Seu Problema é Nosso
Risco de alagamentos assusta moradores do bairro São José, em Sapucaia do Sul
O problema tem relação com o Arroio José Joaquim, que está passando por obras
Quem mora na Rua Açorianos, em Sapucaia do Sul, já se acostumou com o barulho causado pela passagem do trensurb várias vezes ao dia. Isso porque a rua sem saída, localizada no bairro São José, margeia os trilhos do trem metropolitano. Entretanto, outro aspecto se tornou comum na vida dos moradores: os alagamentos. O problema foi relatado pelo DG nos anos de 2015 e 2017, mas a situação não mudou.
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Segundo a observação do motorista Renan Vidal Correa, 33 anos, que morou durante toda a sua vida no local, as enchentes começaram após um trecho do Arroio José Joaquim ter tido o leito reduzido.
— Fizeram uma obra no arroio, reduzindo seu tamanho. Um arroio que tinha cerca de seis metros de largura virou dois canos de 1,2m. No começo deu certo, mas agora os canos já não dão vazão — opina.
Além disso, o morador conta que, na época, o nível da rua foi elevado, fazendo com que as casas ficassem cerca de um metro abaixo da via. A combinação da redução do arroio com o desnível entre as residências e a calçada é o motivo, de acordo com os moradores, para as constantes enchentes que assolam a vizinhança da Açorianos, causando prejuízos e insegurança.
Investimentos
Por conta dos problemas, os vizinhos precisaram construir muros de contenção, a fim de evitar que a água entre nas casas. Renan relata ter gasto cerca de R$ 6 mil na construção da barreira e de uma comporta móvel contra enchentes, que é colocada no portão. Porém, quando as chuvas são muito fortes, nem os muros são capazes de segurar a força das águas.
— A água vem parecendo um tsunami. Quando a gente vê, já entrou em casa. Perdi as contas dos prejuízos que tive, perdi os móveis várias vezes. A sorte é que temos amigos e recebemos doações, mas até emprego eu já perdi por causa disso — relata o morador.
Vida pautada pela previsão do tempo
Sair de casa é sempre uma dúvida para a família de Renan, pois o medo de retornar e encontrar a residência alagada é constante. O motorista afirma que, ao lado da esposa, gosta de levar os dois filhos para passear. Contudo, conta que as atividades da família sempre dependem da previsão do tempo.
— Para sair, temos que olhar a previsão do tempo. Já aconteceu de estarmos no cinema, começar a chuva e a gente precisar voltar correndo pra casa, antes que alague tudo. Agora, já não saímos sem conferir.
Com a proximidade do período chuvoso, o motorista prevê como serão as madrugadas que estão por vir:
— Ficar na janela, vigiando a chuva.
Segundo ele, todos os vizinhos ficam de plantão quando chove, pois é necessário instalar as comportas móveis e vigiar se a água não ultrapassou as barreiras impostas. Da última chuva, ocorrida no dia 17 de abril, Renan relembra a rapidez com que a residência foi atingida.
— Era umas 3h da madrugada. Olhei na janela e ainda enxergava o asfalto. Fechei os olhos e já estava tudo alagado, por volta das 3h20min.
Prefeitura está trabalhando
A prefeitura de Sapucaia do Sul informou que o alagamento mais recente ocorreu por conta do grande volume de chuva que caiu rapidamente, não permitindo a vazão da água no Arroio José Joaquim, que transbordou. Segundo a prefeitura, foi feita a limpeza após a enchente.
Para evitar alagamentos, a administração municipal afirma estar elaborando o projeto de licenciamento para a execução do desassoreamento do arroio e realizando a canalização a céu aberto, com 90% da Fase 2 da obra concluída. A Fase 2 não contempla a Rua Açorianos, mas deve melhorar a situação em diversas regiões, segundo a prefeitura.
A Secretaria Municipal de Obras ressalta que tem trabalhado na bacia de contenção localizada na área do quartel do 18º Batalhão de Infantaria Motorizado, próximo à Rua Açorianos, o que deve fazer com que a água se acumule em volume menor, caso ocorram novas chuvas torrenciais.
Produção: Camila Bengo