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Alagamentos na Zona Norte 

"O Arroio Sarandi não vinha recebendo a atenção que devia nos últimos anos", afirma diretor-geral do Dmae

Segundo Alexandre Garcia, grande fluxo de chuva contribuiu para que o canal transbordasse. Em entrevista, ele também cita as melhorias realizadas na região

31/03/2022 - 05h00min


Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Grande quantidade de lixo no local

Após chuvas intensas, o Arroio Sarandi transbordou nesta quarta-feira (30) – um problema que já é mostrado pelo Diário Gaúcho há anos. Houve bloqueios em parte da Avenida Sarandi e de vias laterais, como a Zeferino Dias e a Itapuí – a liberação ocorreu por volta das 11h.

Pelo menos três carros ficaram em meio às ruas alagadas, mas sem ocupantes neles. Dentro do arroio, chamava a atenção a quantidade de lixo sendo levada pela água, que corria rapidamente.

O diretor-geral do Dmae, Alexandre Garcia, atribuiu o alagamento ao grande fluxo de chuva – que foi em torno dos 60mm na região – mas afirma que já é possível verificar melhorias no sistema, como o fato de todas as casas de bombas terem funcionado a pleno. Confira a entrevista completa: 

DG – O Arroio Sarandi é um local com problemas históricos, como se pode observar pelas reportagens feitas pelo DG e pelo depoimento de moradores do local. Desta vez, o que aconteceu?
Como em outras ocasiões, ele saiu da calha e acabou alagando em um trecho. O Arroio Passo das Pedras (nome também dado ao Arroio Sarandi) é uma bacia de grande contribuição, em uma região de muita declividade. Vinha com muita dificuldade de manutenção. Estamos fazendo agora uma dragagem, uma limpeza, e vínhamos conseguindo um desempenho melhor. Nos últimos três episódios de chuva, não havia transbordado. Acontece que, na noite passada, a quantidade de chuva foi de 60mm, muito maior do que nos outros dias. Mas a gente tem exemplos passados de 27mm, de 30mm de chuva, em que ele já saía do curso. 

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DG – Como estão indo estas ações de dragagem?
A dragagem foi realizada nos primeiros 2 mil metros, que vão da foz do Rio Gravataí até a casa de bombas 10, praticamente nos fundos da Havan. Começou em janeiro e já foram retirados mais de 20 mil metros cúbicos de resíduos. A gente retirou, para vocês terem uma ideia, mais de 1.800 pneus dessa área. O arroio não vinha recebendo a atenção que devia nos últimos anos. A gente está trabalhando bastante, agora, para botar toda a estrutura a pleno. Ele realmente está sofrendo com assoreamento, com muitas dificuldades. No ponto que extravasou agora, na Avenida Sarandi com Zeferino Dias, no mês de fevereiro uma limpeza ali retirou quase 40 caminhões de resíduos, de sujeira dos mais variados modos. As chuvas que vieram depois, a gente conseguiu superar, mas esta foi um pouco superior. 

DG – O que será feito agora?
Sempre depois de uma grande chuva, vem muito material, vem muita areia. O Dmae vai voltar lá agora, para fazer mais uma limpeza, e vai seguir com a dragagem do Arroio Passo das Pedras para que a gente consiga ter melhora de desempenho nele. Mas além de tudo isso, também, o arroio precisa de outras atenções. Não se consegue em um ano, dois anos ou três anos, num curto espaço de tempo, suprir um déficit de tanto tempo. Mas além de todo o problema de manutenção, também tem um problema de infraestrutura geral da área. Tu tens uma área muito urbanizada, com muito asfalto. Com regiões como a Vila Coqueiro, que está na beira do arroio e assim correndo muito material, causando muitas instabilidades no maciço. 

Divulgação / Dmae
Parte dos pneus retirados do Arroio Sarandi

DG – Além das ações de retirada de entulho, existe algum tipo de ação a ser executada?
No próprio Arroio Passo das Pedras, no outro lado da Assis Brasil, o Dmae fez uma obra no ano passado, uma mureta, aumentando a altura do canal, e neste ponto ele não transbordou desta vez. Na Vila Leão não transbordou. A gente fez a ligação de uma bacia lá numa praça próximo aos condomínios da Ecovillage. E existem três bacias de amortecimento sendo executadas na bacia de contribuição do Passo das Pedras (áreas que são alagadas “de propósito” durante as chuvas, para conter as águas). No ponto onde o arroio extravasa é uma região muito urbanizada, é muito difícil ampliar o tamanho do canal, essas coisas. Então, invariavelmente, o mais fácil, o mais barato, o que a gente tem que pensar, é em como fazer chegar menos água ali ou a água chegar de forma mais pausada. 

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DG – Mais algo previsto para amenizar os alagamentos na região?
A gente tem a dragagem de vários arroios, não só o Passo das Pedras, e tem limpeza e manutenção de outras redes. Além do Passo das Pedras, estamos fazendo o canal que leva a água para a casa de bombas 10, então também ajuda muito numa outra área do bairro Sarandi ali. A finalização da obra da Severo Dulius também vai melhorar o sistema de escoamento daquela região. Então, tem bastante intervenção naquela área. 

DG – Qual o recado o Dmae pode passar para os moradores e para quem trabalha ou circula naquela região?
O Dmae está investindo, neste ano de 2022, R$ 22 milhões para que a gente faça manutenção, limpeza e dragagem dos arroios da cidade. Uma limpeza pesada como há muitos anos não se tinha esse investimento, para que a gente consiga botar todo o nosso sistema de funcionamento a pleno. Vou exemplificar: na chuva dessa madrugada, 100% das casas de bombas funcionaram, nenhuma casa de bombas parou. Agora, podemos pensar em uma evolução desse sistema, e é nesse sentido que estamos trabalhando também nos arroios. Vamos botar eles funcionando a pleno, limpos, com o escoamento funcionando bem, para que daí então a gente comece a trabalhar nos pontos de evolução. 


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