirma o delegado Filipe Bringhenti.

Gangues se enfrentam em danceteria de Porto Alegre
Casa noturna onde aconteceu tiroteio funciona por liminar
Veja imagens do tiroteio em danceteria da Capital

A principal hipótese apurada até o momento dá conta de uma disputa de "ostentação" dentro do baile, que não ligaria diretamente o tiroteio às disputas no tráfico. No entanto, os envolvidos seriam soldados de dois grandes grupos envolvidos com a distribuição de drogas na Capital. De um lado criminosos do Bairro Agronomia, na Zona Leste, do outro, criminosos da Vila Cruzeiro, na Zona Sul, supostamente aliados de traficantes do Condomínio Princesa Isabel, no Bairro Azenha.

Ainda na terça, os feridos no tiroteio já liberados pelo HPS começaram a ser intimados a depor. A intenção do delegado é também ouvir os cinco homens presos na madrugada de segunda, depois de atirarem contra PMs do 19º BPM, no Bairro Agronomia. Eles tiveram prisão preventiva decretada.

- Temos muitos indícios da participação deles no tiroteio da Stuttgart - esclarece Filipe.

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A suspeita é de que este grupo tenha iniciado os disparos, depois de buscarem armas na rua ou de serem armados por uma mulher que teria trazido pistolas em uma bolsa. A hipótese de revide por parte do grupo que seria da Vila Cruzeiro e estava em um dos camarotes ainda é apurada. A primeira informação, de que um segurança teria sido rendido pelos homens armados também é investigada pela polícia. Testemunhas informais dão conta de que havia facilidade para entrar com armas no estabelecimento.

Tiago Querubim Silveira, o Zoreia, 19 anos, foi um dos feridos e acabou morrendo no HPS. Ele era morador da Vila Cruzeiro e com antecedentes por tráfico. Até a tarde de ontem, apenas uma jovem de 22 anos, ferida a tiros, permanecia internada no HPS.

Liminar garante funcionamento

Por enquanto, não há impeditivo para que a Stuttgart Danceteria siga funcionando. No entanto, o diretor de fiscalização da Smic, Rogério Stockey, garante que o órgão municipal está pronto para fechar a casa noturna. A justificativa seria a falta de segurança no local, à exemplo da ação feita no começo do ano contra os inferninhos do Centro.

Para isso, no entanto, seria preciso uma solicitação da autoridade policial. A comandante do 1º BPM, tenente-coronel Cristine Rasbold disse que haverá reunião nesta semana entre os oficiais da unidade, que é responsável pela área. Provavelmente, será elaborado um  histórico de ocorrências policiais nos arredores da casa noturna. Essa, no entanto, não é a prioridade do batalhão.

- O primeiro passo será reforçar o policiamento e as fiscalização, com abordagens nos arredores e dentro do estabelecimento - aponta a comandante.

Ontem, os proprietários da Stuttgart divulgaram nota anunciando o fechamento temporário. O advogado Carlos Freitas afirmou que ainda é cedo para falar em falha da segurança, devido à entrada de armas no local.

Desde 2012, a Stuttgart funciona amparada por uma liminar judicial. O local não possui o alvará de localização e funcionamento. Um relatório sobre o incidente da madrugada de segunda será anexado ao processo de interdição da casa noturna. O caso aguarda julgamento na 4ª Vara da Fazenda Pública da Capital.


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