Crime Organizado
Líder comunitário era um dos alvos de operação policial na Vila Nazaré e está foragido
Para investigação, Daniel Alex da Silva Dutra e mais cinco pessoas executaram dois irmãos e atuam no tráfico de drogas na Zona Norte
Entre os alvos da Operação Renitência, realizada pela Polícia Civil nesta quinta-feira (22), está um homem que se identifica como líder comunitário e que é apontado por moradores como sendo quem faria ameaças por ordem dos patrões do tráfico de drogas.
Daniel Alex da Silva Dutra, que nos últimos meses participou ativamente de reuniões de moradores e que costumava proibir agentes da prefeitura de fazerem o cadastramento de famílias que precisam ser transferidas, está com prisão preventiva decretada e é considerado foragido da Justiça.
Ele e os outros cinco investigados na operação - Neri José Soares (considerado um dos maiores revendedores de maconha do Paraguai para o RS), Clóvis Roberto Oliveira da Silveira, Claudemir Silveira, Jonatas Barbosa e Luciano da Silva Feijó - foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio, coação no curso do processo e organização criminosa.
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A denúncia foi acatada pela Justiça e eles são réus no processo criminal. Na manhã desta quinta-feira, durante operação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa e do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), Jonatas e Luciano foram presos. Os demais são considerados foragidos.
— O destaque desta operação é que conseguimos atingir o comando que atua há décadas na região. Essas execuções foram à luz do dia e a prova testemunhal inexistiu. O Alex, travestido de líder comunitário, impõe esse medo. Agora, temos provas contra essas pessoas — disse o delegado de Homicídios Cassiano Cabral.
A investigação que culminou na denúncia do MP começou a partir da execução de dois irmãos, ocorrida em abril do ano passado, na Vila Nazaré. Gerson e Jeverson Orestes Medeiros foram mortos diante de testemunhas, à luz do dia, com mais de cem tiros. O motivo seria por estarem fazendo "carreira solo" no tráfico de drogas, ou seja, agindo fora da rede comandada por Neri.
Ao longo da apuração, testemunhas foram ameaçadas por traficantes, o que dificultou a investigação. Uma testemunha contou ter sido avisada de que seria "picada viva" se falasse qualquer coisa à polícia. Neri, conhecido por Nazaré ou Barão da Maconha, é apontado por autoridades como o líder da rede criminosa e mandante da dupla execução. Os demais teriam tido participação na organização e execução da emboscada.
Conforme denúncia do MP, os acusados, além do cometimento do homicídios dos irmãos, "se associaram para a prática de outros delitos tais como: tráfico de drogas, tortura, porte ilegal de arma de fogo e corrupção de menores".
Quanto à necessidade de decretação da prisão preventiva dos cinco réus, o promotor Luiz Eduardo de Oliveira Azevedo, da 2ª Vara do Júri de Porto Alegre, justificou: "A prisão cautelar é imprescindível, tendo em vista a manifesta necessidade de se garantir a ordem pública, face à contumácia com que eles desrespeitam as leis. Ademais, não remanescem dúvidas de que, em liberdade, certamente darão continuidade às suas carreiras criminosas".
— Mais de 90% dos homicídios hoje estão relacionados ao tráfico de drogas. E a população da periferia vive amedrontada — destacou o promotor Azevedo.
Em julho, GaúchaZH revelou áudios em que moradores pedem socorro e ajuda para serem logo transferidos da vila por não suportarem mais ameaças de traficantes. As famílias da Nazaré estão em processo de remoção porque a área será usada para ampliação da pista do aeroporto Salgado Filho.