Seu problema é nosso
Creche fechada em Cachoeirinha obriga mães a deixarem o emprego ou pagarem escola particular
Secretaria Municipal da Educação informou que está buscando uma alternativa para as 40 crianças prejudicadas
Um mês após sua história ter sido contada no Diário Gaúcho, a situação da creche Averonice, localizada no Bairro Eunice Nova, em Cachoeirinha, segue igual. Quarenta crianças que estão matriculadas na instituição desde o ano passado seguem sem estudar, pois a escolinha está fechada por falta de documentação jurídica.
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No dia 7 de fevereiro, a creche deveria reabrir – após as férias de verão. Para a surpresa das famílias que foram levar seus filhos na manhã daquela terça-feira, a escolinha estava fechada. Sem ter com quem deixar o pequeno Lorenzo, três anos, Patricia Portela, 27 anos, foi obrigada a deixar o emprego como vendedora para ficar em casa com o filho. Atualmente, está desempregada.
– Não consegui realocação para ele em outra creche, e uma particular é muito cara, não tenho condições de pagar. Tive que parar de trabalhar para cuidar dele – conta ela.
Mães reclamaram
Desde que o problema começou a ser acompanhado, cerca de 15 mães entraram em contato com o jornal para pedir ajuda. Na primeira reportagem, a secretária municipal da Educação Rosa Maria Lippert disse que a direção da Averonice deveria ter entregue a documentação até o dia 20 de janeiro. Sem ela, a instituição foi proibida de abrir.
Além disso, Rosa informou que existe uma lista de espera para a educação infantil em Cachoeirinha e que, por isso, não há como encaminhar os alunos para outras escolinhas.
Segundo a agente de turismo Cintia D’ávila, 37 anos, as famílias tiveram uma reunião com a Secretaria da Educação, que prometeu dar uma solução. Entretanto, até o momento, nada foi resolvido. Mãe da Manuela, três anos, Cintia está pagando R$ 460 por mês para uma pessoa cuidar em casa da menina.
– É um valor que pesa no orçamento, pois não estávamos preparados. E ela tem direito a vaga no sistema público – diz Cintia.
"Não posso parar"
Assim como ela, a vendedora Giedre Andorffy da Cunha Borges, 23 anos, para não perder o emprego, está gastando um valor maior do que pode pagar. Giedre é mãe do Bernardo, que também tem três anos. Sem perspectiva do município, precisou matricular o filho em uma creche particular:
– Não posso parar de trabalhar, estou gastando R$ 590 por mês para poder manter o Bernardo na escola e não ficar sem emprego.
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Crianças seguirão sem atendimento
A secretária da Educação de Cachoeirinha, Rosa Maria Lippert, informou por meio da assessoria de comunicação da prefeitura que a pasta está buscando uma alternativa para o atendimento das cerca de 40 crianças que já estavam matriculadas na Averonice. Isso porque o responsável pela associação proprietária da creche segue sem apresentar a documentação necessária para manter o convênio com o município.
A alternativa buscada pela prefeitura é estabelecer convênio com outra instituição de ensino.
Avaliação
Os contatos e análises estão sendo realizados, mas não há prazo para que outro estabelecimento seja escolhido e passe a atender as crianças que ficaram sem escola. Essa escolha está sendo analisada pela Superintendência de Compras, setor ligado à Secretaria de Administração do município que faz a avaliação jurídica sobre as candidatas aptas a serem conveniadas.
Produção: Shállon Teobaldo