Leste Europeu
Mais dois brasileiros morrem na guerra da Ucrânia; gaúcho é uma das vítimas
Os dois viajaram para prestar ajuda humanitária no conflito e estavam no mesmo alojamento
Mais dois brasileiros morreram na guerra da Ucrânia, em um bombardeio russo que ocorreu entre a noite de sexta-feira (1º) e a manhã de sábado (2), na região de Kharkiv. Uma das vítimas é o gaúcho Douglas Rodrigues Búrigo, 40 anos. A informação foi confirmada por parentes do homem, que morava em São José dos Ausentes, na serra gaúcha. Ele deixa uma filha de 15 anos.
Segundo a família, Douglas foi para a Ucrânia em 22 de maio, com o objetivo de ajudar as vítimas do conflito com a Rússia. Douglas conversava com os pais quase todos os dias por mensagens no celular. O último contato com a mãe foi na terça-feira (28), quando o filho lhe disse que iria para o front e ficaria incomunicável por alguns dias, sem internet ou energia para carregar o celular.
Douglas tinha uma borracharia em São José dos Ausentes. Ele também trabalhou como caminhoneiro e, anteriormente, em Uruguaiana, na Fronteira Oeste, serviu ao Exército, por cerca de quatro anos. Essa era a sua primeira guerra, segundo a irmã.
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— Ele disse que queria ajudar as pessoas, queria se sentir e ser útil, ajudar as crianças lá que estavam sofrendo. A gente tentou convencer a não ir, mas ele estava decidido — diz Denise Búrigo Dos Reis. — Ele foi, na verdade, para missão humanitária, não era para combate. Mas ele tinha conhecimento, por ter ficado alguns anos no Exército, e era muito inteligente. Acho que por isso que acabou na linha de frente.
A família foi comunicada da morte por outros brasileiros que estavam com ele. O deputado estadual Carlos Búrigo (MDB), que é primo do gaúcho, também confirmou a informação. Familiares afirmam que aguarda informações oficiais do governo ucraniano para repassar ao Itamaraty.
Os pais de Douglas informaram a perda do filho em postagens em redes socias. A mãe dele escreveu: "A dor é insuportável, rasga meu peito, sangra meu coração, dilacera minha alma por saber que não mais te verei, não ouvirei tua voz e que a hora da tua partida chegou".
Em um texto dirigido ao filho, a mãe relata como familiares receberam a notícia de sua morte e como estão reagindo: "Teu pai está aqui sofrendo muito, chorando muito, tentando entender por que tu quis ir. Tua irmã Denise chora a todo instante e o Pedrinho pede para ela parar de chorar. A Deborah está em choque, quieta, não conversa, se fechou. Tua filha estava em desespero no telefone. Enfim filho estamos todos arrasados com a noticia da tua partida. E a dor aumenta mais pois não haverá nem uma última despedida. Eu te amo meu filho. Nós te amamos".
De acordo com o portal UOL, outra brasileira, Thalita do Valle, morreu no mesmo bombardeio. Ela estava no mesmo grupo que Douglas, em um alojamento. Conforme informações de seu perfil no Linkedin, Thalita era advogada e integrante da comissão de direito dos refugiados da OAB de São Paulo.
Procurado, o Ministério das Relações Exteriores informou que está apurando informações sobre os casos.
Em junho, o Itamaraty havia confirmado a morte do brasileiro André Hack Bahi, 43 anos. Natural de Porto Alegre, o voluntário foi uma das vítimas dos pesados ataques russos à cidade de Severodonestk.