Papo Reto
Manoel Soares e a "sevirologia"
Colunista escreve para o Diário Gaúcho aos sábados
Sabe aqueles malucos que metem a cara e montam um negócio na quebrada? Pois é, esses, muitas vezes não compreendidos, são o que hoje chamamos de empreendedores, uma galera que multiplica a partir do zero. Alguns trabalham de carteira assinada e quando chegam em casa ainda têm força para tocar o negócio da família com o sonho que um dia possam viver só do seu negócio. Alguns lutam a vida inteira com ideias muito legais que poderiam ter revolucionado o mercado e mudado a vida da família, mas o que não tinha acontecido ainda era uma ponte real que fizesse com que quem pudesse impulsionar a ideia se encontrasse com o corajoso empreendedor da quebrada.
Foi aí que Celso Athayde, fundador da Cufa, criou uma parada que eu curti muito, a ExpoFavela. Desde sexta-feira (1°), a PUC está recebendo a ExpoFavela, um evento que circulou o Brasil inteiro e tem como objetivo mostrar a potência empreendedora das favelas gaúchas. Eu, particularmente, fiquei feliz, porque as quebradas criam soluções quem nem sempre são reconhecidas pelas outras camadas sociais. Somos especialistas na arte de se virar na vida, a famosa “sevirologia” diária, aquela ciência mágica na qual as nossas coroas saíam de casa sem nada e voltavam com uma sacolinha cheia.
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Só que, agora, a galera aprendeu a levar essa pegada diferenciada para os negócios. O que faltava era uma ponte entre essas iniciativas e as grandes empresas, e foi nessa pegada que chegou a ExpoFavela: chama os maiores empresários para conhecer as iniciativas mais inovadoras vindas das favelas. O asfalto entra com grana e a favela com suas especialidades, e nessa hora a magia acontece. Ao todo, pelo que a galera me passou, foram mais de 90 expositores, mais de 200 horas de atividades e palestras, fora as pontes de negócio que estão sendo plantadas nesses encontros.