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#DG20ANOS

Costura de Sabrina saiu das páginas do DG para ganhar o Brasil 

Confecção de suporte para aluno especial foi o ponto de partida

17/04/2020 - 12h08min

Atualizada em: 17/04/2020 - 13h56min


Lis Aline Silveira
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Omar Freitas / Agência RBS
Aulas de costura e empreendedorismo para mulheres de Esteio

Em meio a retalhos de tecido, linhas e máquinas de costura, Sabrina Machado Minhos, 42 anos, ensina artesanato a um grupo de cerca de 20 mulheres de  Esteio — atualmente, os encontros estão suspensos devido à pandemia. Mas as aulas não ficam restritas ao jeito certo de montar uma bolsa ou confeccionar um tapete. Da ampla sala na Praça do CEU saem lições gratuitas de cidadania, autoestima e solidariedade.

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Para recontar a história de Sabrina, é preciso lembrar, também, da história de Lucas Natã da Silva, um menino de sorriso cativante que, em 2014, aos cinco anos, era aluno da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Vivendo a Infância. Com dificuldades motoras devido a uma paralisia cerebral, Lucas não conseguia participar das brincadeiras com os coleguinhas. Sabrina, na época, atuava como auxiliar de inclusão da escolinha, em contrato temporário.

— Via a necessidade do Lucas e tive a ideia. Falei com a mãe dele, com a equipe da escola e com a fisioterapeuta. De tiras de bolsas e restos de jeans, fiz um tipo de macacão para ele — relembra Sabrina.

A iniciativa, que fez com que Lucas, preso ao suporte e com o apoio de um adulto, pudesse brincar com os colegas e jogar futebol, foi mostrada pelo Diário Gaúcho em 24 de julho de 2014. A reportagem, lembra a artesã, "mudou tudo":

– Depois que saí no Diário Gaúcho, fui procurada também por outros veículos de comunicação, jornais, revistas e TVs, inclusive do centro do país. Comecei a receber pedidos do macacão para todo o Brasil.

Suporte

O modelo foi aperfeiçoado por Sabrina, e ganhou o nome de Suporte Inclusivo Multifuncional.

— O suporte foi maravilhoso para o desenvolvimento do Lucas. A partir dali, ele começou a participar mais das brincadeiras com os colegas, a se sentir igual — relata a mãe do menino, a dona de casa Maurícia Freitas Luz, 43 anos.

Arquivo Pessoal
O sorridente Lucas, desfilando em 7 de Setembro

Hoje, Lucas tem 10 anos e é aluno do 5º ano da Escola Municipal Maria Lygia Andrade Haack. Mãe orgulhosa, Maurícia exibe fotos do filho nos mais diferentes momentos: pescando, brincando na praia, posando com jogadores do Grêmio, desfilando em Sete de Setembro, tocando violão.

— Fazemos de tudo para que ele se sinta à vontade, seja participativo e aprenda o sentido de viver intensamente, mesmo com suas limitações — comenta Maurícia.

Sabrina tem orgulho em afirmar que já comercializou cerca de 80 unidades do suporte, que chegou até a Estados como Amazonas, Sergipe e Ceará. Para complementar a renda, passou a também produzir outras peças de artesanato, como bolsas e mochilas.

Próximo passo: montar cooperativa

Já fora da Emei, em 2017, Sabrina seguia com a vontade de fazer mais pelo próximo. Tornou-se professora de artesanato por meio do programa de voluntariado Conta Comigo, da prefeitura de Esteio, ensinando sua técnica a mulheres da cidade. Utilizando sobras de materiais, elas aprendem costura e confeccionam peças que, depois, podem ser comercializadas, gerando renda.

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É o caso de Joelma Conceição Mendonça dos Santos, 53 anos, que participou da oficina no ano passado e, hoje, vende mochilas confeccionadas com sobras de jeans. A iniciativa também acolhe imigrantes venezuelanas, como Iris Celis, 35 anos.

— Estou guardando dinheiro para comprar a minha própria máquina de costura. Agradeço pela oportunidade — diz.

"Abriu as portas"

Marcelo Oliveira / BD, 23/07/2014
Em 2014, com o macacão que transformou as vidas de ambos

Sabrina já pensa adiante. Quer estudar moda, para aperfeiçoar suas técnicas, dar aulas em outros pontos da cidade e montar uma cooperativa com suas alunas:

— A reportagem do DG foi fundamental na minha vida. Ela abriu as portas, o resto foi passando. O mundo precisa de todo o bem que a gente puder fazer.

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