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Seu Problema é Nosso

Após reportagem, doações de material escolar chegam a comunidades

Itens ainda podem ser doados até o início de março

24/02/2022 - 11h21min


Mateus Bruxel / Agencia RBS
Paulo pretende, com o trabalho de ONG, atender 150 crianças

Em 18 de fevereiro, uma reportagem do Diário Gaúcho contou a história de iniciativas de Porto Alegre e da Região Metropolitana que organizaram campanhas de arrecadação de material escolar. Os produtos são doados a estudantes de diferentes faixas etárias, que não tiveram condições de adquiri-los para o retorno às aulas – em especial nesta semana, com o recomeço dos estudos na rede estadual. 

Na Vila Amazônia, bairro Rubem Berta, zona norte da Capital, cerca de 100 crianças e adolescentes esperavam pelas doações. Agora, o número baixou para 70. Segundo a líder comunitária Paola Vieira, 29 anos, após a reportagem, quatro pessoas entraram em contato para contribuir. Ela já conseguiu reunir itens para compor 30 kits. A voluntária aguarda agora a chegada de uma nova remessa, marcada para hoje:

– Foram pessoas desconhecidas, amigos, vizinhos. O pouco que vem faz muita diferença.

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Para tentar atender a todos os pedidos, Paola aceita a doação de materiais usados, mas em bom estado. A voluntária pretende fazer uma triagem e, após isso, encaminhá-los aos estudantes. Os itens mais necessários são cadernos, borrachas, lápis de escrever, apontadores e canetas. A meta é que sejam arrecadados até semana que vem.

Acaso

Uma das pessoas que contribuiu com a campanha, e prefere não ser identificada, foi uma advogada de 39 anos, moradora do bairro Moinhos de Vento, na Capital. Ela conta que há alguns anos colabora com instituições sociais por meio da doação de materiais escolares. Ela arrecada, com amigos e conhecidos, itens usados e os distribui. Neste ano, obteve um volume maior de doações, o que possibilitou a distribuição para outras instituições:

– Eu vi a notícia em GZH e fiz o contato com a Paola. Foi engraçado porque eu realmente estava procurando alguém que precisasse.

Serão doados livros, cadernos, canetas, lápis, borrachas, canetinhas, apontadores. Ela também pretende doar calçados infantis que foram arrecadados em outra ocasião. 

A advogada explica que este movimento é muito importante não apenas para aproveitar o material que a criança utiliza somente por um ou dois anos, mas também para que os próprios pequenos conheçam o valor das boas ações.

– Quando temos filhos, a gente acaba também querendo ensinar esses valores para eles – destaca.

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Alívio

Uma das famílias contempladas foi a da vendedora Michelle Santos de Souza, 34 anos. Ela é mãe de Guilherme, nove anos, Marcos, 12 anos, e Erick, 16 anos. Os três estudam e, graças às doações, terão materiais para começar o ano. 

Michelle conta que os últimos meses têm sido complicados para a família. Seu esposo, Maurício Borella Mello, 33 anos, trabalhava como vendedor, mas atualmente está desempregado. Além disso, ela está fazendo tratamento contra um câncer de mama. Por esse motivo, precisou se afastar do emprego:

– Recebo o auxílio-doença, mas as coisas estão tão caras que só conseguimos comprar comida e pagar algumas contas. Essa ajuda veio na hora certa.

Tímido e com voz calma, Guilherme fez questão de agradecer aos doadores (mesmo sem conhecê-los):

– Agradeço muito pelos materiais. Não vejo a hora de poder usá-los.

COLABORE
/// Para doar, entre em contato com Paola pelo telefone (51) 98946-7529.

Mateus Bruxel / Agencia RBS
Kits organizados pela ONG Juntos Somos Mais fortes começam a ser entregues nas próximas semanas

Campanha segue com arrecadações

A ONG Juntos Somos Mais Forte acompanha 28 comunidades de Porto Alegre. Em sua campanha de arrecadação de material escolar, o grupo busca doações para atender duas das regiões onde atua. Após a publicação no Diário, algumas pessoas procuraram a iniciativa para apoiá-la. Com a ajuda, foi possível criar 25 kits, que se somaram a outros 10 que já possuía. Assim, das 150 crianças que têm necessidade dos itens, 35 já poderão ser atendidas pela ação.

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O presidente da ONG, Paulo Barbosa, 44 anos, explica que, mesmo que ainda não tenha batido a meta de arrecadação, a ideia é iniciar a distribuição dos kits já semana que vem.

– Das pessoas que nos procuraram, três nos disseram que já tinham vontade de ajudar com doações, mas não sabiam como – conta Paulo, ao comentar que os doadores também têm compartilhado a ação entre suas redes para buscar colaboradores.

Moradora do bairro Rubem Berta, Júlia Grazielle Paim, 41 anos, é uma das mães que receberá as doações. Sua filha de cinco anos começa neste ano na escola. Mas, sem condições de comprar os itens básicos para as aulas, precisou procurar ajuda.

– Nossa comunidade é bem carente. Muita gente vive da reciclagem. Então, o dinheirinho que a gente ganha é para comprar comida. Às vezes não conseguimos suprir todas as necessidades dos filhos – comenta. 

Em Porto Alegre, as aulas da rede municipal começaram neste semana.  Porém, sem os materiais escolares, algumas crianças já foram impactadas. É o que conta Tatiane Michele Lima, 39 anos, moradora do bairro Lami. Ela, que ajuda Paulo a identificar quem são os estudantes que mais precisam das doações em sua comunidade, fala que muitas delas ainda não compareceram à escola pela falta dos itens. O futuro das crianças tem sido motivo de preocupação para os moradores. 

– Faço o que posso, porque as crianças têm que estudar. Sem material, sem ir para a escola, o que vai acontecer com elas? – questiona Tatiana.

APOIE
/// É possível entregar as doações na sede provisória da ONG, na Avenida Ipiranga, 2.741, ou solicitar que a equipe busque as doações. Para isso, basta entrar em contato pelo telefone (51) 98513-2834. 

/// Também serão recebidas quantias em dinheiro, através da chave PIX número 00475500075 (CPF).

Produção: Émerson Santos e Kênia Fialho 


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