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Medicamento utilizado para tratamento de esclerose múltipla volta a ser fornecido a morador de Canoas
Falta da medicação pode agravar sintomas da doença
Dois meses após a reportagem publicada em abril de 2021 pelo Diário Gaúcho, o medicamento Fingolimode 0,5mg – usado no tratamento de sintomas da esclerose múltipla – já não estava mais em falta. Em junho do ano passado, o fármaco foi disponibilizado pela Farmácia do Estado nos munícipios gaúchos. À época, o intérprete de libras Ricardo Faria, 34 anos, estava sem receber o tratamento e aguardava pela liberação do remédio junto à Farmácia do Estado de Canoas, onde mora.
Em outubro de 2016, aos 29 anos, Ricardo foi diagnosticado com a doença, que ataca o sistema nervoso. Sem o uso do remédio, à época, ele precisou ficar internado.
– Os sintomas não são iguais para todos, a doença se manifesta de diversas formas. No meu caso, tive paralisia facial. Depois que recebi a liberação do medicamento, nunca mais tive surtos – explica o paciente.
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Ricardo retirava três caixas do remédio por mês, disponibilizado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) e que é distribuído às Farmácias do Estado de cada município. Cada uma, com 28 cápsulas, custa cerca de R$ 5 mil. Atualmente, a retirada do medicamento está normalizada.
Laboratório
Ricardo é presidente da Associação Gaúcha de Esclerose Múltipla (Agem) e explicou que um dos motivos da demora na distribuição do medicamento seria devido à troca do laboratório que produzia o composto.
Em nota na última reportagem, a empresa Novartis, uma das fabricantes do Fingolimode, afirmou que, em dezembro de 2020, o Ministério da Saúde concluiu a compra do medicamento “via pregão eletrônico com outra empresa, para o fornecimento pelo Sistema Único de Saúde”, responsável pela distribuição do fármaco “para que os pacientes possam manter o tratamento da esclerose múltipla”.
– A Farmácia do Estado dizia sempre que o medicamento estava em falta e que precisávamos aguardar – relata o intérprete.
De acordo com dados da Agem, a Fingolimode ficou em falta em cidades como Cruz Alta, Passo Fundo, Porto Alegre, Rio Grande e Santa Maria.
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Qualidade
Sem tomar o remédio, o intérprete de libras corria o risco de ter novos surtos e novas lesões no cérebro, o que o levaria a ser hospitalizado. Ele reforçou que, durante a falta de medicamento, dependeu de corticoide para que os sintomas não voltassem, ficando afastado de suas atividades, pelo INSS, em função da falta do tratamento.
– Sentimento de alivio agora com o medicamento. Podemos dizer que temos vida com esclerose múltipla – finaliza.
Secretaria regularizou fornecimento
Na reportagem de abril, a SES informou que, no relatório dos atendimentos de março, em Canoas, o município recebeu o Fingolimode no dia 29 do mesmo mês. Já em relação à falta de medicamentos nas demais cidades, a pasta destacou que o estoque estava regular, não constando falta.
Agora, a SES confirma a normalização no fornecimento do Fingolimode 0,5mg e diz que “a distribuição às secretarias estaduais é normalizada na medida que o Estado recebe os medicamentos do Ministério da Saúde, uma vez que é fornecido pelo próprio Ministério”.
Produção: Vitória Fagundes