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Abandono de antigo Posto Materno Infantil causa insegurança para moradores de Capão de Canoa
O prédio onde funcionava a unidade de saúde foi fechado em 2015 para uma ampliação. Desde então, as obras se arrastam e o local sofre com o vandalismo, além de se tornar um ponto de uso de drogas
Em um prédio público da Avenida General Osório, no bairro Santa Luzia, em Capão da Canoa, o cenário de abandono chama a atenção. Onde funcionava o Posto Materno Infantil da cidade, uma placa prometendo a ampliação do local está jogada, quase escondida.
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Segundo moradores, os trabalhos no local começaram em 2015. Antes do fechamento, eram feitos atendimentos relacionados à saúde da mulher e de pediatria, conforme a Secretaria Municipal de Saúde. Agora, parte do material que restou foi furtada. O espaço também é utilizado como refúgio para moradores de rua ou para uso de drogas.
Morador do Santa Luzia, o autônomo Júlio César da Rosa Costa, 32 anos, estava passando em frente ao local há cerca de duas semanas quando viu um morador de rua deixando o prédio com parte de uma maca. Resolveu entrar e deparou com um cenário de abandono: sujeira, macas quebradas, extintores de incêndio espalhados e até pastas com papéis da época em que o Posto Materno Infantil ainda funcionava.
— Entrei e vi aquela situação. Quando estava saindo, um morador das redondezas explicou que ia tentar trancar o local por conta própria, ao menos para diminuir a circulação de pessoas — recorda Júlio.
Insegurança
Outra preocupação é com relação ao futuro das instalações. Como não foi repassada à população nenhuma previsão para a conclusão da obra, quem vive na cidade não sabe ao certo o que acontecerá no local, conforme conta Júlio:
— É um bem público que está abandonado. Não temos nenhum posicionamento oficial dizendo se um dia estará disponível para a população novamente.
O secretário de saúde de Capão da Canoa, Josiel Matos, reconhece a questão da insegurança. Ele explica que a prefeitura fez o isolamento do local com tapumes, mas o prédio foi alvo de arrombamentos.
Duas empresas já desistiram de trabalhar na ampliação do local. Joel conta que uma nova companhia assumiu o canteiro de obras há cerca de 10 dias. Agora, a ampliação deve ser concluída em 90 dias.
Sem prazo para voltar a usar o prédio
O local onde funcionava o Posto Materno Infantil não será mais utilizado para este fim. Segundo o secretário de Saúde, agora, o atendimento de mães e bebês é feito nas nove unidades do programa Estratégia Saúde da Família (ESF) do município.
As obras de ampliação custaram R$ 140 mil, dinheiro vindo do governo federal, segundo Josiel. Mas, como a unidade foi fechada em 2015 para a ampliação, o prédio acabou sendo depredado. E a verba não cobre o estrago:
— Vamos ter que captar cerca de R$ 300 mil em recursos próprios para a reforma. Mas não é possível estipular um prazo para isso — projeta Josiel.
O secretário afirma que o prédio poderá sediar mais uma unidade do ESF ou o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) da cidade, que atualmente está em local provisório.
*Produção: Alberi Neto