Indiciado
PM é indiciado por tortura e tentativa de homicídio em Esteio
Delegado concluiu que policial a paisana torturou e tentou matar casal em abordagem sob suspeita. Mulher permanece hospitalizada

A DP de Esteio encerrou nesta quarta-feira o inquérito que investigava supostas agressões policiais contra um casal na região central da cidade, no mês passado. O soldado Laison Vieira, 25 anos, que continua atuando no serviço de inteligência do 34º BPM, foi indiciado por tortura e tentativa de homicídio duplamente qualificado. Outros dois PMs que participaram da ação não foram indiciados.
- A versão apresentada pelo policial militar que estava à paisana é contrária em todos os aspectos às provas levantadas - afirma o delegado Leonel Baldasso.
O PM alegou que, na noite de 24 de novembro, estava de folga e à paisana, quando um casal tentou roubar seu carro, em uma sinaleira da Avenida Padre Claret. Frustrado o assalto, ele saiu em perseguição. Laison sustentava que o mecânico Claudiomiro da Silva, 35 anos, e sua esposa, Cândida Cristiana Mello, 33 anos, haviam se ferido por terem se jogado do carro em movimento. Mas os laudos periciais comprovaram que as lesões foram provocadas por espancamento e tiros.
Cândida permanece hospitalizada com fraturas na mandíbula, nariz e com traumatismo craniano. Na semana passada, Claudiomiro retornou ao hospital, mas já foi liberado.
O casal foi perseguido até a frente da casa da família, onde, de acordo com a polícia, Claudiomiro levou um tiro em uma das pernas e coronhadas na cabeça.
- Foi um caso de tortura evidente. Enquanto agredia o mecânico, o PM exigia que ele lhe entregasse a arma, inexistente - avalia o delegado.
Cândida teria entrado em casa e voltado à rua com uma garrucha antiga. Diante das agressões, teria fugido para os fundos, onde foi baleada duas vezes e também agredida.
- Os tiros partiram de cima para baixo. O policial assumiu o risco de matá-la, também sem defesa - aponta Leonel Baldasso.
No entendimento do delegado, os dois policiais de serviço que foram acionados pelo soldado ao local teriam sido induzidos ao erro. Segundo ele, agiram supondo que prenderiam um assaltante armado.
O soldado atualmente está mantido em serviços administrativos do 34º BPM. É que o inquérito policial militar (IPM) ao qual ele e os dois PMs que participaram da ação com uma viatura respondem está em andamento. Como estava de folga, se for considerado também passível de indiciamento no IPM, o soldado responderá à Justiça comum. Mas também poderá responder administrativamente, diante de um conselho de disciplina, que pode levar à expulsão da corporação.