Violência em Porto Alegre
Polícia diz que depoimentos de envolvidos em crime na Orla apontam para provocações entre grupos de jovens
Dois suspeitos se apresentaram na delegacia e, segundo delegada, admitiram que estavam na confusão
Em depoimento à 2ª Delegacia de Homicídios, um adolescente e um homem que admitiram participação na briga que resultou na morte de Haderson Júnior Martins Floriano, 17 anos, deram detalhes sobre como começou a confusão. Haderson foi assassinado com golpes de garrafa na orla do Guaíba, no último domingo. Ambos confessaram que estavam na troca de chutes e socos, mas negaram a autoria do golpe que resultou na morte do rapaz.
Questionados, os envolvidos afirmaram que a confusão começou quando parte dos frequentadores gritou o nome de uma facção criminosa que atua no tráfico de drogas no Rio Grande do Sul. Outras pessoas presentes teriam dito o nome de outro grupo, que rivaliza com os primeiros o negócio ilegal da venda de entorpecentes.
A delegada Roberta Bertoldo, que está à frente da investigação, explica que a aglomeração na orla "não era encontro de facção e nem prévio acordo para atacar alguém". Para ela, os envolvidos estavam sob efeito de drogas e sequer é possível ter certeza, neste momento, se de fato eles pertenciam a algum desses grupos criminosos. A vítima não tinha antecedentes criminais ou passagens pela polícia.
Os dois envolvidos se apresentaram voluntariamente ainda na segunda-feira (30), horas após o crime. Sobre o golpe fatal, os dois ouvidos se acusaram mutuamente: um disse que o outro foi o autor da garrafada que atingiu o peito da vítima. Sem ter certeza, a polícia pretende analisar com mais cuidado as imagens registradas por câmeras de celulares de outras pessoas que estavam no local.
A delegada explicou que não havia elementos para prisão e não dá detalhes sobre eventuais pedidos a serem feitos ao Judiciário. A polícia também tenta identificar os demais participantes no crime. Inicialmente, a delegacia chegou a informar que eram três homens que foram envolvidos e identificados, mas agora diz que tem certeza apenas da participação de um homem e um adolescente.
Haderson foi enterrado na manhã desta terça-feira (1º) no Cemitério São Miguel e Almas, na Capital.
O crime
O assassinato ocorreu na noite de domingo (29), momento em que havia um grande número de frequentadores no local. As imagens de vídeos feitos por frequentadores mostram diversos jovens envolvidos na troca de socos e chutes. Nos vídeos, é perceptível a voz de pessoas que não estão envolvidas incentivando o ataque.
As pontas de vidro atingiram o coração do adolescente, que foi socorrido e encaminhado ao Hospital de Pronto Socorro (HPS), onde morreu, já durante a madrugada de segunda (30).
De acordo com a Guarda Municipal, que atendeu a ocorrência, as câmeras de videomonitoramento da orla não registraram imagens da briga, pois estavam direcionadas para outro ângulo de monitoramento.
A Secretaria de Segurança Pública de Porto Alegre diz que entre 25 mil e 30 mil pessoas frequentam a orla do Guaíba a cada final de semana.
A reação da polícia
A Brigada Militar (BM) prometeu reforçar o policiamento na orla do Guaíba, especialmente aos finais de semana. Segundo o tenente-coronel Luciano Moritz Bueno, comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, a ideia é estender até meia-noite o reforço de policiais no trecho, assim como ocorreu no ano passado após outra confusão.
— Não tínhamos notícias de brigas dessa magnitude desde o verão passado. Obviamente, faremos reformulação na estratégia de emprego de policiamento no entorno da orla. Lembrando que, na noite de ontem (domingo), a BM contava com duas viaturas específicas no bairro Cidade Baixa justamente para trazer tranquilidade. Esse público que estava lá migrou — declarou.
O secretário municipal da Segurança, Rafão Oliveira, também prometeu reforço no número de guardas municipais, em um ponto turístico que reúne de 5 a 25 mil pessoas nos finais de semana. Na segunda-feira (30), em entrevista para a Rádio Gaúcha, ele se mostrou preocupado com a presença de criminosos na região:
— O que nós não podemos é deixar que alguma facção criminosa, ou bandidos, dominem aquele território.