Rio Grande do Sul
Estudantes e pais se preparam para o retorno presencial das aulas na rede pública
Escolas recebem os alunos a partir da próxima segunda-feira (21). Confira quais são as regras sanitárias em vigor
Com os materiais novos e organizados na mochila, Alexandra Louzada de Souza Ragagnin, oito anos, já está preparada para o retorno à sala de aula. A rede estadual de ensino volta às aulas presenciais na próxima segunda-feira (21), data em que também serão retomadas as atividades para os estudantes do Ensino Fundamental e Médio das escolas municipais da Capital.
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Neste ano, que é o terceiro de ensino em meio à pandemia de covid-19, dois itens obrigatórios já estão garantidos na mochila de Alexandra: a máscara e o álcool. A menina ingressa no terceiro ano da Escola Estadual Vinte de Setembro, no bairro Rubem Berta.
Com uma certa apreensão sobre o retorno 100% presencial, sem os formatos híbrido ou remoto, os pais da menina, a dona de casa Ana Cristina Louzada Ferreira, 49 anos, e motorista de aplicativos Rodrigo de Souza Ragagnin, 37 anos, reforçaram as orientações:
– Compramos um monte de máscaras para ter reserva na bolsa e também álcool em gel. Conversamos bastante com ela os cuidados. Ela está super feliz com o retorno.
– Eu gosto da volta às aulas porque vou rever meus colegas e dá fazer amigos novos e estudar né – conta a menina com animação.
O período longe da escola ocorreu na fase da alfabetização de Alexandra. Em parceria com as professoras da escola, Ana Cristina adaptou as aulas em casa para introduzir as matérias e criou uma rotina diária de estudos. Além disso, comprou um quadro branco para que Alexandra copiasse os conteúdos, assim não seria tão diferente quando estivesse em sala de aula.
Quadro
– Eu alfabetizei ela em casa e sempre em contato com a professora. Foi uma parceria com certeza. A gente tinha bastante material para imprimir. Mas pensei que quando voltar para escola não vai ter só a folha, vai ter que copiar. Comprei um quadro para incentivar, ela copiava. Assim foi criando um vínculo com a escrita no caderno – conta Ana Cristina.
Outro costume que fazia parte da rotina em casa, era a troca de roupa. Alexandra se arrumava com o uniforme do colégio para o momento do estudo.
– De início achei que teria dificuldade porque ela é dispersa, mas fui surpreendida. Eu explicava brincando e foi bem divertido quando ela tinha que me explicar o que a gente tinha visto. Meu sobrinho começou a vir para cá e, juntos, eles evoluíram bastante. Ele também vai para escola agora. Acredito que estão bem preparados para o retorno – afirma.
Alexandra ainda não está vacinada com a primeira dose da vacina, pois testou positivo para covid-19 há menos de um mês. Conforme orientações das bulas dos laboratórios fabricantes e também do Ministério da Saúde, pessoas que testam positivo devem aguardar quatro semanas para tomar a vacina contra a doença.
Materiais dos últimos anos serão reutilizados
Também preparado para o retorno, Anthony Pinto Carvalho, 11 anos, não precisou de itens novos para compor a mochila. Segundo a mãe, a assistente jurídica, Stefanny Oliveira Pinto, 30 anos, os materiais dos anos anteriores serão reutilizados neste, além da máscara e do álcool. Ele está matriculado na Escola Municipal Professora Judith Macedo de Araújo, no Morro da Cruz, no bairro São José.
– A escola entregou muito conteúdo impresso e os materiais estão muito caros. A única coisa que eu comprei foram canetinhas coloridas, que ele não tinha. E agora como já vai para o sexto ano, já vai usar mais as canetas. Mas o básico, cadernos e mochila, ele vai reutilizar, pois usou muito pouco em 2020 e 2021 – relata Stefanny, destacando que o filho chegou frequentar a escola presencialmente no ano passado.
Para a família composta pela mãe e dois meninos, a rotina do ensino remoto não foi uma experiência fácil. Além de trabalhar em casa, Stefanny faz faculdade e, na sua opinião, o aprendizado de Anthony pode avançar mais durante as aulas na escola.
– Trabalhei desde o início da pandemia em casa e também estudava, tudo em modelo de home office. Tenho outro filho de quatro anos, que demanda de atenção. Foi muito difícil conciliar tudo – relata assistente jurídica.
