Educação na pandemia
Quatro cidades da Região Metropolitana já decidiram não ter mais aulas na rede municipal em 2020
Alvorada, Viamão, Sapucaia do Sul e Eldorado do Sul tomaram decisão. Outros sete municípios consultados não têm previsão de retorno para as escolas públicas.
Com os municípios da Região Metropolitana na bandeira laranja do distanciamento controlado, que permite a abertura das escolas para os encontros presenciais em caso de duas semanas mantidas nesta cor, fica mais forte o questionamento entre as famílias: será que as aulas voltam ainda neste ano? O Diário Gaúcho procurou 12 prefeituras de cidades da Grande Porto Alegre para saber como cada município tem traçado esta retomada.
Só a Capital já tem cronograma pronto e iniciou a retomada dos trabalhos por etapas. Entre as outras 11 cidades, quatro já definiram que aulas presenciais não voltam em 2020 e as outras sete ainda não têm previsão de retorno.
Nestes municípios onde não há definição, as opiniões do Executivo se dividem. Alguns avaliam que os encontros presenciais não devem ser retomados este ano, mas não oficializaram a decisão. Outras cidades ainda esperam o retorno da educação privada, para estudar a possibilidade de retorno no sistema municipal.
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Em Alvorada, por exemplo, a prefeitura realizou uma pesquisa com 3.515 pais de alunos, na qual 93,1% não concordaram com o retorno das aulas presenciais. A administração, então, decidiu não retornar presencialmente as atividades curriculares neste ano. Os conteúdos educacionais continuarão sendo disponibilizados remotamente e pelo site da secretaria de Educação do município. Presencialmente, as escolas municipais servem almoço para os alunos.
Em Viamão, a prefeitura determinou que as aulas não voltam na rede pública nem na privada. A suspensão deve permanecer enquanto durar o estado de calamidade pública. Mas, no mesmo documento, o município já adianta que, em relação à rede municipal de ensino, “as aulas seguirão sendo realizadas de forma remota até o final do ano letivo de 2020”.
Em Sapucaia do Sul, o caminho seguido foi o mesmo: as escolas da rede municipal da cidade não terão mais aulas presenciais neste ano. Em relação às instituições privadas, a prefeitura publicou decreto nesta semana permitindo o retorno das atividades.
São Leopoldo também pretende seguir somente com atividades remotas na rede municipal. O município afirma que “não é favorável ao retorno presencial para o ano letivo de 2020”.
Em Eldorado do Sul, as aulas da rede municipal também não voltarão de forma presencial até o fim de 2020. Um novo decreto que trata do assunto e trouxe a definição foi publicado ontem.
Como está a situação na rede municipal de cada cidade
- Aulas retornando de forma gradual: Porto Alegre
- Sem previsão de retorno das aulas: Cachoeirinha, Canoas, Gravataí, Guaíba, Esteio, São Leopoldo e Novo Hamburgo
- Aulas presenciais não voltam este ano: Alvorada, Viamão, Sapucaia do Sul e Eldorado do Sul
De olho nas escolas particulares
As prefeituras determinam sobre escolas públicas municipais, privadas e instituições de ensino superior. Em relação às escolas estaduais, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) é quem define como será retorno, de acordo com as bandeiras. O retorno na rede estadual está previsto para a partir de 13 de outubro.
Já muitas escolas privadas têm reunido esforços para voltar ao trabalho. E, por isso, municípios que liberaram o retorno das atividades nas instituições particulares querem usá-las como parâmetro do retorno ou não dos trabalhos na rede pública. É o caso de Cachoeirinha, Canoas, Esteio, Guaíba e Novo Hamburgo.
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Nestes locais, as prefeituras ainda não tomaram uma decisão sobre voltar ou não com as aulas presenciais em suas redes municipais. Em Esteio, por exemplo, o decreto que interrompeu as aulas foi estendido ontem por mais um mês, até o final de outubro.
Em Guaíba, a prefeitura acompanha os modelos adotados pelas instituições privadas, que voltam no dia 15 de outubro. Depois dessa data, o município traçará planos para sua rede pública.
Novo Hamburgo não deve retomar as aulas presenciais nas redes municipais em 2020, com a possibilidade de retorno apenas do nono ano do Ensino Fundamental. Mas o município ressalta que “o tema ainda segue em discussão, sem decisão final”.
Em Cachoeirinha, só uma modalidade está com destino definido. O Ensino Fundamental municipal continuará de forma remota até o final do ano letivo. Em relação às demais, a discussão ainda segue em aberto. Em Gravataí, a prefeitura diz que não há previsão de retorno, mas não descarta a possibilidade.
Na cidade de Canoas, as aulas presenciais nas escolas privadas de Educação Infantil estão liberadas a partir de hoje. O retorno das atividades ocorrerá de forma gradual e escalonada, com capacidade máxima de 25% dos alunos por turma. E, por isso, a prefeitura vai aproveitar esse retorno para avaliar os impactos possíveis. A administração exigirá a realização de testes rápidos nos estudantes, professores e funcionários antes e após os primeiros 15 dias da retomada.
Ao todo, 45 escolas privadas de Educação Infantil estão com o plano de contingência autorizado e aptas para a reabertura. Segundo o Sindicreches, as instituições devem receber alunos a partir de segunda-feira. Em relação à rede pública municipal, a prefeitura afirma que não há prazo para retorno das aulas.
Retomada em Porto Alegre
Neste contexto de retomada, apenas um município já pode fazer avaliações preliminares sobre a volta dos encontros presenciais: Porto Alegre. Nesta semana, a cidade deu início aos trabalhos na Educação Infantil, com atendimento aos alunos em um turno e oferecendo almoço. Na segunda-feira, o movimento foi baixo, mas dentro do esperado pela Secretaria Municipal de Educação (Smed).
– Acreditamos que será uma retomada rápida. Está sendo gratificante ver as crianças, estavam com saudade – conta o titular da Smed, Adriano Naves de Brito.
Entre outubro e novembro, de forma escalonada, ensinos Fundamental, Médio, técnico e EJA também irão voltar as atividades, segundo a Smed. A Capital segue conversando de perto com a administração do Estado para não comprometer o calendário planejado.
O secretário de Educação de Porto Alegre defende que o ambiente escolar é insubstituível e o encerramento das aulas presenciais só pode ocorrer em “excepcionalidades máximas”.
– A educação é uma experiência imersiva, não pode ser suprida somente com encontros remotos, por melhores que eles sejam. Já estamos quase no sétimo mês de paralisação, muitos alunos serão perdidos nesse ano e não sabemos se eles voltarão a estudar ano que vem. Do ponto de vista pedagógico, não é positivo – avalia Adriano.