Tradição na avenida
Desfile do 20 de Setembro tem participação de 3 mil cavalarianos e cerca de 50 piquetes na Capital
Evento tomou conta da Avenida Edvaldo Pereira Paiva por cerca de três horas, nesta sexta-feira
O vento que soprava na beira do Guaíba fez com que centenas de pessoas trocassem os trajes típicos por roupas de mangas compridas, capuzes e cachecóis para acompanhar o desfile de 20 de Setembro na Avenida Edvaldo Pereira Paiva, em Porto Alegre, nesta sexta-feira.
A temperatura também pegou desprevenidas as três primeiras prendas juvenis do Estado. Elas chegaram às 8h, mas tiveram que se proteger do frio dentro de um carro perto do Beira-Rio.
— Como ontem estava quente, não contávamos que iria esfriar. Esperamos preservar e divulgar nossa cultura e trazer para a comunidade um pouquinho da nossa tradição — afirmou a primeira prenda juvenil, Isabella Nunes da Silva, 14 anos, de Osório.
Perto do palanque principal, vestida de prenda e com um pacote de pipoca na mão, Nicole Copetti, quatro anos, se preparava para assistir às comemorações da Semana Farroupilha pela primeira vez. Ela esperava pela passagem da mãe, Jaqueline Copetti, 29 anos, que desfilaria com a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), órgão no qual acaba de ingressar.
— A Nicole ainda não participa de nenhuma atividade tradicionalista, mas adora colocar o vestido — contou o pai, André Fagonde, 33 anos.
A parte cívico-militar da apresentação começou por volta das 9h30min, depois de as tropas serem passadas em revista pelo governador Eduardo Leite. Dois helicópteros da Brigada Militar sobrevoaram a via, anunciando a chegada da corporação, cuja passagem foi seguida pela Polícia Civil e pela Susepe.
Enquanto o sol aparecia pela primeira vez na manhã, por volta das 11h, teve início a parte tradicional do desfile.
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O chasqueiro Edson Fagundes se aproximou do palanque principal e pediu ao governador a permissão para entrar na avenida com a tropa de cavalarianos. Em seguida, a Chama Crioula ganhou destaque, conduzida pela Ordem dos Cavalarianos do Rio Grande do Sul, que carregavam as bandeiras do Brasil, do Estado, da prefeitura e de entidades.
A comitiva das primeiras prendas, peões e guris do Rio Grande do Sul foi seguida por um caminhão com seus pais deles, homenageados por "preservar o ideal de Paixão Côrtes e incentivar a trajetória dos filhos dentro da tradição".
Por volta das 11h30min, o piquete Lanceiros Negros foi saudado como representante dos heróis esquecidos, que foram traídos na Revolução Farroupilha.
— Fizeram trincheira para defender a sociedade na qual vivemos hoje. Devemos lembrar que os negros são a base fundamental na construção do Rio Grande do Sul — exaltou Liliana Cardoso, apresentadora do desfile de 20 de Setembro há 23 anos.
No total, cerca de 3 mil cavalarianos, de 50 piquetes, participaram do desfile, que se estendeu até as 12h, representando a cultura e costumes do Rio Grande do Sul.