Questionado sobre a expectativa do retorno, Anthony garante que está animado para rever os colegas, voltar a ter aulas de Educação Física e aprender coisas novas. Já sobre o que não gosta, o menino afirma:
– De ter que usar a máscara e não poder abraçar as pessoas.
Segundo a mãe, Anthony já recebeu orientações sobre os cuidados que deve tomar e está vacinado com a primeira dose pediátrica contra covid-19.
Regras em vigor para as escolas do Estado
Diante desse recomeço, escolas, alunos e familiares têm que observar uma série de regras para garantir a segurança sanitária, uma vez que a pandemia ainda está em curso. O governo do Estado publicou uma nota informativa no dia 31 de janeiro, na qual apresenta recomendações atualizadas para a volta às aulas e condutas para estudantes, pais, professores e funcionários das escolas. Na quarta-feira (16), a nota teve uma nova atualização, mas apenas para a Educação Infantil – cujo retorno ocorreu no dia 9 fevereiro em escolas da Capital, assim como em algumas instituições de ensino privado.
O Estado reforça a necessidade de manter a caderneta de vacinação atualizada e recomenda a vacinação contra a covid-19 das faixas-etárias elegíveis. O comprovante de vacinação de crianças e adolescentes não é exigido em nenhuma rede, seja ela municipal, estadual ou privada.
Confira as principais orientações:
Uso de máscara
/// Crianças de até três anos não devem usar máscara. O apetrecho é opcional entre aquelas de quatro a 11 anos. A partir dos 12 anos, o uso da proteção para estudantes, professores e funcionários é obrigatório.
/// A máscara deve cobrir o nariz e a boca, estar bem ajustada ao rosto e, idealmente, deve ser trocada a cada duas ou três horas, ou sempre que estiver úmida ou suja. O governo do Estado recomenda que os adultos em ambiente escolar utilizem máscaras cirúrgicas descartáveis, que podem ser usadas sob uma máscara de tecido bem ajustada para aumentar sua vedação.
Revezamento
/// Na rede estadual de ensino, a previsão é de que não haja nenhum tipo de revezamento – aquele formato adotado até o ano passado, em que o estudante vai à escola em uma das semanas e, na outra, realiza as atividades de casa. O mesmo acontece na rede privada, que não tem mais obrigação de oferecer aulas no modelo híbrido, exceto para casos em que o aluno tem algum problema comprovado de saúde.
Distanciamento
/// O regramento estadual recomenda que seja mantido o distanciamento físico de pelo menos 1 metro entre as pessoas em ambientes com ventilação cruzada natural (portas e janelas abertas) e uso de máscaras de proteção facial. Alguns comportamentos sociais, como aperto de mãos, abraços, e beijos também devem ser evitados por alunos e trabalhadores.
Higiene
/// As escolas devem oferecer álcool 70% em diferentes pontos da instituição e sabonete líquido e papel toalha nos banheiros, para higienização frequente das mãos. Superfícies de uso comum devem ser limpas com frequência. Ambientes como salas de aula, refeitórios, corredores, banheiros, pátios e outros devem ser higienizados antes de cada turno de aula ou antes do uso por alunos diferentes. O uso de bebedouros deve ser limitado apenas à reposição de água em copos ou garrafas individuais.
Orientações aos pais
/// Pais ou responsáveis legais não devem levar o estudante à escola se ele estiver doente ou se algum morador da casa estiver com sintomas respiratórios. Todo teste positivo, seja da criança ou de algum habitante do mesmo domicílio, deve ser comunicado à escola
Afastamento por covid ou suspeita
/// Quando um estudante apresentar suspeita de covid-19 em ambiente escolar, seja na Educação Infantil ou no Ensino Fundamental ou Médio, ele deve ser isolado em local destinado exclusivamente para este fim até que possa ser levado pelos pais ou responsáveis legais ao atendimento médico.
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Tempos de isolamento
Educação Infantil
/// Casos confirmados: deverão ser intensificados o monitoramento de sintomas nos demais alunos e professores pelo período de 14 dias. Os pais ou responsáveis deverão ser orientados a monitorar, também no domicílio, a ocorrência de sintomas durante o período, sendo necessário comunicar a escola se houver a manifestação de sintomas no aluno. No caso de estudante sintomático com impossibilidade de testagem, a recomendação é que o isolamento dure 10 dias.
/// Turma com três ou mais casos confirmados: suspensão das aulas presenciais da turma por 10 dias, a contar do último dia de comparecimento do último aluno positivado.
