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Fotógrafa registra cães de abrigo em São Leopoldo

Mariana Jesus decidiu utilizar de sua formação para ajudar os bichinhos a reencontrarem seus tutores

31/05/2024 - 16h53min

Atualizada em: 31/05/2024 - 17h21min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Arquivo pessoal / Reprodução
Mariana já tirou mais de mil fotografias dos animais.

Foi fazendo trabalho voluntário no abrigo de animais do Carrefour/BIG, em São Leopoldo, que a fotógrafa Mariana Jesus, 32 anos, teve a ideia de utilizar sua profissão para beneficiar a comunidade. Apesar de não ter nascido no Rio Grande do Sul, o coração baiano de Mariana bate firme pelos gaúchos e a vontade de ajudar diante da tragédia que o Estado está passando fez com que ela fotografasse quase mil cães perdidos para que eles reencontrem seus tutores. 

Desde que começaram as inundações, relatos de pessoas que perderam seus pets durante os resgates são compartilhados nas redes sociais. Junto deles, iniciativas voluntárias diversas, como o site PetsRS, tentam ajudar nos reencontros. Mariana foi uma das que embarcou nessa jornada e divulgou, em seu perfil no Instagram, as fotos que tirou dos animais: 

– Fiquei pensando em como que eu podia ajudar. Como é que eu faço para que os tutores, que não podem, por exemplo, chegar até o BIG, visualizem esses bichos. Daí, eu pensei: “Acho que eu vou fotografar eles e vou tentar viralizar isso o máximo possível, até pra ajudar numa adoção, pra um lar temporário”. 

Os retratos também foram divulgados pela Secretaria Municipal de Proteção Animal de São Leopoldo (Sempa) e pela prefeitura do município, o que ajudou a ampliar o alcance da iniciativa. Para ver as imagens, acesse o link: bit.ly/fotosabrigobig

Segundo Mariana, depois de disponibilizar o link de compartilhamento e publicar um reels com algumas fotos, sua caixa de mensagens ficou lotada de pessoas querendo mais informações dos animais e informando que tinham encontrado seus pets. 

– Meu Instagram não para. Um monte de gente manda: “Você viu esse cachorro?” ou já pega a foto e fala: “Esse cachorro aqui é meu, eu não estou conseguindo ir lá no BIG, mas eu quero identificar que é meu, eu tenho certeza” – relata a fotógrafa. 

Mariana já foi duas vezes realizar esse trabalho no abrigo, o que resultou em quase mil fotografias. No primeiro dia, ela conta que não colocou os dados da ficha dos animais junto das imagens, o que gerou algumas dúvidas sobre características específicas dos cães nas mensagens que recebeu. Então, na segunda vez em que esteve no BIG, também fotografou as fichas de identificação dos bichinhos e disponibilizou no mesmo link em que estão todas as imagens.

A arte

Para muitos a arte representa resistência em tempos difíceis e, para Mariana, a fotografia também ajuda na construção da cidadania. A fotógrafa veio de Salvador, na Bahia, até Porto Alegre, para ministrar oficinas de fotografia com câmeras feitas de latas de sardinha para pessoas em situação de rua na Associação Cultural Beneficente Ilê Mulher. Atualmente, mora em São Leopoldo e participa do projeto Guardiões da Água, do Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae), da prefeitura do município. A ação realiza oficinas de educação comunitária para conscientizar a população sobre temas ambientais. 

Circundada por iniciativas sociais desde que chegou aqui, a fotógrafa encontrou no projeto de tirar foto dos animais perdidos uma forma de sensibilizar as pessoas ao olharem as imagens dos bichinhos. 

– Quando eu fiz as fotos, eu sinceramente não pensei no que iria dar. Eu não pensei se as pessoas iam ver as fotos e gostar do meu trabalho. Eu estava pensando que as pessoas precisam ver esses bichos. Por que eles não podem ganhar um lar quentinho? – descreve Mariana

O cão Robson

Arquivo pessoal / Reprodução
Robson foi adotado depois de se perder na enchente.

Entre diversas histórias, teve uma que marcou Mariana. Enquanto estava no abrigo, a fotógrafa presenciou a chegada de Carolina Estrada, professora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Paulo Becker, em busca de um animal específico. O pet em questão era Robson, cãozinho comunitário da instituição. No local, ele criou um vínculo com os alunos. Porém, com a enchente, se perdeu. Quando Carolina recebeu uma fotografia do pet no grupo da escola, foi até o BIG buscá-lo. No abrigo, procurou, junto com Mariana, o cãozinho e, quando o encontrou, o adotou. 

– Ele é um mimoso. É um alento no meio de tanta dor, deixa nosso coração quentinho. É uma forma de fazer o bem e nos fazer feliz também – finaliza Carolina.

Produção: Elisa Heinski


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