Passar pela escadaria que liga as ruas Vidal de Negreiros e São João não é uma tarefa fácil para os moradores do bairro São José, na zona leste da Capital. Construída há mais de 30 anos, a escada, que deveria facilitar o acesso dos pedestres, hoje causa medo e angústia a quem precisa cruzar por ali. As lajes e degraus quebrados e cobertos por limo, a queda de um dos corrimões e o esgoto entupido no local tem preocupado o policial militar reformado Carlos Augusto Lecano, 57 anos, dos quais 52 foram vividos ali. 

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— As pessoas não têm mais segurança para descer na escada, está horrível a situação. Tivemos uma senhora que caiu e quebrou os dois braços, até se mudou por causa disso. Muitas pessoas já caíram e se machucaram, eu mesmo caí ali — relata o morador, mostrando um machucado na perna esquerda. 

Compromissos 

Em 8 de novembro de 2018, as más condições da escadaria do bairro São José foram relatadas pelo Diário Gaúcho. Dois meses depois, em 8 de janeiro de 2019, a situação foi publicada novamente, ainda sem solução. Ontem, a denúncia completou seis meses, e os problemas permanecem. 

Na primeira ocasião, a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Mobilidade Urbana (Smim) se comprometeu em agendar uma vistoria no local e analisar a possibilidade de realização do conserto. Já em janeiro, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) informou que seria feita uma nova vistoria naquela semana, a fim de verificar as intervenções já realizadas na escadaria, e a Smim afirmou estar “realizando levantamento dos materiais necessários para viabilizar a programação da manutenção”. 

Segundo o morador Carlos Augusto, as ações da prefeitura não resolveram os problemas da escada: 

— Depois da reportagem, eles vieram aqui, botaram quatro pedras e nada mais. Ficaram de voltar e nunca mais voltaram, deram como resolvido. 

Com a persistência dos problemas, mesmo após a publicação das reportagens, Carlos continuou a protocolar reclamações pelo canal de atendimento Fala Porto Alegre, mas não obteve retorno. 

“Decepcionado”

Descaso. Essa é a palavra utilizada pelo morador para definir a situação da escadaria. Segundo ele, os moradores sempre fizeram a manutenção da estrutura com recursos próprios: 

— Como é para o bem da comunidade, a gente se organiza e faz, mas uma obra assim não temos como fazer. Eu me sinto impotente, porque aí acabamos ficando escravos da prefeitura. 

Enquanto a obra não ocorre, o policial militar reformado se diz decepcionado e esquecido. Ele espera que mais ninguém se machuque no trecho, que chega a quatro metros de altura em algumas partes: 

— É muito descaso. 

Conserto "nas próximas semanas"

Segundo a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb), o Departamento de Conservação de Vias Urbanas (DCVU) realizou uma vistoria no local e identificou as demandas do passeio de pedestres da escadaria. 

A assessoria de comunicação informa que o atendimento deve ocorrer nas próximas semanas. Entretanto, não foi informada a data exata para a execução dos reparos na estrutura. 

Esgoto cloacal 

A SMSUrb informou, ainda, que o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) verificou a obstrução de duas caixas de esgoto cloacal no local, que devem ser desobstruídas até o fim da semana. 

A pasta ressalta que as equipes do DCVU e do Dmae estão priorizando o atendimento aos problemas causados pelas chuvas da última semana. 

Produção: Camila Bengo 

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