Na edição de 1º de julho, o DG contou a história de um atleta que esperava apenas por uma oportunidade. Bryan Souza Brião, 14 anos, morador do bairro Rubem Berta, na zona norte da Capital, precisava de ajuda para custear uma viagem ao Rio de Janeiro, onde participaria da 16ª Copa Rio Internacional de Judô, entre os dias 22 e 24 de julho. E ele conseguiu. 

Para tornar o sonho realidade, a família criou uma vaquinha online em maio, com meta de R$ 2 mil. Na época da publicação, pouco mais de 30% do esperado tinha sido atingido. E Bryan ainda não estava inscrito na copa. Mas o jogo virou.

— A gente não estava conseguindo o dinheiro e daí, aos 45 do segundo tempo, ter conseguido arrecadar tudo, ir pra lá e eu conseguir ganhar foi muito bom. Até agora é difícil de acreditar — resume o jovem.

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Metas atingidas

Depois da publicação no jornal, Bryan fez um vídeo para postar em seu Instagram, falando sobre o apoio que precisava. Como resultado da divulgação feita, conquistou cerca de R$ 1.800 por meio da vaquinha, mais R$ 700 via Pix, calcula a mãe, a técnica de enfermagem Luciana Souza dos Santos, 47 anos. O valor foi usado para hospedagem, locomoção e refeições.

As doações vieram de pessoas da família e do convívio do garoto, mas também de desconhecidos. Um familiar topou pagar a inscrição no torneio.

E deu resultado. Bryan obteve medalha de ouro na categoria sub-15/médio. A copa, realizada pela Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro, com chancela da Confederação Brasileira de Judô, tem divisões por idade e por peso.

— A gente já estava esperando o terceiro, quarto lugar e, de repente, sair como primeiro... é uma coisa que não dá pra dizer o que sentiu na hora. E fora a repercussão toda, depois — lembra a mãe, que diz ainda se emocionar com a conquista.

Impacto ao redor

Hoje dono de 11 medalhas, sendo uma de bronze e o restante de ouro, Bryan tem menos de um ano de experiência no judô. Ele treina no Grêmio Náutico União. Desde os oito anos, porém, pratica jiu jitsu — atualmente na academia Alliance Mário Reis. Os esportes fazem parte de sua rotina de segunda a sábado, quando sai de casa às 16h para treinar e chega depois das 23h.

A entrada do garoto no mundo das artes marciais teve incentivo do pai, Vilmar Machado Brião, que faleceu, neste ano, vítima de um câncer. A gratidão persiste no jovem, que se sente "orgulhoso e feliz" por ter sido colocado nesse caminho.

No judô, um dos professores que acompanham Bryan desde o início é o técnico Rafael Garcia. Otimista, ele explica que a preparação do garoto foi mantida mesmo sem se ter a certeza de que conseguiria ir ao campeonato.

Segundo o técnico, a ida do jovem ao torneio foi importante para ensinar que, apesar das dificuldades, é necessário seguir treinando e acreditando que é possível. 

O futuro

Em 6 de agosto, o atleta participou de uma seletiva e passou: em novembro, deve estar junto à Seleção Gaúcha de Judô nos Jogos Escolares, previstos para o Rio de Janeiro. Nesse caso, o custeio possivelmente será garantido pela federação responsável, esclarece a mãe. 

Olhando para o futuro, o judoca já tem uma meta traçada. Quer ser campeão olímpico e mundial e poder passar adiante os aprendizados e a sua experiência, como palestrante ou professor. É justamente a vontade de mirar no ponto mais alto que o técnico Rafael Garcia tenta motivar nos alunos, destacando a necessidade de que trabalhem diariamente o esporte para que isso se torne realidade. Com certeza, assim, no caminho, mais oportunidades surgirão.

Produção: Isadora Garcia