Seu problema é nosso
Falta de pavimentação em rua incomoda moradores de Torres, no Litoral Norte
A situação é agravada durante alguns eventos que acontecem na cidade, como o Festival de Balonismo, que aumenta consideravelmente a circulação de veículos e pessoas na região
Morador há 15 anos da Rua Faxinal, bairro Faxinal, em Torres, no Litoral Norte, o balconista Cléber Magnus Martins batalha — junto com seus vizinhos — para conseguir pavimentar a via.
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O principal transtorno de quem mora ali é a areia do solo, que entra nas casas diariamente. A situação é agravada durante alguns eventos que acontecem na cidade, devido ao aumento da circulação de veículos e pessoas. Os buracos na via também incomodam os moradores.
Cléber explica que, nestas épocas, há uma piora:
— Temos duas opções. Ou nos trancamos em casa, com todas as portas e janelas bem vedadas, ou saímos daqui. Fica muito ruim.
O filho de Cléber, Cleiton Homem Martins, 13 anos, tem asma. Segundo o balconista, a presença constante de pó piora a condição do menino.
— O principal "gatilho" da condição dele é a poeira, me disse o médico dele. Então, essa areia que está sempre aqui faz com que ele tenha muitas crises. É bem difícil, pois pedimos (à prefeitura) há tantos anos, e nada é feito — explica o balconista.
Segundo Cléber, não é só seu filho que sofre com a poeira:
— Um vizinho nosso acabou falecendo por problemas respiratórios, e a família dele afirma que a situação foi agravada por morar aqui.
Histórico
Cléber afirma que já são 15 anos de pedidos para a prefeitura pela pavimentação da via. Seu mais recente protocolo de reclamação, aberto em 2016, também marca o período em que houve uma tentativa de solucionar o problema. O balconista conta que, na época, o governo federal tinha liberado verba para pavimentar o local.
— Naquele ano, achamos que finalmente iria acabar essa espera. Mas, quando a prefeitura não adaptou o projeto para respeitar o embargo ambiental, a verba foi transferida para consertar outro lugar — diz Cléber.
A parte da via com o maior número de residências fica a cerca de 500m do embargo ambiental do Parque Estadual Itapeva. Segundo Cléber, a prefeitura não aceitou pavimentar apenas o trecho de 750m com as casas, afirmando que faria somente o calçamento completo do local. Desde então, o órgão municipal afirma para o balconista que a falta de verba é o problema.
Uma alternativa apresentada aos moradores seria aceitarem fazer uma parceria com a prefeitura e pagarem parte da obra.
— É difícil ver meu filho sofrer, sabendo que a solução é possível. Conversamos inclusive com a administração do parque, que afirma que é possível fazer a obra, só é preciso respeitar o embargo. Está cada vez pior e, caso não melhore, vamos ter que ir embora — conclui o balconista.
Obra depende da liberação de recursos
A prefeitura de Torres, por meio de sua Diretoria de Comunicação e Marketing, informa que os recursos liberados pelo governo federal não poderiam (por regras da própria administração estadual) atender apenas um trecho da via. Neste sentido, o município explica que a gestão anterior decidiu direcionar esse recurso para outros locais.
Em nota, o órgão afirma que cadastrou, neste ano, um novo projeto no programa Avançar Cidades, do governo federal. A prefeitura salienta que depende da liberação de recursos pelo Ministério das Cidades.
A administração municipal explica que não dispõe de máquinas e equipamentos para asfaltamento de vias — serviço que cabe a empresas contratadas para isso —, mas afirma que realiza periodicamente a manutenção da via.
*Produção: Leticia Gomes