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Papo Reto 

Manoel Soares: "Concurso no Curral"

Colunista escreve para o Diário Gaúcho aos sábados 

24/08/2024 - 05h00min

Atualizada em: 24/08/2024 - 05h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Kelly Fuzaro / Globo,Divulgação
Colunista reflete sobre a maturidade ao encarar os finais.

Bom gente, não é novidade para ninguém que começou o maior concurso de comunicação que uma cidade pode viver. Conhecemos esse concurso como eleição, um momento em que as pessoas lutam para te convencer que elas merecem sentar em algumas cadeiras que podem direcionar o rumo das nossas vidas. Sei que pode parecer esquisito eu chamar esse momento de concurso, mas infelizmente, nos últimos 20 anos, mais que nunca, foi isso que virou. Pessoas constroem histórias para falar bem de si mesmas e histórias para destruir a imagem e reputação do adversário. 

O concurso está cada vez mais sem regras, virou um vale-tudo narrativo. Com as redes sociais já estava complicado saber quem era quem nesse jogo, mas agora tem a judicialização e formalização de denúncias criminais. Ao saber que uma pessoa cometeu um crime, ou que pode ser acusada de um, os adversários esperam o período das eleições para fazer isso. 

Quando olham para nossas periferias, nos veem como animais. A prova disso é que no mundo da política, uma comunidade onde um político tem mais votos é conhecido como "curral eleitoral". Vai ter um monte de gente dizendo que não era com essa intenção, mas curral é o local onde prendem os bois e vacas. Na mesma dinâmica de uma manada de gado, eles pegam aqueles que se destacam como líderes e colocam como "cabos eleitorais". Na lida campeira ele é conhecido como "boi de ponta", que guia a boiada enquanto o berrante toca. O que corta o coração é que quando a boiada chega ao seu destino, o "boi de ponta" vai para o abate como todos os outros, talvez um pouco mais gordo, porque precisava comer mais capim para guiar seus semelhantes. 

Voltando ao concurso de comunicação que candidatos a vereadores e prefeitos decidiram disputar, acho que precisamos resistir à tentação de torcer como se fosse um time de futebol ou nossa escola de samba. Político não é alguém por quem torcemos, mas alguém que cobramos que cumpra o que é sua função. Se você é contratada para limpar uma casa, seu patrão torce para que você limpe bem? Não, ele exige que você faça bem seu trabalho. Da mesma forma, temos que exigir dessas pessoas como eles exigem de nós, pois só assim vamos deixar de ser apenas um boi no curral deles.

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