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Cecília Dassi: opção por sair de cena

Gaúcha, que estourou para o país aos sete anos, em novela global, largou a carreira e hoje se diz feliz na Psicologia. 

05/08/2017 - 12h00min

Atualizada em: 15/08/2017 - 19h40min


José Augusto Barros
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Cecilia não se diz arrependida da opção

Cecília Dassi, 27 anos, conheceu bem cedo os holofotes assim como Sandy, Letícia Braga, Maisa, MC HV e Thomas Machado. Estourou na novela Por Amor (1997), aos sete anos, como a doce Sandrinha. Mas, diferentemente de todas estas outras estrelas ainda diante dos holofotes, ela é a prova viva de que esta fase pode passar, e o que era diversão na infância pode não fazer mais sentido depois.

Na época de Por Amor: talento a olhos vistos

A trajetória da atriz que cai como uma luva para alertar pais sobre o que significa a entrada no mundo artístico tão cedo e o quão importante é se manter atento ao comportamento do filho, dando voz à criança e ao adolescente para dizerem como se sentem. A gaúcha cresceu diante do público. Atuou em novelas como A Padroeira (2001) e O Beijo do Vampiro (2002), e o seu último trabalho foi no filme Gonzaga - de Pai Pra Filho (2012).

Em Gonzaga: última atuação

Psicóloga, hoje é especialista em life coaching (que busca o desenvolvimento interior).

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Por WhatsApp, topou conversar com a reportagem e revela: quem diz que criança não abre mão por atuar está mentindo.

Diário Gaúcho – O que te levou a abandonar a carreira de atriz?
Cecília Dassi –
Eu não estava plenamente feliz, estava reflexiva sobre quem eu era, se estava fazendo uma coisa alinhada ao que me deixava feliz e ao que queria. Eu estava fazendo aquilo porque era assim desde os quatro anos de idade. Mas não era algo que eu me via para sempre fazendo, sabe? Não tinha muitas aspirações nem muitos desejos dentro da carreira. Fiz Psicologia despretensiosamente, nunca fiz terapia. Mas, em testes vocacionais, a terapia apareceu, a Psicologia apareceu. Não queria ser atriz pelo resto da minha vida.

Diário – Como foi a reação das pessoas à tua mudança profissional?
Cecília –
Não teve um dia em que eu disse: "Oi, gente, não quero mais trabalhar como atriz". Eu tinha contrato com a TV Globo, que foi renovado, depois que eu terminei a novela Viver a Vida (2009, quando fez Clarisse). Depois da novela, não fiz nada de trabalho na empresa, fiquei como contratada, atuava em palestras e workshops. Fiquei estudando Psicologia, mergulhei na área. As pessoas que estavam ao meu redor percebiam que eu estava realizando algo que fazia os meus olhos brilharem, que eu não tinha encantamento pelo trabalho como atriz. Sabe aquela coisa: "Ah, nossa, eu queria tanto fazer uma novela!"? Eu não tinha isso. Foi natural. As pessoas perceberam que (a saída do meio artístico) era o caminho mais óbvio.

Diário – E os teus fãs?
Cecília –
Ficaram mais surpresos, pois não estavam acompanhando todo o processo comigo. Alguns disseram que eu era doida, falaram que eu deveria ter sofrido algum trauma na carreira, outros, que eu devia ter ficado com muita raiva de alguma coisa. Pensavam que eu não estava conseguindo algum papel. Mas a maioria ficou do meu lado. Tive mais aceitação do que surpresas e reclamações.

Diário – Tiveste que abrir mão de coisas típicas de criança na tua época de atriz?
Cecília –
Claro que tive que abrir mão! Crianças que dizem que isso não acontece e que trabalham bastante não estão falando a verdade. Para conseguir conciliar trabalho e escola, vai ter que deixar de estar na rua brincando. Pode brincar no momento que não está gravando, entre uma novela e outra. Mas, quando está gravando, tem que estar no estúdio, não pode estar na casa do amiguinho, por exemplo. Mas acho muito mais prejudiciais o acúmulo de tarefas, as preocupações que não são da criança do que o fato de ter o tempo de brincadeira restringido. É muito pior a criança ter que lidar com o peso de saber que toda a estrutura familiar se modificou por causa dela. Muitas vezes, os pais mudam de cidade, se separam, ou têm outros tipos de problema porque a família está em função dela. Dá para levar brinquedo para a gravação, ficar esperando e usar este tempo para brincar. O grande problema é o excesso de cobrança e coisas que são de adultos. São coisas com as quais crianças não estão prontas para lidar.

Diário – Como te sentes hoje?
Cecília –
Realizada! Sou muito feliz por tudo que vivi e aprendi. Tenho muito orgulho da minha história. Passei por crises pensando: "Quem eu sou?", "Qual é a minha missão?", "Perdi tempo!". Mas ter sido atriz faz, hoje, com que as pessoas me ouçam. Fiz um canal no YouTube.

Diário – Algumas reportagens afirmam que tu tiveste crise de pânico.
Cecília –
Crises de pânico, não. Mas, claro, tive aquele vazio, crises existenciais. Quando entrei na faculdade, passei a refletir sobre a minha vida, comecei a fazer terapia. E, como terapeuta, a gente precisa fazer terapia.

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