Seu problema é nosso
Gestante sofre em busca de vacinas em Cachoeirinha
Grávida de cinco meses, Andressa Custódio buscava a aplicação de vacinas desde a sexta (15)
A operadora de caixa Andressa Fagundes Custódio, 25 anos, se surpreendeu ao ter seu atendimento negado na ESF Jardim Betânia, no bairro de mesmo nome, em Cachoeirinha, na terça-feira passada (19). Segundo ela, os funcionários estavam fazendo uma festa de despedida para um servidor da unidade.
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Grávida de cinco meses, ela buscava a aplicação de vacinas desde a sexta, 15. Na primeira tentativa, diz não ter sido atendida devido à falta de um profissional que pudesse fazer a aplicação. Retornou na segunda-feira passada, mas a fila de espera era grande, e ela já havia faltado ao trabalho anteriormente para ir ao local e não pôde esperar.
Na terça-feira seguinte, quando chegou cedo ao posto, a operadora de caixa ouviu novamente a informação de que não haveria funcionário para aplicar as vacinas. O atendente mandou ela retornar no final da tarde, antes das 16h30min — o posto funciona até as 17h.
Andressa saiu mais cedo do serviço para estar a tempo na unidade, onde chegou pouco depois das 16h. Ele foi cadastrada e aguardava o chamado. Segundo ela, havia só mais uma pessoa esperando atendimento. Porém, Andressa conta que a técnica de enfermagem que seria responsável por aplicar as duas imunizações — contra febre amarela e a de 20 semanas de gestação — foi até onde ela estava e, aos gritos, informou que não atenderia a moradora do bairro Jardim Betânia, ordenando que retornasse em outro dia.
Confraternização
Chegando em casa, a gestante entrou em uma página de moradores do bairro no Facebook para reclamar da situação, mas se surpreendeu ao ver outros protestos sobre o atendimento na ESF Jardim Betânia. Nas discussões, ela viu imagens compartilhadas por membros do grupo que mostravam os funcionários fazendo uma confraternização na unidade de saúde.
— Eles nunca atendem até as 17h, que deveria ser o horário do posto. E, agora, a gente vê que eles usam o local em que deveriam estar trabalhando para fazer festinhas — protesta a gestante.
Andressa procurou a Secretaria de Saúde do município para relatar o problema. Na quinta-feira passada (21), ela foi chamada ao posto do Jardim Betânia e, acompanhada por um membro da secretaria, recebeu as vacinas.
Mais reclamações
O problema com atendimento na ESF Jardim Betânia não é recente, segundo a decoradora de festas Rita Adrieli Duarte, 25 anos. No ano passado, ela já teve problemas no local.
Enquanto seu filho estava sendo atendido, uma técnica de enfermagem — que seria a mesma que se negou a atender Andressa — "gritou com a criança e a segurou com força para que ela ficasse quieta na hora da retirada dos pontos", conforme relatou a mãe.
Rita pediu para que outra pessoa atendesse seu filho, e o desejo foi atendido. Mas, mesmo assim, desde então, a decoradora não voltou mais ao local para procurar nenhum outro tipo de atendimento.
Confraternização "foi no intervalo"
O secretário de Saúde de Cachoeirinha, Paulo Abrão, negou que a festa tenha ocorrido no fim da tarde. Segundo ele, o evento de despedida aconteceu dentro do horário de almoço, entre as 12h e as 13h, e os servidores alegaram terem publicado as fotos mais tarde.
Segundo ele, no intervalo, são permitidas as confraternizações. O secretário ainda disse que, apesar de a unidade funcionar até as 17h, o horário de vacinas é até as 16h30min. Segundo Paulo, Andressa não foi atendida porque sua imunização ultrapassaria este horário.
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O responsável pela saúde no município explicou que os servidores da ESF Jardim Betânia estão sendo chamados individualmente para conversar. A prefeitura está decidindo se tem provas suficientes para instaurar um processo administrativo.
A técnica de enfermagem que teria gritado com Andressa também já recebeu orientações para redobrar o cuidado no trato com os pacientes.
*Produção: Alberi Neto