Papo Reto
Manoel Soares: "Barro Raro"
Colunista escreve para o Diário Gaúcho aos sábados
Eu quando conheci a Dinorá, minha esposa, não foi aquele negócio de amor à primeira vista, foi um encontro de afinidades e desejos. Mas o amor começou a existir quando me apaixonei por dona Sônia. Sim, eu me apaixonei pela minha sogra antes de amar minha esposa.
Foi muito impactante conhecer aquela senhora que tinha um aspecto ancestral e uma fala que, mesmo para pedir um copo de água, trazia uma energia cerimonial de realeza. Sem nunca se entregar à vulgaridade ou a palavras sem objetivo, conseguia ter um humor refinado pela vida. Moradora de Alvorada em uma época em que a cidade não gozava de boa fama, ela conseguia imprimir um orgulho que bloqueava comentários indesejáveis. Quando vi a semelhança dela com Dinorá, entendi que seria inteligente investir ali meu amor, pois conhecemos os frutos pela beleza da árvore. A árvore Sônia era e é linda. Assim como dona Ivanete, minha mãe, dona Sônia é um ponto cardeal de minhas decisões, é daquelas pessoas que não profere críticas aos nossos atos, somente levanta uma das sobrancelhas e isso é suficiente.
Reveja seus conceitos
Aos amigos que seguem a tradição sem sentido de ter a figura da sogra como algo indesejável, recomendo que revejam: podem estar perdendo uma mãe que a vida lhes deu. Se sua sogra não gosta de algo em você, tente entender o porquê, provavelmente a parte de você que ela não gosta também não lhe é útil. Dona Sônia, essa mulher que todos deveriam conhecer, neste momento precisa de orações para que passe por uma turbulência de saúde. Peço aos amigos que leem essas palavras que direcionem suas boas energias para essa mulher, que é feita de um barro raro.
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