Boletim de Ocorrência
Renato Dornelles: "Governador não conhece a realidade do Estado"
José Ivo Sartori disse, em entrevista, que a criminalidade foi reduzida, contrariando os números da própria Secretaria de Segurança Pública.
Não se trata de interpretação, governador José Ivo Sartori. Os números da própria Secretaria de Segurança Pública (SSP), divulgados na semana passada, mostraram um aumento de 35% nos casos de latrocínio no primeiro semestre de 2016, comparado a igual período do ano passado.
Aliás, pelas estatísticas da SSP, houve crescimento também nos casos de homicídios dolosos (6%), roubos (20%), roubos de veículos (16%) e extorsões mediante sequestro (67%). Ou seja: nos principais crimes em que a vida é ceifada ou gravemente ameaçada os índices apresentaram aumento.
Incompreensível que o governador, em entrevista, tenha negado essa realidade que, repito, foi apresentada pelo próprio governo. Não será com um discurso de que "diminuiu a criminalidade" – quando nas ruas e nas estatísticas se percebe o contrário – que o chefe do Executivo estadual vai devolver a tranquilidade à população.
O latrocínio que, segundo o governador, teria "diminuído bastante", ocorre a qualquer hora do dia e, cada vez mais, independentemente de local.
Em pleno domingo de Dia dos Pais, uma médica foi morta sem que sequer lhe dessem chance de mostrar que não resistiria ao assalto, às 19h, em uma movimentada esquina da Zona Norte da Capital. Meia hora depois, um porteiro foi morto, na Zona Sul, tentando defender o filho.
É preocupante, também, o fato de o crime de latrocínio ameaçar praticamente a população inteira. Embora o roubo ou a tentativa de roubo de veículos liderem as estatísticas, mortes têm ocorrido em assaltos ao comércio, a residências, em saídas de bancos, em ônibus e nas ruas, tendo principalmente dinheiro e celulares como objeto.
Com os recursos que lhes são disponibilizados, Brigada Militar e Polícia Civil têm feito o que podem. Mas, infelizmente, está longe de sequer chegar próximo ao ideal, uma vez que os números são altos e seguem crescendo.
O primeiro passo para se resolver um problema é admitir que ele existe. A partir daí, medidas devem ser pensadas e adotadas. Por isso, considero extremamente preocupante que o governador esteja vendo uma realidade bem distinta da que se percebe nas ruas e que é confirmada pelos próprios dados da SSP.