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Seu problema é nosso

VÍDEO: Há seis meses, esgoto invade casa de moradora da Vila Nazaré, em Porto Alegre

Marlene aguarda por remoção do local há dez anos. Enquanto isso, poder público não investe no local 

13/09/2017 - 10h37min

Atualizada em: 13/09/2017 - 10h38min


Moradora fez ponte improvisada para família conseguir entrar na casa invadida pelo esgoto

Há mais de dez anos, a costureira e comerciante Marlene da Silva, 51 anos, aguarda para ser removida da Vila Nazaré, na Zona Norte de Porto Alegre, em função das obras do Aeroporto Salgado Filho. Na época em que soube que teria uma casa nova, recebeu a promessa de que, em dois anos, os moradores não estariam mais vivendo no local. 

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A promessa não foi cumprida e, segundo Marlene, como irão sair do local no futuro, os órgãos públicos não investem na vila. Essa realidade prejudica quem ali vive, como Marlene: 

— Desde março, estou vivendo, literalmente, no meio do esgoto. 

Falta de estrutura 

Ela conta que, há 25 anos, a prefeitura fez a rede de esgoto da região. No seu pátio, há uma grande caixa a partir de onde os dejetos são levados pela tubulação. Por ser muito funda, a caixa só pode ser limpa com hidrojatos (água pressurizada para jateamento). 

A caixa, quando fica cheia, faz com que o dejeto transborde, alagando o pátio de Marlene. Em algum pontos, esse alagamento alcança 40cm de profundidade e até entra na casa, criando uma verdadeira piscina de esgoto em seu banheiro, na cozinha e na lavanderia. 

— Cada vez que chove ou que lavam roupa no bairro, por mais que a gente tente impedir com tapumes, a caixa transborda e entra toda essa sujeira na minha casa — queixa-se. 

A família criou uma travessia com pedaços de madeira para conseguir passar pelo pátio e entrar na casa. O mesmo foi feito em alguns ambientes da casa, como no banheiro. Mas, infelizmente, a solução trouxe consequências. 

Há mais de um mês, Marlene caiu na ponte improvisada e machucou a coluna. Ela teme que isso aconteça de novo, principalmente porque, no dia 17 de agosto, a costureira fez uma cirurgia no fígado, por conta de um cálculo biliar, o que requer uma recuperação cuidadosa. Além disso, há uma preocupação com a saúde de toda a família. Como a água suja se mantém no local, a área torna- se propícia para a proliferação de insetos. 

— O médico disse que podemos ficar doentes — lembra. 

Lavar roupas na casa da mãe 

Quando Marlene faz uso de água em sua casa, dejetos transbordam. Por isso, se tornou difícil fazer atividades diárias como lavar roupas e louças e cozinhar. Para fugir do problema, a moradora leva as roupas para lavar na casa da sua mãe e cozinha no bar da família, que fica em frente à casa, do outro lado da rua. 

— A gente tem uma casa que não dá para usar — lamenta. 

Segundo ela, a prefeitura já foi acionada diversas vezes. A costureira lembra que um engenheiro afirmou que haveria uma obra emergencial. 

— Não investem na gente, o que acaba criando problemas em tudo. Na água, na luz, enfim, em tudo — lamenta a moradora da Zona Norte.

Previsão de limpeza neste mês 

A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos ( SMSUrb) informou que programou, para o mês de setembro, uma intervenção no local, com o auxílio de hidrojato para desobstrução da rede pluvial por meio da Divisão de Manutenção de Águas Pluviais. Porém, não precisou em que dia o trabalho será realizado. 

*Produção: Eduarda Endler 

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