Mulher misteriosa
Loira pinta cabelo para seguir com golpe: "não houve ofertas sexuais", diz motorista
Condutor de transporte por aplicativos, Cristiano Madeira não recebeu por corrida de Gravataí a Porto Alegre
A mulher loira que engana taxistas e motoristas de aplicativos estaria agora “morena” e usando outra estratégia para a aplicação de golpes. As informações partem de uma nova vítima. Cristiano Madeira, 42 anos, diz que na última quinta-feira (11) sofreu um prejuízo de R$ 47,40 ao não receber o pagamento de uma corrida de Gravataí até a Estação Rodoviária de Porto Alegre.
Cristiano, que trabalha para dois aplicativos e mora em Gravataí, conta que na quinta-feira, após realizar três corridas, aceitou um quarto chamado, nas proximidades da fábrica da GM. No aplicativo, a passageira foi identificada como Carla e solicitou transporte até a Estação Rodoviária, no Centro Histórico de Porto Alegre, a cerca de 35 quilômetros. O pagamento seria em dinheiro.
— Ela colocou um número de casa que não existia naquela rua e, quando a encontrei, alegou que havia se enganado e nem percebido — lembra.
Papéis picados
De acordo com Cristiano, para dar mais credibilidade ao golpe, a mulher ainda simulou estar fechando o portão de uma casa. Com cerca de 1m80cm de altura, cabelos pretos, vestindo calça jeans e blusa justas e com sapatos de salto alto, ela embarcou no veículo com uma bolsa e duas sacolas de uma loja de grife.
— É como se ela tivesse saído havia pouco de um shopping — conta.
Durante o percurso, a mulher teria conversado bastante com o motorista. De acordo com Cristiano, ela “se expressa com fluência”, sem uso de gírias, “e com um sotaque do interior do Estado”.
— Ela me disse que é de Santo Ângelo (na Região das Missões) e descendente de castelhanos — lembra.
O motorista conta que ao faltar cerca de dois quilômetros para chegarem ao destino, a mulher lhe pediu que não encerrasse o aplicativo. Alegou, para isso, que iria na rodoviária pegar alguns produtos que sua irmã, que moraria em São Paulo, lhe teria enviado. Depois, seguiria até um salão de beleza, de sua propriedade, no bairro Praia de Belas.
— Ela pediu que eu esperasse por uns cinco minutos. Levou a bolsa e deixou as duas sacolas. Depois de uns 15 minutos, saí do carro e fui procurá-la. Como não encontrei, voltei para o carro e olhei o que tinha nas sacolas. Foi aí que vi que tinha caído num golpe, pois só tinha papeis picados — lembra, aos risos.
Mesmo que agora dê risadas, no dia, Cristiano ficou bastante irritado por ter sofrido o prejuízo. Em casa, comentou com o pai o que havia ocorrido:
— Foi aí que ele me disse: tu caiu no golpe da loira que saiu no jornal.
Garagem de hotel
Em situações anteriores, a mulher, com cabelo loiro, solicitou corridas até o Hotel Rodoviária, na esquina da Rua Ernesto Alves com a Avenida Voluntários da Pátria, pediu aos motoristas que aguardassem no portão da garagem do estabelecimento e sumiu sem efetuar o pagamento. Foram pelo menos nove vítimas.
Entrevista
Com bom humor, o motorista Cristiano Madeira, 42 anos, que foi vítima da mulher que aplica golpes contra taxistas e condutores de transporte por aplicativos, na quinta-feira da semana passada (11), contou à reportagem detalhes da viagem realizada de Gravataí à Estação Rodoviária de Porto Alegre. Antes descrita como loira, ela agora estaria com cabelos pretos.
Em algum momento na viagem o senhor desconfiou de golpe?
Não. Ela tinha uma boa lábia, conversava bastante e passava credibilidade. Não dava mesmo para desconfiar.
O senhor acredita que seja a mesma mulher loira que vem aplicando golpes. Mas o senhor diz que esta tem cabelo preto.
Mas dá para ver que é pintura. Acho que ela pintou o cabelo por causa das notícias que têm saído no jornal.
Além de cabelo preto, como o senhor a descreve?
É alta, bonita, vistosa. Se veste bem. Tem a pele bem clara. E tem olhos verdes, se é que não usa lentes.
Ela em algum momento falou sobre sexo?
Não. Pelo menos para mim, não houve qualquer oferta de favores sexuais.
O senhor registrou ocorrência na polícia?
Não registrei, porque a gente fica com vergonha. Como um homem como eu, que já não é guri, pode cair num golpe assim?
Passados alguns dias, o que o senhor pensa sobre isso?
Graças a Deus não foi um assalto e nem houve violência, mas, pelo visto, essa mulher tem feito corridas à vontade sem colocar a mão no bolso ou abrir a bolsa (risos).