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Papo Reto 

Manoel Soares: "Sol ou sombra?"

Colunista escreve para o Diário Gaúcho aos sábados 

03/08/2024 - 05h00min

Atualizada em: 03/08/2024 - 05h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Reprodução / @manoelsoares
Colunista reflete sobre a importância dos altos e baixos da vida.

Lutar e vencer não é para todos. Alguns querem sombra e água fresca ao invés de um lugar ao sol, é compreensível. Mas, como minha mãe sempre disse, o plantio é opcional, mas a colheita é inevitável. Essa consciência diz muito sobre quem somos e como vemos a vida. 

Algumas pessoas, quando chegam no meio de uma jornada e se dão conta de que não conseguiram alcançar nem um terço dos seus objetivos, sentem a frustração devorar sua energia vital. Aos poucos, reduzem a velocidade, até que entendem que desistir é o melhor caminho. Por um tempo, eu cometi o erro de chamar essas pessoas de derrotadas, mas eu estava errado: elas só são rígidas, não têm flexibilidade mental e emocional para jogar a capoeira da vida. Já fui assim, já abandonei lutas por achar que era fraco demais, mas na verdade tinha algo extremamente forte em mim: a minha insegurança. 

Me lembro que culpava tudo a minha volta, lembrava até da minha professora do 2º ano, que me fazia ser o último a sair para o recreio me deixando só com cinco minutos dos 20 que tínhamos. Mas esquecia que ela fazia isso para me ensinar o que eu não aprendia: quando decidi parar de a responsabilizar, me dei conta de que ela também perdia o intervalo. 

Eu culpava minha mãe por me fazer acompanhar ela nas faxinas, onde eu tinha que ficar trancado no quarto da empregada, só com gibis da Mônica. O resultado disso é que muitas das crianças da minha época não passaram dos 25 anos, e alguns só aprenderam a ler aos 15 e eu lia bem aos 10. 

Parei de ver minhas experiência dolorosas como ruins. Elas fazem parte de mim assim como as boas, e não posso me dar ao luxo de desistir de nada, pois fui forjado na crença de pessoas que viam em mim muito mais do que um moleque bagunceiro e desbocado. Minha insegurança, quando entendi isso, foi substituída pela convicção de que tenho que conquistar espaço para que entregue o bastão para as novas gerações o mais longe possível. 

Depois de ler esse texto, você prefere um lugar ao sol ou sombra e água fresca?

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