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Transplante de órgãos

ONG que incentiva doação de órgãos inaugura nova pousada em Porto Alegre

Local oferece hospedagem gratuita a pacientes e acompanhantes de baixa renda antes e após o transplante. Nova sede poderá hospedar até 32 pessoas 

23/10/2024 - 16h17min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Renan Mattos / Agencia RBS
Lucia (E), Noemia (C) e Clarisa (D), representantes da entidade, se orgulham da ampla rede de solidariedade que ajudou a construir a nova sede.

Caixas empilhadas, sacolas amontoadas e espaços vazios onde antes ficavam móveis entregam: a ONG Viavida está de mudança. A nova sede foi inaugurada na semana passada, no bairro Petrópolis, na capital. 

Desde 2000, a Viavida promove ações para conscientização sobre transplante e doação de órgãos no Estado. Além disso, administra a Pousada Solidariedade, que hospeda gratuitamente pacientes e acompanhantes pré e pós-transplante. 

O prédio antigo ficava próximo. Porém, além de ser alugado, tinha capacidade para cerca de 20 pessoas e carecia de acessibilidade completa. A mudança definitiva deve ocorrer até o fim do mês. O novo prédio da ONG foi doado em 2021 pela prefeitura da Capital, como contou o DG em dezembro daquele ano. 

Agora, a pousada poderá hospedar até 32 pessoas em seus quartos. O novo espaço tem sala de convivência, refeitório, cozinha, salas de reunião, recreação infantil e de apoio psicológico. Lucia Elbern, presidente da ONG, comemora a inauguração. 

— Ficou tudo muito lindo, todo mundo que esteve na inauguração elogiou muito e nós agradecemos demais todas as pessoas que colaboraram com isso

Quem entra na nova sede logo percebe a extensão da rede de solidariedade que sustenta as ações da Viavida. Os principais apoiadores da obra tiveram seus nomes estampados nas folhas de uma árvore colada na parede. 

Para a presidente Lucia, a ONG tem um significado especial. Em 1999, seu filho foi diagnosticado com insuficiência renal e entrou para a fila de transplantes. 


— Eu fiquei muito preocupada porque meu filho ia passar a adolescência na fila. Na época, tinha poucos doadores. Daí que surgiu a ideia de fazer um trabalho de informação e educação para a sociedade sobre o processo de transplante. 

No começo eram panfletagens no sinal, palestras em escolas e empresas. Até a criação da pousada, em janeiro de 2004. Hoje, são cerca de 70 voluntários e 12 funcionários. Tudo mantido com doações.

Auxílio gratuito

A instituição estima que a Pousada Solidariedade já tenha hospedado mais de 8 mil pessoas. Atualmente, cerca de 10 pacientes e acompanhantes estão na casa. 

Uma delas é Elisa Manuelly Silva Martins, que comemorava o aniversário de 10 anos no dia que a reportagem visitou o espaço. A pequena é de Cruzeiro do Sul, no Acre. Em 2022, a família descobriu que ela tinha apenas um rim e que precisaria de um transplante. 

— Foi um choque, porque ela nunca apresentou sintomas de nada. Uma vez, ela teve uma gripe e fizeram um exame de ureia e creatinina que vieram muito alteradas. Foi aí que a gente descobriu a insuficiência renal dela — relata a mãe, Camila Oliveira Silva, 34

Do Acre, Elisa foi encaminhada para Porto Alegre, já que a Capital é referência em transplantes no Brasil. Desde janeiro, a família está hospedada na pousada, que encontrou com ajuda da assistência social do hospital transplantador. 

— Muitos moradores que estão em lista de espera ou que já foram transplantados dependem dessa casa. Aqui mesmo é super tranquilo e legal. Eu não tenho o que reclamar daqui, só tenho a agradecer — diz Camila.

O transplante de Elisa foi realizada em 25 de abril, no Hospital Santo Antônio, da Santa Casa, a partir da doação do próprio pai. Da cirurgia, Elisa diz lembrar de pouca coisa.

Minha mãe diz que demorou, mas pra mim foi rápido. Eu só dormi. Depois é que eu senti muita dor — conta.

Transplantes

O procedimento de Elisa foi um dos 1.433 transplantes realizados até a última semana no Rio Grande do Sul em 2024

De acordo com os dados da Secretaria Estadual de Saúde, outras 2.562 pessoas aguardavam na fila. A maior parte espera por um novo rim (1.211). Em seguida, vêm córnea (1.104), fígado (159), pulmão (73) e coração (15). A recusa da família de possíveis doadores é responsável por 41% dos casos de não efetivação de transplantes no RS. 

Desde abril, é possível deixar registrado o interesse em ser doador de órgãos por meio da Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (Aedo). Contudo, a efetivação ainda precisa de autorização da família.

Saiba mais

/// Conheça o site da Viavida e saiba como ajudar. 

/// Visite o site com mais informações sobre a Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos.


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