/// Criança assintomática e com familiar positivo: 10 dias de isolamento, contando a partir do início de sintomas do contato positivo. O restante da turma permanece em atividade presencial.
Ensino Fundamental e Médio
/// Casos confirmados: isolamento de sete para aqueles que estão com o esquema vacinal com duas doses ou 10 dias para quem está com a vacinação incompleta ou sem nenhuma dose. O prazo conta a partir da coleta do exame ou do início dos sintomas.
/// Turma com caso confirmado: turma deve ser monitorada, afastando por 10 dias aqueles considerados contato próximo (colega no mesmo ambiente fechado, por mais de 15 minutos, sem distanciamento mínimo de 1,5 metro e sem uso de máscara ou usando incorretamente). É possível encerrar o afastamento no sétimo dia se o aluno estiver assintomático e com teste não reagente realizado no mínimo no 5º dia após o contato.
/// Estudante assintomático e com familiar positivo: 10 dias de isolamento domiciliar, contando a partir do início de sintomas do contato positivo. O restante da turma permanece em atividade presencial.
Professores e funcionários
/// Casos positivos: funcionários e professores deverão ficar afastados de sete dias (vacinação) a 10 dias (não vacinados ou com vacina em atraso), a contar da coleta do exame ou do início dos sintomas.
/// Professores da Educação Infantil: afastamento do educador e de toda a turma por 10 dias. No caso de professores que ministrem aulas em mais de uma turma, monitorar a ocorrência de casos suspeitos nessas classes.
/// Contato com caso confirmado: profissionais considerados contato próximo a casos confirmados deverão realizar quarentena por 10 dias, podendo fazer teste rápido de antígeno a partir do 5° dia do contato com o caso positivo. Se o teste der negativo, poderão retornar as atividades, desde que transcorridos no mínimo sete dias a partir do último contato com o caso confirmado e se estiverem sem sintomas neste período.
Protocolos de Porto Alegre
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre divulgou no dia 8 de fevereiro o documento de Prevenção de Surtos e Cuidados Relacionados à Covid-19, que traz orientações e esclarecimentos para um retorno mais seguro às aulas durante a pandemia. O documento tem regras semelhantes às do Estado e mais algumas especificidades.
– Os nossos protocolos estão alinhados com o Estado, foi feito junto com a Secretaria Estadual de Saúde e a Vigilância em Saúde. É sempre importante que a gente seja ainda mais preventivo, com mais cuidados, se necessário – afirma a secretária municipal de Educação, Janaina Audino.
O uso de máscaras é obrigatório para professores, funcionários e alunos a partir de 12 anos, sendo que as máscaras consideradas adequadas são as que têm três camadas: cirúrgica, KN95, PFF2, ou N95.
O documento recomenda ainda a busca ativa diária de sintomas, com indagação sobre as últimas 48 horas de sintomas no criança ou familiares. Os sintomas a serem observados são:
/// Febre ou sensação de febre;
/// Cansaço;
/// Dor de garganta;
/// Tosse;
/// Cefaleia (dor de cabeça);
/// Coriza;
/// Diarreia;
/// Alteração no olfato ou no paladar;
/// Adinamia (fraqueza muscular) ou mialgia (dor muscular);
/// Em crianças pequenas, obstrução nasal.
O município também orienta que, ao primeiro caso positivo, a escola deverá comunicar imediatamente a Coordenadoria de Saúde, responsável por auxiliar na condução do caso. A SMS fará o monitoramento dos surtos na cidade, identificando e atuando ativamente em casos reincidentes e/ou de difícil resolução.
Na rede municipal de Porto Alegre, ainda pode haver revezamento, mas apenas se o número de estudantes exceder a capacidade máxima da sala de aula. Nesses casos, a turma poderá ser dividido em, no máximo, dois grupos, com atendimento semanal.
Sem exigência de teste para a volta
Alunos e funcionários que tiveram covid-19 não precisarão apresentar novo exame ou atestado médico. Para isso, no entanto, é preciso relatar ausência de sintomas e cumprir o tempo de afastamento recomendado.
Da mesma forma que a norma estadual, é recomendado o distanciamento físico de pelo menos 1m entre as pessoas, em ambientes com ventilação cruzada natural e uso de máscaras. Mas no regramento municipal, para a Educação Infantil, tem distinção no distanciamento: deve ser respeitada uma área mínima de 2 m² para turmas de zero a dois anos e uma área mínima de 1,20 m², para as demais faixas etárias.