Hábito de ler
Campanha incentiva a leitura em Cachoeirinha
Proposta partiu do Instituto Cultural e Social Ágora e busca mobilizar grupos, empresas, órgãos públicos, estabelecimentos e qualquer um que se engajar na ideia
O nome da campanha dá a letra: "Vamos Ler, Cachoeirinha?". A iniciativa, proposta pelo Instituto Cultural e Social Ágora, quer incentivar a leitura na cidade. Para isso, busca parceiros que se empenhem em pôr em prática ações com essa finalidade. Criar espaços de leitura ou de troca-troca de livros e promover oficinas e concursos literários são algumas das ideias — mas os próprios interessados também podem dar sugestões.
— Tem uma infinidade de coisas que dá para fazer e nós estamos sempre à disposição para ajudar a montar e para dar um empurrão inicial — destaca a produtora cultural e jornalista Sônia Zanchetta, presidente do instituto.
A campanha teve início em 21 de fevereiro e um grupo foi criado no Facebook ("Campanha Vamos ler, Cachoeirinha?") para que os parceiros possam compartilhar o que estão fazendo. Para aderir ao projeto, basta informar na própria página, pelo e-mail contato@institutoagora.org ou pelo WhatsApp do número (51) 99116-9040. A ideia é que as ações tenham continuidade e que a campanha se torne um programa permanente.
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Apoio na cidade
Pessoas, empresas, organizações, coletivos, órgãos públicos: em resumo, qualquer um que se engajar na proposta pode participar. A campanha se junta a outras atividades mantidas pelo Instituto Ágora.
A entidade surgiu em meio à pandemia, em 2020, e tem sua história atrelada à biblioteca comunitária Sol e Lua e a outras iniciativas que Sônia realiza na cidade. Assim, além desse espaço, o instituto englobou projetos como a Parada da Leitura, uma parada de ônibus onde são disponibilizados livros desde 2017, a Semana da Poesia de Cachoeirinha e a bicicleta-biblioteca Magrela dos Livros. Doações de obras são aceitas pelo instituto.
— Continuamos tocando tudo que fazíamos antes, mas agora queremos mais parceiros, que mais gente da comunidade também se envolva.
Organizações como o Sesc Cachoeirinha e órgãos como a Câmara Municipal se aliaram à campanha, assim como leitores que querem espalhar o hábito da leitura.
Pastel e… livros
Para que se costuma ir a um restaurante? A resposta deve ter surgido rápido: para comer e beber. Mas um estabelecimento em Cachoeirinha entrou na campanha do instituto e criou um novo propósito. Em frente à pastelaria Mujicas, no bairro Vila Cachoeirinha, a primeira coisa com que os clientes se deparam são livros. É que ali foi montada uma estante com obras que as pessoas podem pegar e levar. É a minibiblioteca Libros Al Paso.
Foi a crença no impacto social da literatura e a vontade de propiciar um momento de paz a quem pega um livro que motivaram a pastelaria a aderir à campanha. Entre os clientes, a curiosidade é o que o empresário Daniel Carvalho, dono do estabelecimento, vê surgir.
_ Nós também estimulamos: "Vocês viram a minibiblioteca?". Aí, tem aquela pessoa que diz: "Não leio, não tenho tempo, não sei o quê", mas daqui a pouco percebemos que ela está ali, curiosa, vai e pega um livro.
Quem apenas passa em frente à pastelaria também tem aproveitado a iniciativa, que aceita doações. A estrutura fica na rua justamente para estar à disposição das pessoas a qualquer hora e também para criar uma relação de confiança, esclarece Daniel.
Pausa na rede
O calendário já está organizado até dezembro: uma vez por mês, as 35 escolas municipais de Cachoeirinha vão parar por cerca de 30 minutos para ler. O convite não é só para alunos, mas se estende a professores, funcionários, diretores e a qualquer pessoa que estiver no espaço escolar, explica Simone Medeiros, responsável da Secretaria Municipal de Educação pelas bibliotecas das escolas municipais e pelos projetos de leitura.
— Além de a leitura ser feita no dia a dia, na formação de hábito diário, no trabalho com o aluno, também a força desse ato simbólico de todas as escolas parando e lendo, isso tem uma representatividade muito grande, nas famílias também, na comunidade escolar como um todo — avalia.
A iniciativa, chamada de Pausa para a Leitura, foi uma forma de a secretaria aderir à campanha do instituto. Como pontua Simone, cada local tem autonomia para definir o tempo e como vai funcionar a atividade.
Em casa
Duas edições da pausa já ocorreram. Na última, em maio, nem todas as escolas fizeram a ação porque as aulas foram suspensas devido ao alerta para tempestade no Estado. Mas na Granjinha, de Educação Infantil, a atividade virou tema de casa.
A tarefa foi um incentivo a mais para a pequena Helena Alves Anjos da Silva, quatro anos. A menina está despertando um interesse pelas letras e tem criado o hábito de ter contato com livros todas as noites, conta a mãe, a professora Fernanda Alves.
— Eu pego o livro, leio para ela a parte do dia, e ela vai olhando as imagens. Depois, eu entrego o livro e ela vai folheando e relendo para mim do que ela entendeu.
Além do ensino infantil, o Fundamental e o de jovens e adultos (EJA) também têm participado da Pausa para a Leitura. A edição de junho está marcada para o dia 15.
Produção: Isadora Garcia