Seu Problema é Nosso
Após um ano e meio de espera por cirurgia, Helena recupera a visão
Agora, com o procedimento de catarata feito, ela consegue exercitar a leitura
— É uma sensação indescritível, é maravilhoso. Quando olhei para a televisão e vi o colorido, foi fantástico. Eu já não conseguia mais enxergar a fisionomia das pessoas, nem mesmo do meu marido. Agora, estou enxergando super bem.
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Assim se sentiu a dona de casa Helena Castro Alano, 71 anos, moradora do bairro Nonoai, em Porto Alegre, quando voltou a enxergar. Em 7 de março, o DG mostrou o drama da idosa, que, já sem visão no olho esquerdo, devido a um problema óptico de nascença, também desenvolveu catarata no olho direito e aguardou mais de um ano por uma cirurgia para corrigir o problema, sem conseguir enxergar nada. A espera de Helena teve fim no dia 27 de abril deste ano, quando foi finalmente operada e pôde voltar a ver a vida de forma nítida e colorida.
Histórico
Em 27 de fevereiro de 2018, quando foi encaminhada para a cirurgia por um especialista da Unidade Básica de Saúde do IAPI, Helena já não conseguia reconhecer nem os objetos próximos. Desde então, conviveu com as dificuldades da falta de visão e a espera pelo procedimento, que deveria acontecer no Hospital Banco de Olhos (HBO), na Capital. Quando o DG contou sua história pela primeira vez, o HBO informou que Helena estava na fila para realizar a facectomia — popularmente conhecida como cirurgia da catarata — e que deveria ser submetida ao procedimento em até três meses.
— Por conta do meu problema no olho esquerdo, eu não podia estragar o direito de jeito nenhum, porque é o único com o qual enxergo. Com a catarata, não estava enxergando mais nada. Era uma dificuldade para andar de ônibus, ler e fazer as coisas de casa. Não podia sair sozinha e precisava estar sempre acompanhada do meu marido — relembra.
Vida nova
Agora, com a cirurgia feita, a idosa só quer saber de aproveitar a vida. Segundo ela, a operação correu muito bem, e a recuperação está sendo satisfatória. Contudo, Helena ainda precisará fazer uma limpeza pós-cirúrgica, utilizando laser. O procedimento está marcado para o dia 13 de dezembro.
— A demora foi muito grande. Por isso, mesmo com a cirurgia, ainda ficou um resquício do problema, que vai precisar ser tratado para ficar 100%. Se não tivesse demorado tanto, provavelmente não precisaria. Mas, graças a Deus, está tudo bem — conta a dona de casa.
Paixão pela leitura pode ser retomada
Praticante do Espiritismo, Helena tinha o hábito de diariamente ler livros sobre os ensinamentos de sua religião. Quando seu problema de saúde se agravou, e ela não conseguiu mais enxergar, contava com a solidariedade das companheiras do Centro Espírita que frequenta para manter em dia suas leituras.
— Minhas colegas liam para mim, para me ajudar, mas o que eu mais queria era poder voltar a ler sozinha — relembra.
Agora, a idosa está aproveitando para recuperar o tempo em que não pôde exercitar seu hobby preferido:
— Depois que fi z a cirurgia, está tudo uma maravilha, pois pude voltar a ler, que era do que eu mais sentia falta. Agora, está sendo maravilhoso, e tenho certeza que o jornal me ajudou muito a conseguir isto.
Demora por sobrecarga de agendas
De acordo com o HBO, a demora pode ser atribuída a “mudanças estruturais no atendimento prestado pelo Banco de Olhos no posto do IAPI”, que fizeram com que todas as agendas migrassem para a sede do hospital, gerando uma sobrecarga.
Segundo a assessoria de imprensa, o contrato do hospital com o SUS prevê a execução de 200 cirurgias de catarata ao mês, “meta regularmente cumprida pela instituição”. O hospital destaca, ainda, que, do ponto de vista médico, as cirurgias de catarata são, em sua maioria, procedimentos eletivos, ou seja, sem urgência.
Produção: Camila Bengo