Polícia



Confusão

Homem é confundido com bandido após ter número da placa do carro trocado

Um erro na expedição da placa do veículo que o empresário Silvestre Sarti Junior dirigia causou uma confusão com direito a perseguição policial em Porto Alegre na última segunda-feira 

15/07/2016 - 18h58min

Atualizada em: 15/07/2016 - 18h59min


Ana Karina Giacomelli
Ana Karina Giacomelli
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Um homem de 45 anos vivenciou momentos de total desespero ao ser confundido com um bandido na tarde de segunda-feira, dia 11, em Porto Alegre. O empresário Silvestre Sarti Junior foi perseguido por dois policiais civis, que ele acreditava serem assaltantes, na Avenida Nilo Peçanha, Zona Norte da Capital. A confusão se deu por dois motivos: a placa do carro que ele havia comprado, há quatro dias, estava com a numeração errada e ele não sabia. E os policiais que o perseguiram estavam em um carro discreto, um Focus verde sem o logo da polícia.

– Saí de casa, naquela tarde, para ir à academia. Logo que passei pelo carro onde estavam os dois homens percebi que eles começaram a me seguir – conta o empresário.

Silvestre já foi assaltado três vezes. Uma delas, aconteceu quando estava no trânsito. Desde então, está sempre atento a todos os movimentos suspeitos ao seu redor.

– Fiquei de olho naquele carro me seguindo e, quando estava perto do estacionamento, os homens fizeram menção de entrar em um condomínio. Na hora foi um alívio. Vi que a história não era comigo e segui o meu caminho – relata.

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Tensão

Quando o empresário chegou no portão de entrada, o Focus parou atrás. E pior, quando ele passou a cancela, o carro entrou na sua carona. Nesse momento, Silvestre não teve dúvidas: achou que seria assaltado.

– Foi tudo muito rápido. Logo cortaram a frente do meu carro. Um homem desceu apontando uma arma para mim. Eu dei a volta, rapidamente. Ele atirou nos pneus do meu carro e eu atravessei a cancela para sair do estacionamento. Achei que fossem me matar. Só pensava em viver para ver os meus filhos –relembra.

E aí começou a perseguição. O empresário cortava os carros pela avenida, na tentativa de fugir dos homens. E a polícia, correndo para alcançar o homem que, para eles, havia roubado um veículo. Durante a fuga, Silvestre lembrou da concessionária de amigos, que ficava a poucos metros. Pensou que ali seria um bom refúgio, tendo em vista que os assaltantes não entrariam atrás dele em um local tão movimentado.

– Atravessei a cancela do estacionamento da loja e andei com o carro até a porta dos fundos. Entrei correndo, gritando, pedindo ajuda e dizendo que dois bandidos estavam atrás de mim. Falei para chamarem a polícia – afirma.

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Os homens no Focus verde também invadiram o estacionamento da concessionária e chegaram a bater com o carro na parede da loja. Desceram do veículo atrás do empresário que, neste momento, saiu correndo pela porta da frente atrás de socorro. A Brigada Militar, que havia sido acionada pelos funcionários da loja, chegou ao local para ver o que estava acontecendo. Foi neste momento que Silvestre voltou para a loja, junto com a BM, sentindo-se seguro.

– Quando nos aproximamos dos homens eu vi que eles estavam com uma jaqueta preta da Polícia Civil. Na hora começaram a gritar que eu era um ladrão e me algemaram. Não entendi nada. Me colocaram para dentro do carro dizendo que eu seria preso porque tinha roubado o carro e falsificado a placa – conta.

Confusão desfeita

Quando o empresário conseguiu falar com os policiais, explicou que havia comprado o carro há quatro dias, e que os documentos dele e do veículo estavam no console. Pediu para que ligassem para a mulher dele, porque tinha ficado de ir buscar os dois filhos no colégio e estava preocupado com o horário.

– Um dos policiais mandou um áudio de WhatsApp para a minha mulher. Ela mandou outro áudio falando de mim, das crianças, da nossa família, e ele percebeu que nós éramos pessoas boas – explica.

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Quando os policiais verificaram a placa e os documentos do carro, viram a confusão que havia acontecido e a sucessão de erros. Silvestre comprou o carro e pediu para um despachante fazer a papelada. Porém, no momento de fazer o emplacamento, colocaram um número errado. Para a polícia, o carro do empresário, um Space Fox branco, pela placa, apontava como sendo um veículo Fiesta.

– O grande vilão dessa história é o Detran. Os policiais estavam fazendo o trabalho deles. Não condeno a ação da polícia e agradeço por terem atirado apenas nos pneus e na parte de baixo do carro. Eles não queriam me matar, queriam me prender – reflete o empresário que completa: –Com o número crescente de assaltos, a população e os policiais vivem em situação de risco diariamente. Eu só pensava que, como eu havia 'fugido dos assaltantes', na hora em que eu parasse o carro eles iriam me matar.

Detran vai investigar o erro

Questionado pelo Diário Gaúcho sobre o equívoco, o Detran/RS explicou que já determinou que o Centro de Registro de Veículos Automotivos (CRVA), onde Silvestre realizou o emplacamento, faça uma vistoria no carro de placas certas. O veículo está retido em um dos Centro de Remoção do Veículos de Porto Alegre e será liberado assim que a lacração das placas for realizada e mediante autorização policial.

O Detran não informou o prazo para isso ocorrer, mas garantiu que todos os custos, como taxas de diárias e guincho, serão pagos pelo CRVA. O Departamento também assegurou que já remeteu o caso à Corregedoria-Geral para averiguar se a responsabilidade pelo erro é da Fábrica de Placas e Targetas ou do CRVA.

* Colaborou: Carolina Lewis

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