SEU PROBLEMA É NOSSO
Jovens da Fase produzem abrigos infantis para doar às vítimas da enchente
Cerca de 400 peças de agasalhos já foram distribuídas
Desde o início da enchente histórica que atingiu a Capital, jovens que cumprem medidas socioeducativas na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase) já produziram cerca de 400 sabonetes e peças de agasalhos infantis para encaminhar aos abrigos. O projeto é uma iniciativa da oficina de costura e produção de sabão do Centro de Convivência e Profissionalização (Ceconp). Além da confecção, os internos fazem a entrega dos itens nos abrigos, acompanhados por agentes.
Na semana em que os locais de acolhimento começaram a ser abertos e as necessidades foram surgindo, o agente Paulo Tavares, 53 anos, junto a outros colegas, resolveu usar o espaço da oficina de costura para a confecção de roupas de inverno para crianças. O local já era equipado com todos os materiais necessários para iniciar os trabalhos. Apenas alguns metros de tecidos precisaram ser comprados para começar a produção. Além das peças infantis, como calças, blusas e toucas, os jovens confeccionaram kits de lençóis e fronhas.
– A sala de costura se tornou um gabinete de solidariedade. Era uma necessidade imediata, então logo já começamos os trabalhos, e percebemos que os jovens ficavam muito entusiasmados com a expectativa da entrega nos abrigos – conta Paulo.
Trabalho
As atividades são desenvolvidas com internos que cumprem medida de Internação com Possibilidade de Atividades Externas (ICPAE). Cada etapa da produção é bem definida. Enquanto os jovens ficam com o corte de tecidos e separação das roupas para doação, os agentes são responsáveis pelo uso da máquina de costura.
Umas das jovens, que está há seis meses na Fase, ajudou na organização dos materiais, corte e arremates na costura.
– Foi a primeira vez que trabalhei como voluntária. Está sendo muito legal trabalhar junto com o pessoal (servidores) da Fase. Me sinto feliz em saber que estamos ajudando, porque eles (desabrigados) perderam tudo e vão precisar construir suas casas do zero – comenta a adolescente (os nomes serão mantidos em sigilo).
Oficina também é qualificação
Em função da necessidade de itens de higiene nos abrigos, a oficina de produção de sabonetes, que estava parada nos últimos meses, foi reativada. Conforme a agente Alessandra Guimarães, 48 anos, responsável pela oficina, as primeiras aulas foram para que aprendessem a fazer o sabonete. Após essa etapa, já começaram a produção.
– Muitas pessoas estão desamparadas, afastadas da família. É importante que recebam esse carinho, até mesmo de algo simples, como um sabonete cheiroso – comenta a agente.
O Ceconp oferece 15 cursos de capacitação que são ministrados no turno inverso das aulas.
Outra jovem que frequenta a oficina de produção de sabonetes começou a participar das atividades em janeiro e reconhece a importância desse conhecimento para encontrar uma oportunidade lá fora.
– Estou aprendendo muita coisa na Fase. Além da produção dos sabonetes, gosto da oficina de pintura em gesso. Espero que tudo isso possa me ajudar no futuro – conclui a jovem.
Produção: Nikelly de Souza