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Seu Problema é Nosso

Grupo precisa de apoio financeiro para finalizar filme sobre dislexia em Porto Alegre

Longa-metragem, que busca discutir formas mais inclusivas de educação, precisa de R$ 10 mil para ser concluído

26/05/2022 - 10h49min

Atualizada em: 26/05/2022 - 11h06min


Arquivo pessoal / Reprodução
A diretora estima que serão necessários mais 20 dias intensos de filmagens para que essa etapa esteja concluída

Foi com o sobrinho Luckas Santos, 16 anos, que a produtora audiovisual porto-alegrense Joice de Cassia Santos de Oliveira, 37 anos, conhecida como Joice Oliver, notou os desafios que pessoas com dislexia, distúrbio que dificulta a aprendizagem, enfrentam durante a formação educacional. 

– Percebemos que falta o amparo necessário para essa pessoa viver, ter qualidade de vida e se inserir na sociedade. Muitas vezes a escola, a família e os educadores não estão preparados para cuidar dela – explica Joice. 

Por isso, ela decidiu usar seus conhecimentos cinematográficos para fazer o filme Lição de Casa. A obra, que está em fase de gravação, mostrará a amizade dos colegas de sala de aula de Lucas, um menino com dislexia, e Maria Flor, uma menina cega, com o objetivo de discutir formas mais inclusivas de educação. 

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O longa gaúcho, que está sendo filmado na Vila Mapa, na zona leste da Capital, tem o apoio da Associação Brasileira de Dislexia (ABD) e precisa de R$ 10 mil para ser finalizado. 

– Nossa maior dificuldade é pagar transporte e alimentação das 25 pessoas envolvidas no projeto, que são voluntárias e ficam muitas horas gravando. Além disso, têm muitos menores de idade que fazem parte da iniciativa e que precisam ser deixados na porta de casa – detalha Joice. 

O grupo, que está atuando de forma independente, conta que, até o momento, foi possível realizar a produção por meio de doações de familiares, amigos e empresas. Porém, agora a equipe está sem qualquer recurso financeiro para dar continuidade ao projeto. Por isso, eles pedem ajuda.

Arquivo pessoal / Reprodução
À frente, os personagens Lucas e Maria Flor

Diversidade 

O filme não só discute a inclusão, como também a promove. Na equipe há pessoas com dislexia, surdez e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). O grupo trabalha de uma maneira única, com roteiros e comunicação adaptados, para que todos consigam participar ativamente. 

Patrícia Ávila, 50 anos, é integrante do projeto e interpreta a professora de Geografia Diana. Ela conta que, há cerca de um ano e meio, junto com o filho, descobriu que tinha dislexia. Por todo esse tempo, Patrícia relata que não compreendia as dificuldades que tinha, como para ler roteiros e decorar textos:

– Muitas pessoas não sabem que têm dislexia. Me sinto privilegiada de saber que podemos trazer isso ao público e ajudar as pessoas com essa dificuldade a se entenderem – diz. 

Arquivo pessoal / Reprodução
Patrícia Ávila interpreta a professora de Geografia Diana

O sentimento é compartilhado por Luckas, inspiração para o filme e que agora dá vida ao protagonista com o mesmo nome: 

– Estou muito feliz de fazer esse trabalho, porque vou ajudar, de certo modo, as pessoas que têm dislexia a se identificarem com o filme e a não passarem o que eu passei – comenta.

O propósito do filme é algo que alegra Rachel Campos, 38 anos, da equipe de produção. Ela deixou de ouvir quando tinha três meses e, apesar de ser fã de cinema, sente falta de representatividade e diversidade nos elencos e filmes. Por isso entende a importância do Lição de Casa. 

– Fico feliz de poder trazer essa mensagem de que a arte e a cultura são direito de todos. Quero ser um exemplo de que o amor e a empatia abrem portas para sermos o que quisermos, independentemente da situação em que nos encontramos – explica.

Arquivo pessoal / Reprodução
Rachel Campos faz parte da equipe de produção

Percurso 

O projeto deu os primeiros passos em 2018, quando as diretoras Joice e Juli Torquato começaram a escrever o roteiro. Em busca de verbas, elas foram atrás de editais públicos, mas não obtiveram sucesso. 

Foi quando decidiram seguir com a proposta de forma independente. Mas, às vésperas das filmagens, o projeto teve que ser pausado por conta da pandemia de covid-19. Em dezembro de 2021, após todo o grupo ser vacinado e as aulas estarem presenciais novamente, a equipe decidiu retomar o projeto. 

Agora, em fase de gravação, a diretora estima que serão necessários mais 20 dias intensos de filmagens para que essa etapa esteja concluída. Após, o material será editado por Joice e depois divulgado amplamente a partir da produtora Catrina Filmes, parceira da iniciativa e que irá distribuir o filme de forma gratuita.

Entenda o que é a dislexia

A dislexia é um transtorno genético específico de aprendizagem, caracterizado pela dificuldade de ler, escrever e soletrar com fluência. Por isso, os sintomas se tornam mais evidentes durante a fase de alfabetização. Apesar disso, há casos em que o distúrbio só é descoberto na fase adulta.

Por se tratar de um transtorno genético, não há como prevenir a dislexia. Porém, é possível ficar atento aos sinais e identificá-la, assegurando uma qualidade de vida melhor para o portador. 

Os sintomas podem incluir: dificuldades para nomear letras, cores e número, erros de pronúncia e reconhecimento de palavras, dificuldade na produção textual, com velocidade abaixo do que é esperado para a idade e escolaridade, e a troca de lugar de letras da palavra ao escrever ou falar.  

Na escola e em casa, a abordagem deve ser feita com cuidado, de forma a não desestimular ou limitar o desenvolvimento da pessoa. 

Como ajudar a iniciativa

/// É possível fazer doações pelo PIX 97.552.136/0001-46.
/// Mais informações com Joice pelo WhatsApp (51) 99607-1175 ou pelas redes sociais do projeto no Instagram e Facebook @licaodecasaofilme.

Produção: Júlia Ozorio



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