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Descarte irregular de materiais impacta esgoto no Guajuviras

Vistorias preventivas mostram que o mau uso das redes ainda é o principal causador de problemas no sistema de esgotamento

22/12/2021 - 12h29min


Ambiental Metrosul / Divulgação
Vistorias preventivas tem diminuído número de chamados

Entre as consequências mais impactantes do descarte incorreto de materiais em redes de esgotos estão os transbordamentos e o retorno de esgoto para as residências. Um levantamento realizado no bairro Guajuviras, em Canoas, apontou a presença, em excesso, de óleo de cozinha, plástico, latas, garrafas PET, embalagens e até mesmo caliça de obra. Esses materiais parecem ser os principais causadores de obstruções nas redes de esgoto do bairro. 

De acordo com a doutora em Engenharia Hidráulica e professora da Unisinos Luciana Gomes, o primeiro passo para solucionar o problema do descarte irregular de resíduos nas ruas e em redes de esgotos é a conscientização da população. Há materiais, como a caliça, que são classificados como especiais por não serem gerados com tanta frequência. Nesses casos, é preciso que haja uma orientação do poder público sobre a melhor forma de descarte:

– Restos de obras são materiais que não vão no caminhão de lixo normal. A pessoa deveria saber o que fazer com o resíduo. 

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Além dos problemas para o meio ambiente, como a contaminação de solos e águas, há também questões de saúde pública que surgem quando a rede de esgoto não funciona como deveria. Segundo o doutor em Engenharia Ambiental e professor da UFRGS Gino Roberto Gehling, sempre que o esgoto de uma via pública extravasa, ele se torna um foco de contaminação. Isso porque infecta tanto no momento em que é possível ver a lâmina d’água quanto depois de seco.

– É comum que crianças circulem de pés descalços, e isso oferece risco à saúde, principalmente, se houver algum ferimento na área dos pés – explica o professor.

 Realidade 

A manicure Eduarda de Almeida Mesquita de Souza, 31 anos, é moradora do bairro desde que nasceu. Confessa que, por não ter coleta seletiva na rua em que mora, acaba jogando óleo de cozinha diretamente pelo ralo da pia. Ela explica que já teve alguns problemas com o esgoto que, em épocas de chuva, fazia com que a casa ficasse alagada.

– Agora, faz alguns meses que criaram mais bocas de lobo – conta.

Morador do bairro Guajuviras há oito anos, o vigilante Emerson Corrêa Kuhn, 44 anos, explica que a família tem o hábito de separar os resíduos gerados em casa. Apesar de não ter problemas particulares com a rede de esgoto, ele percebe que, quando chove forte, por vezes a rua fica alagada em determinados pontos. Quanto ao descarte de óleo de cozinha, um dos resíduos responsável por causar problemas nas redes de esgoto, a família de Emerson tem o costume de levá-lo até um ponto de descarte.

– Fazemos questão de separar e levar para o local apropriado – comenta o vigilante.

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Empresa tem investido em trabalho preventivo

Ambiental Metrosul / Divulgação
Gordura, plásticos e embalagens são bastante encontradas

A partir de uma série de vistorias preventivas desenvolvidas no bairro Guajuviras, foi possível identificar os elementos mais comuns nas redes de esgoto do bairro. O diagnóstico foi realizado, até o momento, em 140 poços de visitas (PVs), o que abrange 120 ruas do bairro e equivale a 12 quilômetros de rede. O trabalho está sendo desenvolvido pela Ambiental Metrosul, empresa responsável pelos serviços de coleta, afastamento e tratamento de esgoto na cidade. A instituição atua em conjunto com a Corsan, por uma Parceria Público-Privada (PPP). 

Segundo o coordenador de operações da empresa, Tiago Bonfim Fernandes, o Guajuviras foi escolhido por ser um dos bairros mais populosos da cidade. Além disso, é uma das localidades que mais apresenta a necessidade de reparos:

– Pelo volume grande de trabalho, entendemos que seria interessante atacar preventivamente para reduzir os problemas.

O levantamento preliminar reforça que o mau uso das redes ainda é o principal causador de problemas no sistema de esgotamento. Desde o começo das vistorias, de acordo com a empresa, o número de chamados para atendimentos diminuiu em 21%. A meta é vistoriar, até maio de 2022, 40 quilômetros de rede. 

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Prefeitura garante manutenções constantes

De acordo com a prefeitura de Canoas, a Secretaria Municipal de Obras e Subprefeituras, faz a constante manutenção das redes de esgoto pluvial (águas da chuva) que incluem tubulações, bocas de lobo, poços de visitas e valas de macrodrenagem. Através da assessoria de imprensa, a pasta informou que “os grandes problemas encontrados nas manutenções é o acúmulo de resíduos domésticos (lixo domiciliar) e urbanos (galhos de árvores e resíduos de reformas), descartados de forma irregular”. A Prefeitura ainda destacou o trabalho feito pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, que realiza ações de limpeza e ameniza a situação do descarte irregular. “Ações simples, como a separação dos materiais recicláveis e a condução correta aos Ecopontos dos resíduos oriundos de reformas, ajudariam muito no trabalho diário de manutenção das redes coletoras de esgoto pluvial”, afirma a prefeitura.

Como utilizar o sistema de esgoto corretamente

/// Não jogue lixo (cabelo, plástico, absorvente, camisinha, cigarro, fio dental, cotonetes, embalagens etc.) no vaso sanitário, na pia ou nas caixas de esgoto.

/// Limpe periodicamente as caixas de gordura.

/// Mantenha as caixas de inspeção bem vedadas.

/// Não descarte o óleo de cozinha na pia, vaso sanitário ou tanque de lavar roupas. Quando vai para o esgoto, o óleo se acumula nos encanamentos, formando camadas espessas de gordura e entupindo as redes. Junte os restos de óleo usado em garrafas PET e doe para reciclagem.

/// Nunca conecte a rede pluvial – que recebe água de chuva – na rede de esgoto. A ligação indevida provoca transbordamento nas vias públicas e até nas residências.

/// Não interligue a rede de esgoto na galeria de águas pluviais. Se o esgoto vai para a rede pluvial, em vez de ser conduzido para a estação de tratamento, ele será lançado diretamente em rios, lagos e mares, poluindo as águas.

Produção: Kênia Fialho


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