MERCADO DE TRABALHO
Saiba como driblar a ansiedade antes e durante uma entrevista de emprego
O DG ouviu especialistas em recrutamento que explicam estratégias para controlar a sensação
É normal sentir ansiedade antes de situações importantes ou desafiadoras, como o momento de concorrer a uma vaga no mercado de trabalho. O sentimento é comum tanto para quem está buscando o primeiro trabalho quanto para quem está tentando se recolocar no mercado ou, ainda, para quem está buscando aquela vaga que sempre sonhou.
– Todos ficam nervosos, até quem está bem preparado, pois a ansiedade é inevitável. Falar para si mesmo que não vai sentir, não existe. Mas podemos usar ansiedade ao nosso favor. Se o candidato tiver um nível equilibrado de ansiedade, a sensação pode deixá-lo sempre em alerta e também evita que a conversa seja levada para um lado que não é o objetivo da entrevista. Nem usada para mais, nem para menos, é preciso controlar o nível de ansiedade – afirma Katia Almeida, especialista em Gestão de Pessoas do PUC Carreiras.
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Devido ao contexto atual econômico e também de pandemia, a ansiedade pode ser ampliada. Em nível elevado, a sensação de medo pode trazer prejuízos no dia a dia, como o desejo de evitar situações.
– É uma fase complicada para todos, pois a pandemia causou muitas demissões. É natural que, agora, que a economia está começando a caminhar, as pessoas fiquem ansiosas na hora de concorrer a uma vaga. A ansiedade é um excesso de futuro, ter algo que não chegou ainda. E não tem receita de bolo para evitá-la, mas há técnicas que podem ajudar a controlar – explica Helenice Resende, psicóloga e coordenadora de Recrutamento e Seleção do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube).
Confira as dicas das especialistas
Katia Almeida, especialista em Gestão de Pessoas do PUC Carreiras, orienta:
/// Invista no seu autoconhecimento – É uma ferramenta poderosa a ser explorada. Se a pessoa se conhece bem, ela saberá seus pontos fortes e limitações.
/// Comportamentos no papel – Faça uma lista de comportamentos bem desenvolvidos e aqueles que ainda precisam se desenvolver. Com a lista pronta, é muito mais fácil identificar o que precisa ser melhorado e também é possível colocar metas.
/// Atenção aos feedbacks (retorno, avaliação, em tradução livre) – Ter o retorno sobre os comportamentos é uma forma de saber se você está desenvolvendo-os bem. Dá para pedir um feedback no atual emprego ou para os familiares. Pergunte em quais aspectos você se sai bem. Por exemplo, se é uma pessoa organizada ou se é daquelas que deixa para fazer as tarefas depois. É importante aprender com essa cultura do feedback, pois é uma forma de ter mais segurança. O comportamento técnico é medido por resultados do trabalho, mas o modo de se relacionar e a forma como a pessoa trata os clientes e colegas, só é possível medir pelo feedback.
/// Explore o mercado de trabalho – Pesquise sobre a empresa e sobre o cargo. Use o LinkedIn para ver quem são os funcionários e conferir as habilidades exigidas para a vaga. E se tiver a oportunidade de conversar com uma dessas pessoas, pode ser que ajude no preparo.
/// Formalidade – Quando eu entrevisto alguém, sempre falo que é para pensar que é uma conversa normal. Mas não se pode deixar a formalidade de lado.
/// Mantenha sua autenticidade – Não adianta inventar competências e experiências, pois a entrevista é sempre uma via de mão dupla. Ou seja, a empresa tem que querer o candidato e o candidato tem que sentir vontade de ingressar na empresa. Se qualquer competência não for sincera ou for inventada, isso será visto no dia a dia. Além disso, sugiro não entrar numa oportunidade que não trouxer felicidade.
Helenice Resende, psicóloga e coordenadora de Recrutamento e Seleção do Nube, sugere:
/// Preparação com antecedência – Buscar informações sobre a empresa e entender o funcionamento pode antecipar como serão as perguntas do entrevistador. Ficar pensando se vai dar certo acaba atrapalhando. O preparo pode ser a partir do treino de algumas respostas, na frente do espelho, na frente dos familiares. Não é decorar, mas pensar nas possibilidades de mostrar potencial. O ideal é que o candidato reserve alguns minutos do dia para se preparar para o evento.
/// Meditação – A meditação prende a nossa mente no presente. O candidato deve lidar com uma coisa de cada vez. Se a entrevista é no dia seguinte, não fique adiantando a preocupação. Meditar é sentar em um local reservado e ficar em silêncio, pensando em coisas que não exigem do cérebro. Como, por exemplo, focar atenção em partes do seu corpo, ao longo de um período, faz com que a mente fique mais descansada e mais calma. Bem como técnicas de respiração. A mente de quem sofre com a ansiedade não para de pensar. Há diversas técnicas na internet que ajudam a por em prática a meditação.
/// Planejamento – Montar um plano serve para não esquecer das falas e pontos que são importantes de serem mencionados. Depois do planejamento, é ideal que a mente não fique focada nisso, para evitar pensamentos de autossabotagem. No blog do Nube há muitos conteúdos sobre o mercado de trabalho, como se preparar para entrevistas, que também podem ser úteis para o candidato.
/// Retorno da vaga – No final da entrevista, é normal o recrutador dizer em quanto tempo será dado o retorno. Mas se passar o prazo e não houver resposta, dar uma ligadinha não é ruim. Faça isso sem tom de cobrança, para demonstrar que ainda existe o interesse. Uma pergunta não ofende. O que fica chato é ligar no dia seguinte, antes do prazo para retorno ter acabado, pois pode parecer desespero.
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Com a pandemia, entrevistas com candidatos foram adaptadas para o formato online, por videochamada. Katia Almeida dá dicas importantes para esse momento:
– O candidato deve deixar a câmera aberta. Além disso, deve se preocupar com o ambiente na hora da entrevista, priorizar um lugar mais tranquilo e reservado. Ele deve lidar da mesma forma que acontece em uma entrevista presencial, estar arrumado, preparado e organizado. Perguntar se o som do microfone e se a imagem estão em boas condições, demonstra que está preocupado com que os outros estão vendo e ouvindo, então é sempre legal questionar antes de começar a falar.
Por último, Katia explica que em dinâmicas e entrevistas coletivas é essencial respeitar os colegas:
– Use seu tempo para explorar suas competências, não interrompa outros candidatos. Isso é um dos aspectos avaliados. A liderança não é mostrada somente enquanto o candidato fala, mas também enquanto ouve os demais.
Produção: Caroline Tidra