TRABALHO
Produtividade: como se manter organizado
Neurocientista dá cinco dicas que podem ajudar a ter resultados em menos tempo
A pandemia de coronavírus possibilitou a reavaliação do conceito de produtividade. Com as cargas horárias reduzidas e a mudança repentina da rotina presencial para o home office, colaboradores tiveram que se adequar às novas realidades e formatos, e, ainda, manter a produtividade do trabalho. Segundo a neurocientista Thaís Gameiro, especialista em compreender as emoções humanas e o impacto do estresse na saúde e bem-estar das pessoas, o tema produtividade tem sido frequentemente discutido nas empresas.
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– Nosso modelo de trabalho ainda é o industrial, com cargos operacionais pautados na quantidade de tempo que o indivíduo trabalha, e não na qualidade. Mas, de uns anos para cá, essa lógica do tempo tem sido estudada e, por meio de pesquisas, percebemos que isso é um contrassenso. Ser produtivo é, em menos tempo, entregar aquilo que você se propôs a fazer. É alcançar um estado de concentração e realizar a atividade com sucesso em menos tempo – explica a neurocientista.
Conforme uma pesquisa da Harvard Business Review, o trabalho remoto permitiu que o profissional pudesse focar em atividades mais relevantes do que quando trabalhava na empresa presencialmente. Thaís afirma que, apesar das dificuldades iniciais, nas consultorias em que ela presta, as empresas destacam vão optar pelo modelo híbrido em um futuro breve:
– O início do trabalho em home office não foi tradicional, ou seja, aquele que é planejado. O trabalho não era para ser em lockdown, então, claro que existiu um grau de dificuldade. Mas, sem dúvidas, foi uma experiência reveladora para empresas e funcionários. Com menos trabalho operacional, exercermos mais o pensamento crítico e lógico. A pandemia acelerou muito essa reflexão, que não são as horas de fato, mas entregas específicas aliadas a uma boa orientação, planejamento e comunicação.
Motivação e performance
Conforme a especialista, seu trabalho de consultoria nas empresas tenta desmistificar que momentos de relaxamento ajudam no processo produtivo.
– Não devemos exigir de nós mesmos que temos de ser produtivos o tempo inteiro. O tempo livre não é sinônimo de não ter o que fazer. Ter tempo livre é um momento de qualidade para ser criativo e para descansar. Ser produtivo o tempo inteiro é um mito – afirma Thaís.
Outro fator que tem influência na produtividade, de forma presencial ou remota, é a motivação. Thaís explica que um funcionário engajado e reconhecido tem uma performance maior:
– A motivação positiva faz com que ele queira fazer aquilo, de maneira, que, às vezes, não consegue dormir sem fazer a tarefa. Mas a falta de motivação bloqueia ideias boas e a vontade de fazer as coisas novas. Bem-estar, engajamento e motivação são muito importantes. Não adianta a empresa ter um monte de práticas diferentes, se a cultura for nociva e competitiva.
A falta de reconhecimento e de apoio, assim como altos níveis de estresse, podem gerar transtornos como o Burnout.
– Sentimentos negativos, quando o profissional não vê benefícios da sua produção e não tem resultados mesmo com esforço, podem levar ao desenvolvimento de Burnout. Professores, por exemplo, são um público vulnerável, pois gastam muito e, às vezes, não conseguem ver o retorno e, consequentemente, não têm uma performance boa nem produtividade.
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Dicas que podem contribuir
Para a empresa:
/// Independentemente de onde se esteja trabalhando, trabalhar menos tempo, seis horas por dia ou quatro dias na semana, não significa perder a produtividade. Temos como exemplo o Japão, que pratica há um bom tempo essa redução de jornada. Os resultados não foram afetados. Reduzir a jornada de um dia garante mais entrega. Ter boas práticas de gestão não é sair de um modelo, mas é mudar a cultura. É um trabalho árduo e contínuo de aumentar a autonomia, a comunicação e a gestão. Para isso, é preciso investir, e é necessária a confiança entre chefes e colegas para garantir o comprometimento.
Para o indivíduo:
Organização
/// Colocar no papel a sua rotina, o que você faz, desde quando acorda. É importante ter uma rotina. Acordar uma ou duas horas antes de começar a trabalhar gera bem-estar. É possível ter tempo para trocar a roupa, fazer uma leitura ou atividade física e começar na hora que você definiu.
Limites
/// É importante também saber a hora de encerrar. Pensar em parar só quando acabar não é certo, pois o trabalho nunca acaba. Então, defina isso: coloque no plano quanto tempo tem para tarefas específicas e planeje o que fazer depois – um hobby, uma atividade. Ficar no computador não significa que está sendo produtivo.
Evite ser multitarefa
/// Evite ao máximo fazer várias coisas ao mesmo tempo. Sem foco é quase impossível ser produtivo. Você perde tempo, e isso pode aumentar as chances de errar e de se estressar.
Distrações
/// Estipule um momento para pegar o celular. Para se manter focado na atividade é necessário evitar distrações. E todos os aplicativos, entre eles o WhatsApp, atrapalham.
Intervalos
/// Nosso corpo sofre muito no formato home office, o que é bem nocivo para a saúde. Por isso, é essencial levantar, dar uma respirada, ter um intervalo, se alongar. Tudo isso ajuda a gente a ter um dia mais produtivo.
Fonte: neurocientista da Nêmesis, Thaís Gameiro
Produção: Caroline Tidra