Seu problema é nosso
Falta de atendimento especial prejudica aprendizado de menina de Canoas
Mesmo após conseguir uma vaga na escola, a pequena Patrícia Ananda Motta Flores, continua tendo dificuldades
Depois de conseguir uma vaga para o primeiro ano do ensino fundamental na Escola Municipal de Ensino Fundamental David Canabarro, em Canoas, para a filha Patrícia Ananda Motta Flores, seis anos, e transporte gratuito para ir e voltar das aulas, a dona de casa Samanta Motta, 29 anos, enfrenta um novo desafio. O colégio para onde Ananda, como é chamada pela família, foi encaminhada, tem uma sala de recursos para atendimento especial mas está fechada por falta de profissionais.
Uma das necessidades da menina para continuar estudando é o auxílio diário de um assistente de inclusão, pois ela não acompanha o mesmo ritmo dos demais colegas. Ananda tem microcefalia, um problema neuropsicomotor, hipermetropia, estrabismo e astigmatismo. Devido às doenças, ela tem limitações na visão, concentração, fala e aprendizado.
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– Eu fui diversas vezes na Secretaria Municipal da Educação cobrar eles sobre a situação do monitor e a resposta é de que estão providenciando ainda para este mês.
O problema é que na escola a direção diz que faz o mesmo pedido desde o ano passado e até agora a prefeitura não resolveu a situação.
– Não sei em quem acreditar e minha filha está sendo prejudicada – queixa-se Samanta.
O que mais preocupa Samanta é que as professoras têm dado conteúdos e trabalhos para Ananda que não condizem com o nível de aprendizado dela. Ao devolver na aula as atividades incompletas, o caderno de bilhetes ganha mais uma anotação.
– Estão dando para ela as mesmas avaliações das outras crianças, que não tem necessidades especiais e ela fica triste quando não consegue fazer, porque o raciocínio dela não trabalha da mesma forma do que o dos colegas. Eu já recebi vários bilhetes dizendo que a Ananda não fez a atividade e que eu deveria puxar mais ela. Mas é responsabilidade da Secretaria da Educação e um direito da minha filha ter um assistente de inclusão para ensiná-la – desabafa a mãe.
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No Centro de Capacitação em Educação Inclusiva e Acessibilidade (Ceia) do município, Ananda recebe atendimento em Pedagogia Inicial uma vez por semana. Ao contar sobre as dificuldades na escola para a neurologista da filha, Samanta ficou ainda mais triste.
– A médica disse que a forma como estão tentando ensiná-la é mais prejudicial do que se ela não estivesse na escola. A transição de um colégio para o outro tem sido bem difícil, tanto para mim como mãe, quanto para ela. A falta do profissional qualificado para ensinar crianças especiais tem tido um impacto ruim na Ananda, parece que ela está desaprendendo o que já sabia – diz.
Produção: Shállon Teobaldo
Secretaria diz que tem assistente de inclusão na David Canabarro
O Diário Gaúcho publicou a reportagem sobre o problema de Ananda dia 25 de abril e, nessa terça-feira, a Secretaria de Educação de Canoas informou que um estagiário começou a trabalhar como assistente de inclusão na Escola David Canabarro dia 20 de maio. A carga horária do assistente é de 30 horas semanais, no turno da manhã.
Por fim, segundo a secretaria, a professora da Sala de Recursos Multifuncionais retornaria à escola, normalizando a situação, também na terça-feira, dia 24.