Qualificação
Escola de Hip Hop da zona norte da Capital lança workshop para DJs
Formação gratuita ocorre no dia 19 de março
Democratizar o acesso à cultura e oferecer formação musical de qualidade são alguns dos objetivos do workshop de DJ promovido pela Escola de Hip Hop, na zona norte de Porto Alegre. O encontro, que ocorre no dia 19 de março, é uma das atividades oferecidas pela escola, que tem como diferencial uma prática pedagógica criada a partir do movimento cultural Hip Hop.
A escola é um dos projetos desenvolvidos pela Associação Alvo Cultural e foi criada em 2021 a partir do edital da Secretaria de Cultura do Estado (Sedac) com a Fundação Marcopolo que contou com recursos da Lei Aldir Blanc. De acordo com o produtor cultural e presidente da associação, Jean Felipe Almeida de Andrade, 39 anos, o workshop é feito desde 2011 e é dividido em dois momentos: o de contextualização do movimento Hip Hop e o de apresentação das técnicas e dos equipamentos:
– O Hip Hop é um movimento que nasceu nos Estados Unidos e ganhou o mundo. O workshop se torna um momento em que nosso público se aproxima ainda mais dessa cultura e enxerga nela uma possibilidade de profissionalização.
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Ensino
A Escola de Hip Hop oferecerá, ao longo do ano, atividades que abordam os quatro pilares do movimento cultural: o Rap (rima), o DJ (base musical), o Break (dança) e o Grafite (arte urbana). Atualmente, a associação cultural possui uma equipe fixa de quatro pessoas sendo duas voluntárias e duas remuneradas. Para se manter, a iniciativa participa de seleções por editais públicos e recebe doações. Além disso, explica Jean, há voluntários, como o DJ Edinho DK, que doam seu trabalho. O presidente conta que, atualmente, a associação analisa a criação de uma campanha de apadrinhamento em que pessoas físicas e jurídicas possam patrocinar a participação dos alunos nas atividades.
O foco da escola de Hip Hop é atingir, especialmente, o público jovem de 14 a 26 anos. Mas, dependendo da atividade proposta, a escola é procura por pessoas de diferentes idades como crianças e idosos. Além disso, por ser uma instituição que nasceu na periferia, Jean afirma que o participante ideal é o jovem de comunidade:
– Queremos dar oportunidade para quem precisa ampliar seu horizonte e ter acesso à cidadania por meio da cultura. A gente acredita que a cultura tem que chegar para todo mundo.
Profissionalização com foco em gênero, raça e classe
O workshop terá no máximo 15 participantes, por isso, a equipe adota critérios para selecionar os estudantes. O primeiro deles é a questão de gênero. Jean explica que o número de mulheres atuando como DJs, dentro do Hip Hop, ainda é muito baixo. Por conta disso, a associação da prioridade para a participação feminina. Além disso, jovens negros ou de baixa renda também são prioridade. As inscrições podem ser feitas até o dia 14 de março pelo site alvocultural.com. A divulgação dos selecionados ocorrerá no dia 16 de março no mesmo site. Também haverá uma lista de espera para que, caso haja alguma desistência, um dos suplentes possa participar.
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Na atividade serão apresentados os equipamentos, a maneira correta de montá-los e técnicas como compasso, contagem de tempo, estrutura da música, mixagem e efeitos.
– Os alunos vão poder meter a mão na massa. Vai ser uma atividade muito prática e que vai possibilitar tirar dúvidas sobre a carreira do DJ, como se consolidar no mercado, quais os melhores equipamentos para começar – garante Jean.
Ex-aluna
A beatmaker e DJ moradora do bairro Sarandi Adrienni Rodrigues, conhecida artisticamente como Gau Beats, 27 anos, é uma das ex-alunas do curso de DJ promovido pela Escola de Hip Hop em 2021. A formação, financiada por verba de edital, possibilitou que a artista desse o primeiro passo em direção ao tão sonhado trabalho na área. Ela conta que, em outras circunstâncias, não teria possibilidade de realizar o curso, devido ao alto custo financeiro:
– Foi um experiência única pra mim, eu não tinha nenhuma base de discotecagem e em cada aula ministrada eu saia de lá com vontade de voltar logo pra próxima.
Gau Beats enxerga o cenário musical como um campo que ainda precisa ser melhor explorado por mulheres. Ela destaca que setores como a mídia ainda precisam validar o trabalho feminino. Para isso, acredita que cada vez mais é preciso que haja projetos com foco em mulheres e remunerações adequadas.
– A gente luta no dia a dia pra tentar chegar ainda mais longe. É cansativo mas desistir já não é mais uma opção.
A DJ conta que já começou a colher os frutos plantados no ano passado. Ela já está fechando agenda como DJ e no dia 16 de março terá um set (sequência de faixas musicais) lançado por uma rádio carioca.
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“Embasamento cultural”
Jean destaca que a cultura Hip Hop é uma das maiores expressões musicais no Brasil. Por isso, é um mercado que está aquecido principalmente pela popularização de ritmos musicais como o rap e o trap.
– Já é comum vermos artistas pops, de renome nacional, fazendo parcerias com rappers e MCs – afirma Jean.
Mas, o produtor cultural enfatiza que o mercado está atento aos DJs profissionais, que apresentam um trabalho consistente e de qualidade. Para isso, conta, é preciso que o profissional esteja sempre atento às tendências e buscando aprimorar a técnica:
– É preciso ter embasamento cultural e dominar as técnicas. A função do DJ, dentro da cultura Hip Hop, é educar o ouvinte. É dever do DJ apresentar novos artistas, novas tendências e conteúdos de qualidade.
Confira os prazos
/// 14 de março: data limite para realização das inscrições pelo site alvocultural.com.
/// 16 de março: divulgação das listas de selecionados e de suplentes.
/// 19 de março: realização do workshop das 14h às 17h, na sede da associação Alvo Cultural (Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, 2132, Rubem Berta, Porto Alegre).
Produção: Kênia Fialho