17 anos do Diário Gaúcho
Família presta homenagem a fã do Diário Gaúcho e o sepulta com um exemplar do jornal
Na quarta reportagem que celebra o aniversário do Diário Gaúcho, conheça a homenagem feita por uma família ao patriarca Oscar Chies
Num gesto que não surpreendeu os amigos de Oscar Domingos Chies, de Gravataí, familiares o sepultaram em 3 de abril com uma caneta azul no bolso da camisa e um exemplar do Diário Gaúcho, as duas maiores paixões do mecânico aposentado que morreu aos 79 anos, vítima de complicações pulmonares e cardíaca.
– Quem chegava próximo ao caixão dizia "vocês lembraram!". Todos sabiam que ele era um grande fã do Diário Gaúcho. Não começava o dia sem fazer as cruzadinhas. Tinha orgulho de dizer que havia aparecido no jornal duas vezes – recorda a neta Sheila Chies Cardoso, 38 anos.
Na primeira vez em que saiu nas páginas, Oscar opinou em uma reportagem sobre a saúde em Gravataí. Em outra ocasião, durante a Copa do Mundo, ele foi um dos 11 jogadores da Seleção Brasileira, pois tinha o nome de um dos atletas.
A filha Sara Chies, 53 anos, recorda que o pai sempre gostou de ler, mas depois que conheceu o DG fez dele um vício diário. Era comum vê-lo com o jornal embaixo do braço. Nas férias de verão, o dono do mercado chegava a guardar os exemplares com o nome de Oscar para quando ele retornasse a Gravataí.
Nos últimos meses, quando um problema pulmonar o fez diminuir a caminhada de uma quadra até o mercado, o vô passou a ir de carro ao local. Até enquanto esteve lúcido durante a última internação no hospital ele exigia que os familiares seguissem comprando o DG para ele.
– Meu pai deixou de ler só quando piorou mesmo, três dias antes de falecer – lembra a filha.
Coleção
Enquanto olham as fotos do patriarca, a filha Sara, a sobrinha e nora, Adelaide da Rosa Chies, 61 anos, as netas Sheila e Suelem da Rosa Chies, 30 anos, e a bisneta Julia Chies Cardoso, 13 anos, recordam a faceirice do aposentado, que foi casado por 59 anos com Rosa Peres Chies, 84 anos, que vive numa casa de repouso. Outra marca das imagens do aposentado era a caneta azul ou vermelha sempre no bolso da camisa. Era com ela que Oscar fazia as cruzadas do jornal, garantem as parentes.
– Para o pai tudo estava sempre bom. Era uma pessoa que só queria o bem dos outros. Até por isso, decidimos seguir nossas vidas depois da partida dele. Fica uma saudade boa de tudo que fizemos juntos – garante Sara.
Um amigo chegou a sugerir à filha que ela continuasse algum gesto comum do pai para enfrentar o período do luto.
– O que ele mais fazia era ler o DG – resume.
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Certa vez, a filha garante que Oscar sugeriu a uma das netas que cursasse farmácia na universidade porque era o profissional que mais pediam nos classificados do Diário Gaúcho. A jovem aceitou o desafio e hoje é farmacêutica.
– O jornal influenciou até nisso! – acredita Sara.
Colecionador dos kits ofertados pelo jornal, Oscar juntava os selos e era o primeiro a trocá-los em Gravataí. Os produtos se tornavam presentes, distribuídos entre os três filhos, seis netos e dois bisnetos. E para homenageá-lo, a neta Suelem passou a ler o jornal e promete manter a tradição do avô. Mesmo tendo perdido os selos seguintes à morte de Oscar, ela reuniu parte dos exemplares para finalizar a última cartela iniciada por ele, que ainda leva sua assinatura: a do kit Faqueiro.
– Estou tentando reunir os selos que faltaram porque tenho a certeza de que ele ficará muito feliz, onde quer que esteja. O vô pediu muito que a gente continuasse a coleção – revela a neta, emocionada.
Durante a entrevista, enquanto recortava alguns para colar, Sheila deixou cair um deles. Imediatamente, a filha, uma neta e a nora correram para juntá-lo.
– Caiu um selinho! – disse Sara.
– Junta! – falou Adelaide.
– Este aí é precioso – finalizou Suelem, antes de colocá-lo na cartela do vô Oscar.