Seu Problema é Nosso
Artesãos pedem limpeza de praça na zona sul de Porto Alegre
A exposição dos artesanatos está sendo dificultada pela falta de manutenção na Praça José Alexandre Záchia
Há quase 10 anos, um grupo de artesãos usa um espaço na Praça José Alexandre Záchia, na esquina da Avenida Chuí com a Rua Ibicuí, no bairro Cristal, em Porto Alegre, para vender artigos e objetos de decoração. Porém, agora, a exposição dos artesanatos está sendo dificultada pela falta de limpeza e capina.
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A artesã Marineida Boff, 64 anos, não lembra a última vez em que o local esteve limpo:
— A praça sempre esteve abandonada. No governo anterior, conseguimos uma casa para guardar nossos materiais, também temos iluminação e o documento que permite a feira de artesanato. Conseguimos várias coisas, menos a limpeza.
Os artesãos recebem o apoio do empresário aposentado Ricardo Angelini, 70 anos, que, em 2015, na antiga administração, foi condecorado com o título de “ prefeito da praça”. Reconhecido pelos moradores, Ricardo relata que as pessoas perguntam quando será feita a limpeza, e que algumas propõem um mutirão.
— Quatro anos atrás, a praça recebia limpeza a cada 15 dias e, por isso, as pessoas vinham tomar chimarrão e crianças brincavam aqui — relembra Ricardo.
Primeira vez
A função do prefeito da praça era intermediar a negociação entre a comunidade e a prefeitura e solicitar o atendimento da praça quando necessário. Entretanto, Ricardo diz que esse contato não existe mais:
— Estou há 47 anos no Cristal, me preocupo com a praça. Fui na Smam (Secretaria Municipal do Meio Ambiente) perguntar se continuo como prefeito da praça, e eles disseram que sim. Mas, em cinco anos, é a primeira vez que fica nesse estado.
Período sem manutenção
Na tentativa de valorizar a praça e os trabalhos manuais feitos pelos moradores do bairro, as exposições continuam mesmo em meio à precariedade. Os artesãos pontuam que os maiores problemas do local são o mato alto, os bichos- cabeludos e o lixo espalhado.
— É uma vergonha falar da praça, é tanta sujeira que espanta quem passa. Quando estamos ali, temos que limpar a nossa volta e juntar o lixo — afirma a comerciante aposentada Zuleica Santos, 65 anos.
Ela explica que a pracinha não tem mais condições para as crianças brincarem. Outra dificuldade, segundo Zuleica, é enxergar o que pode estar no chão em meio à grama alta. E a situação piora quando chove.
Ricardo conta que solicitou a limpeza no início de outubro para que, no Dia das Crianças, a praça estivesse pronta para receber os moradores e as atividades planejadas. Mas o pedido não foi atendido.
— Outro dia, os funcionários da prefeitura estavam limpando o canteiro central da avenida, capinando, e eu pedi para eles também arrumarem a praça. Mas não fizeram. Cuidam da avenida que passa do lado, mas não cuidam da praça — salienta.
Prefeitura inicia serviço
A SMSUrb, por meio do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), informou que a limpeza da Praça José Alexandre Záchia constava na programação desta semana. Conforme o Departamento, a última manutenção da praça foi realizada no dia 14 de agosto e que o serviço deve ocorrer de três em três meses. Neste caso, a limpeza deveria ter ocorrido na primeira quinzena do mês, mas o grande número de praças no município é a justificativa do atraso. Para ampliar a capacidade de atendimento, iniciou neste mês de novembro de 2018 o Projeto de Verão, que funcionará até março de 2019, reduzindo o prazo de três em três meses para 45 a 60 dias.
Questionada sobre a função do prefeito da praça, a pasta afirmou que era um projeto da gestão passada. Desde 2017, as solicitações podem ser feitas via 156 por ou em contato com os Centros de Relações Institucionais e Participativas (CRIPs) de Porto Alegre. Além disso, a prefeitura busca outros meios para manutenção de praças e parques, em propostas de concessão e adoções por pessoas físicas ou jurídicas.
Após o contato da reportagem, a SMSUrb comunicou que as equipes tinham sido direcionadas ao local ainda na tarde de ontem.
Produção: Caroline Tidra