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Presas ao sexo

Ensaio mostra a vida de prostitutas no bordel mais antigo de Bangladesh

Fotógrafa retratou condição de mulheres cuja única alternativa é trabalhar no comércio sexual

07/10/2016 - 14h56min

Atualizada em: 07/10/2016 - 15h04min


Mulheres que cresceram em bordeis ou fugiram dos maridos e encontraram abrigo entre paredes onde o sexo é liberado são personagens reais do ensaio O Desejo dos Outros (The Longing of Others), da fotógrafa alemã Sandra Hoyn.

O Kandapara, no distrito de Kangail, não é só o bordel mais antigo de Bangladesh, mas também um dos maiores. Ele existe há cerca de 200 anos, e apesar de ter sido demolido, foi reconstruído por ONGs em 2014.

Prostituta de 27 anos que entrou no bordel depois de ser estuprada por padrasto, aos 7

Isso porque, sem um lugar para morar, muitas mulheres não tinham condições de bancar a própria vida. Uma média de 700 garotas vive ali, muitas vezes com os filhos gerados dessas relações sem compromisso.

Segundo a fotógrafa, o certo seria que essas mulheres fossem maior de 18 anos, mas a regra não é seguida.

– Algumas delas tomam esteroides para parecerem mais velhas e mais saudáveis. A fase mais vulnerável é quando uma prostituta jovem entra no bordel como uma menina traficada, geralmente de 12 a 14 anos – disse Sandra em entrevista ao portal Nextshark.

Prostituição e desleixo no Complexo do Porto Seco, em Porto Alegre

Os clientes das prostitutas são homens de todas as classes: policiais, políticos, agricultores, pescadores, operários e grupos de jovens que querem se divertir.

O fato de tantos homens procurarem o prazer entre prostitutas pode ter motivo na cultura do país. Apesar de Bangladesh ser um dos únicos países muçulmanos onde a prostituição é liberada, os jovens não podem sair de mãos dadas na rua e muito menos ter relações sexuais antes do casamento.

Nos quartos de bordeis, conseguem liberar as fantasias sexuais há tempos reprimidas.

Mulher de 18 anos com dois clientes no Kandapara

Por que os homens procuram prostitutas?

Sandra relatou o caso de uma menina que, no passado, parou de frequentar a escola porque os colegas riam do fato de sua mãe ser prostituta. Aos 14 anos e longe da sala de aula, a garota seguiu o mesmo caminho.

– A maioria delas têm histórias tristes. Mas elas são realmente fortes, pelo menos exteriormente. Eu admiro que elas consigam gerir as suas vidas nestas circunstâncias e não desistam. Elas não são apenas sobreviventes ou vítimas, elas estão lutando e desfrutando de suas vidas de sua própria maneira – contou.

As prostitutas, diz a fotógrafa, não têm direitos em Bangladesh e muito menos são tratadas com respeito. Elas acabam sendo propriedade desses bordeis, pagando dívidas com os patrões e sem autorização de gastar o dinheiro que ganham com as sessões de sexo.

Mesmo quando conseguem pagar as dívidas, a vida fora desses espaços fica difícil, pois já são conhecida pelos moradores por seu trabalho sexual.

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Depois de serem usados, preservativos são jogados nas calçadas do bordel

– Reconhecer a existência de profissionais do sexo é o primeiro passo para garantir que elas tenham o direito de viver uma vida normal como qualquer outro ser humano – disse a fotógrafa.

Veja o ensaio completo aqui.

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