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Eu Sou do Samba

Liliane Pereira lança o desafio para o povo do Carnaval: "Precisamos falar sobre inclusão"

Colunista escreve no Diário Gaúcho às quintas-feiras

30/07/2020 - 05h00min

Atualizada em: 30/07/2020 - 05h00min


Liliane Pereira
Liliane Pereira
Hélida Freitas / Divulgação
Fabielly Klimberg, madrinha da bateria da Unidos da Vila Mapa, com integrantes da escola

O Carnaval é uma cultura inclusiva, sim. Entretanto, não deixa de ser um recorte da sociedade. O preconceito que existe nela, também existe dentro das escolas de samba. E precisamos falar sobre isso!

Nesta quarta-feira (29), a equipe da Região Sul da Federação Nacional das Escolas de Samba promoveu uma live fazendo o seguinte questionamento: “O Carnaval, enquanto grande festa, é um espaço democrático, no qual cabe todo mundo? E o desfile da escola de samba, será que segue essa mesma linha? É preciso falar sobre representatividade LGBTQIA+ e homofobia dentro do Carnaval”.

Edy Dutra, jornalista mediador do debate, levantou questões a respeito de por qual motivo a gente não vê pessoas LGBTQIA+ ocupando funções de presidente de escola de samba ou mestre de bateria, por exemplo.

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– Será que eles são mais aceitos na dança e menos aceitos em posições de poder? E no caso da dança, apenas em determinados espaços? Então, a live veio para discutir isso – relata Dutra.

Quando temos a oportunidade de dar voz a essas questões, temos que, literalmente, deixar quem vive a situação falar sobre isso. 

Por isso, o espaço de hoje é dedicado ao público LGBTQIA+, representado por Fabielly Klimberg, madrinha da bateria da Unidos da Vila Mapa, de Porto Alegre, que escreveu algumas linhas sobre o tema.

Com a palavra, fabielly klimberg, madrinha de bateria da Unidos da Vila Mapa 

“Estou inserida no meio do Carnaval há pelo menos 20 anos. Como maquiadora, já maquiei inúmeros destaques das escolas e pude fazer grandes amizades. Foi assim que conquistei esse lugar de honra que é ser madrinha de bateria da Vila Mapa.

Eu sou uma mulher trans que assume um gênero que não é seu de nascimento. Ter sido escolhida para o cargo sem ser rotulada por isso, me faz sentir muito honrada em quebrar essa barreira.

O Carnaval é uma festa que deveria ser tão inclusiva, mas que, por muitas vezes, se torna ofensiva. Os próprios brincantes se acham no direito de ditar o que é padrão. Esquecem que a maioria deles são da população negra, que são tão oprimidos e marginalizados como o público LGBTQIA+.

Mesmo assim, vejo que estamos em um caminho de evolução. Um começo pra gente desconstruir esse rótulo de padrão que a sociedade impõe pra gente. Carnaval é agregar, é festejar, é mostrar que somos capazes de sermos felizes!

Para isso, estamos temos que estar em constante desconstrução: para praticar a empatia. Não adianta uma escola de samba se dizer aberta a todxs, se os próprios componentes debocharem uns dos outros ou a instituição não tiver preparo para tratar esses assuntos.

Mas a gente tá aí na garra e na coragem. Graças a Deus, a comunidade da Vila Mapa e a comunidade carnavalesca me respeitam, mas já passei por várias situações constrangedoras. Hoje, porém, penso que isso foi em uma época que a gente não discutia esses temas e não tinha as redes sociais.

Acredito que as escolas de samba têm um papel fundamental além do samba. De educar, desconstruir e transformar pessoas vazias em pessoas agregadoras, evoluídas e que realmente pratiquem a empatia.

Acho que o mesmo preconceito que sofremos fora sofremos dentro das escolas de samba. Mas, agora, temos voz para falar sobre isso.  Acredito que estamos caminhando para uma evolução. Para um futuro de pessoas que possam entender e praticar a ação de se colocar no lugar do outro”.

Live com Cesinha

O intérprete Cesinha faz uma live com muito samba para comemorar seu aniversário no canal no YouTube Papo de Mana pra Mana da Vivian Vaz. Será na próxima terça-feira (4) às 20h.


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