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Em Alvorada, moradores reclamam das condições do cemitério municipal

Entre os principais pontos levantados, estão a falta de manutenção de túmulos, a presença de cães e o mato alto.

13/02/2024 - 05h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho

Desde que nasceu, a dona de casa Marlei Ortiz, 48 anos, vive no bairro Formoza e é vizinha do Cemitério Municipal de Alvorada. Neste tempo, se acostumou a certas inconveniências: o eventual mau cheiro, a falta de manutenção do espaço que fica em frente à casa dela ou mesmo o movimento no Dia de Finados que causa transtornos à Rua Central – que, segundo ela, nunca recebeu asfalto. 

– Tinha problemas, mas faziam manutenção. Só que, de uns quatro anos para cá, piorou muito. O cheiro ficou insuportável, tem mosquito e mosca de tudo que é lado. E a gente vive no meio disso. Comer é horrível, não pode deixar panela aberta – lamenta. 

Além disso, ela cita a situação do muro do cemitério, que fica do outro lado da rua, e é também a estrutura onde ficam os lóculos, conhecidos popularmente como gavetas. Marlei conta que a parede tem grandes rachaduras e, por elas, escorre necrochorume – o líquido decorrente da decomposição dos corpos. 

– Há uns anos, fui lá e pedi para um funcionário fechar o buraco. Ele fechou e queria cobrar de mim o preço do cimento. Agora, já está tudo rachado de novo – diz.

Área interna

Dentro do cemitério, a dona de casa conta que a situação também é problemática. A manutenção do túmulo da mãe dela, sepultada no local, tem que ser feita pela própria família. Algo que Marlei observa ser normal. Porém, há espaços não cuidados por familiares: 

– Eles não cuidam, então tem uns (túmulos) que estão abertos. Tem caixão violado, o mato tomando conta porque não tem capina. É bem complicado. 

As situações incômodas já foram motivo de diversas reclamações aos funcionários que administram o local. Na parte interna, há uma casa que, explica Marlei, serve como secretaria. Ela diz que já foi diversas vezes até lá relatar os problemas e transtornos que a vizinhança enfrenta. O retorno, porém, é sempre o de que não há o que se possa fazer: 

– Uma vez reclamei do cheiro e do líquido escorrendo no muro e uma moça riu da minha cara. Disse que era normal e tínhamos que aguentar. Vê se pode?

“Tive que velar minha mãe em uma hora”

O autônomo Evandro Mendes Moreira, 61 anos, sepultou a mãe no Cemitério Municipal de Alvorada em 21 de dezembro do ano passado. E diz “nunca ter visto” algo como o que teve que passar naquele dia. 

– Quando liberaram o corpo, à tarde, me disseram que o velório não poderia passar das 17h porque não tinham como garantir a segurança. Tive que velar minha mãe em uma hora. As pessoas nem puderam se despedir – conta ele que, ressalta, no passado, já ter ficado em diversos velórios durante a madrugada. 

Evandro diz que a justificativa de falta de segurança no local faz sentido. Morador do bairro Sumaré, ele conta também que ouve constantemente sobre assaltos na área do cemitério. 

Pneu furado 

E, assim como Marlei, ele reclama das condições estruturais do espaço: 

– Tivemos que empurrar em uma subida o carrinho com o caixão porque ele estava com o pneu furado. E o local está muito malconservado, com mato, túmulos abertos. Vários cachorros são criados lá dentro e eles atacam as pessoas. 

Evandro diz ainda que chegou a buscar ajuda da prefeitura, e junto à Procuradoria Municipal, teria aberto o protocolo de número 1839/2024. A reclamação, no entanto, não gerou os resultados esperados por ele.

Prefeitura não reconhece problemas citados

Procurada pela reportagem, a prefeitura de Alvorada negou quaisquer problemas no Cemitério Municipal da cidade. Em nota, afirmou que a Secretaria de Serviços Urbanos realiza, a cada 50 dias, capina e, quando necessário, o corte e poda de árvores. 

A violação de túmulos também foi refutada pela administração municipal. A nota diz que “foram realizadas as manutenções das gavetas e que, em relação ao cheiro, as novas unidades possuem tubulação/respiradouro, algo necessário para que o necrochorume seja armazenado e, posteriormente, coletado pela empresa contratada que realizará a destinação final dos resíduos”.

O município apontou ainda que é possível a realização de velórios após as 17h. Para isso, “um termo de responsabilidade pelo corpo é assinado”, diz a resposta. Por fim, afirmou desconhecer casos de assaltos na região, frisando que o posto da Guarda Municipal está localizado a cerca de 500 metros do cemitério, na mesma rua.

*Produção: Guilherme Jacques


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