Reconhecimento
Bicampeões de robótica de Rio Grande vão para torneio internacional na Holanda
Estudantes da Furg foram classificados para o Robocup 2024, que acontece em julho; equipe concorre com robô Doris, capaz de executar tarefas domésticas
A equipe de robótica da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), batizada de FBOT, começou o ano com o pé direito: o grupo foi classificado para participar do Robocup 2024, torneio mundial de robótica que acontece em julho em Eindhoven, na Holanda. Eles concorrem com um robô que realiza tarefas domésticas, como ajudar a carregar as compras.
Chamada de FBOT@Home, a parte da equipe que se dedica ao projeto é composta por 16 alunos e coordenada por dois professores da instituição. O processo seletivo para a competição teve início em novembro, logo após a consagração com o bicampeonato na Competição Brasileira de Robótica (CBR). No dia 8 de janeiro, o grupo recebeu a notícia da classificação para o mundial, após terem enviado um vídeo apresentando o projeto.
A equipe é uma das duas no Brasil que se classificaram nesta categoria, exclusiva para robôs com finalidades domésticas. E não é a primeira vez que o projeto ganha reconhecimento internacional. Em 2022, ficou em terceiro lugar no Robocup, que aconteceu na Tailândia. Já em 2023, a competição mundial foi na França, e o grupo ficou em nono lugar na categoria.
Agora, a expectativa é poder levar mais integrantes da equipe ao evento, que acontece entre 17 e 21 de julho, e trazer mais um prêmio na bagagem.
— Nos últimos campeonatos mundiais, levamos quatro pessoas. Acaba sendo difícil ir mais gente, são muitas pessoas para viajar, mas estamos trabalhando para levantar recursos e conseguir participar com mais membros. Fomos com toda a equipe no último torneio nacional, e deu muito certo, somos bicampeões — diz um dos líderes do FBOT@Home, Jardel Dyonisio, de 24 anos.
Recém-formado em Engenharia de Automação na Furg, o estudante entrou para a equipe em 2019, e conta que tem sido gratificante viver essas experiências no Brasil e no mundo. Ele participou dos eventos internacionais nos últimos anos. Para Pedro Edom Nunes, 22 anos, que ainda não chegou a participar de um torneio mundial de robótica, integrar o grupo tem trazido oportunidades e aprendizados importantes.
— Acredito que é importante ir aos eventos para entrar em contato com equipes de alto nível e trocar conhecimentos, mas também para mostrar que o Brasil consegue fazer tecnologia de ponta, que nosso Estado e nossa cidade têm esse potencial. Temos pessoas aqui pesquisando tecnologias avançadas para o ambiente doméstico. Então, esses eventos trazem visibilidade não só para a equipe, mas para o nosso país — diz o aluno, que está no sétimo semestre do curso de Engenharia de Computação na Furg e entrou no FBOT há um ano.
O estudante Luís Felipe Milczarek Quadros, 26 anos, conta que participar da equipe e dos eventos tem sido uma experiência muito rica.
— É uma grande oportunidade de crescimento individual, porque entramos contato com diversos nomes da área. Não só do meio acadêmico, mas também da indústria, onde vemos inclusive brasileiros atuando em empresas de fora — diz o estudante do quarto ano de Engenharia de Automação.
Conheça o robô Doris
O grupo de robótica da Furg existe desde 2002, mas o projeto do robô doméstico começou em 2018. Desde então, vem sendo aprimorado e conquistando prêmios Brasil afora. O robô foi batizado de Doris, acrônimo de Domestic Robotic Intelligent System (Sistema Inteligente Robótico Doméstico, em tradução livre).
Embora não seja um fator decisivo para ganhar pontos nos torneios, os alunos decidiram dar feições para o robô, para que pudesse expressar emoções. Doris possui um rosto humanoide animatrônico, capaz de movimentos como piscar o olho, mexer mandíbula e sobrancelhas, para sorrir ou fazer uma “cara” triste.
— É um robô feito para ser um assistente da casa e fazer companhia, até em casos de pessoas idosas, por exemplo, que precisam de algum tipo de cuidado. Ele pode auxiliar em tarefas básicas da casa — explica Jardel.
É um robô feito para ser um assistente da casa e fazer companhia, até em casos de pessoas idosas, por exemplo, que precisam de algum tipo de cuidado.
JARDEL DYONISIO
Integrante da equipe
O robô de 1m60cm e 58 quilos é capaz de interagir com o ambiente, identificar objetos e ajudar com tarefas simples. Na categoria Home, o robô é avaliado ao executar tarefas domésticas simples, como levar o lixo para fora de casa. Doris consegue receber uma visita em uma residência, por exemplo, e conduzir a pessoa até o sofá da casa, entre outras ações.
Para isso, o robô possui um braço mecânico e um sistema de navegação que inclui sensores e câmeras onde ficam os “olhos”. Doris também conta com um banco de dados com perguntas para poder interagir com humanos.
Custos da viagem
Conforme Jardel, para custear a viagem à Holanda, a estimativa é que eles gastem cerca de R$ 100 mil, considerando os seis alunos que devem ir ao evento. Os custos incluem alimentação, transporte e taxas de inscrição. Uma vaquinha foi criada para receber doações.
A FBOT também vende produtos personalizados da equipe, como canecas e botons. As informações podem ser conferidas pelo Instagram, nos perfis @furgbot e @furgbotstore.
O grupo tem patrocínio da Refinaria de Petróleo Riograndense e do iCourt, e conta com apoio da Furg, Centro de Ciências Computacionais (C3), Fundação de Apoio à Universidade Federal do Rio Grande (FAURG), Prefeitura do Rio Grande e Câmara Municipal do Rio Grande.