Seu Problema é Nosso
Com hérnia discal, morador de Canoas espera há mais de um ano por exame
Jorge foi encaminhado para realizar ressonância magnética em 27 de junho de 2018
Não é de hoje que a espera faz parte da vida do comerciário desempregado Jorge Luciano Passos Lucas, 43 anos, morador do bairro Niterói, em Canoas. Com hérnia discal na região da coluna lombo-sacra – desgaste nos discos intervertebrais, que comprime as raízes nervosas da coluna –, ele realiza tratamento no Hospital Universitário (HU), também em Canoas, desde 2017.
Contudo, aguarda há mais de um ano pela realização de uma ressonância magnética. O exame irá definir o melhor tratamento para seu caso.
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“Dores insuportáveis”
Enquanto a questão não avança, Jorge segue convivendo com fortes dores.
— Não consigo nem me movimentar, de tanta dor nas costas. Se tivesse que classificar o que sinto, de zero a dez, diria que é onze. É insuportável — descreve.
O comerciário sofre de outros problemas, como a perda do movimento da perna esquerda, devido a sequelas de cinco acidentes vasculares cerebrais (AVC) que sofreu entre 2014 e 2016.
Desacreditado
O DG já mostrou o drama enfrentado pelo morador de Canoas para realização de seu tratamento no HU.
Em 4 de junho de 2018, ele aguardava havia mais de um ano por consulta com traumatologista e neurocirurgião no hospital. Dias depois da publicação da reportagem, Jorge finalmente consultou com os especialistas: em 27 de junho, recebeu o atendimento em Traumatologia e, em 29 de junho, com a equipe de Neurocirurgia.
O leitor se sentiu esperançoso, mas, justamente em 27 de junho, na consulta com o traumatologista, recebeu o encaminhamento para realizar a ressonância. A partir daí, uma nova espera começou.
Diante do histórico de demora, ele se sente desacreditado.
— Fico ansioso, pois estou sempre esperando por algo que nunca vem. Cada hora é uma demora diferente — conta Jorge, que relata ter procurado a ouvidoria do HU para esclarecer os motivos da espera, sendo informado de que não há prazo para seu chamamento.
Secretaria de Saúde diz que irá “procurar paciente”
Contatada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Canoas, responsável pela gestão do Hospital Universitário, limitou-se a informar que “irá procurar o paciente para tratar do caso”.
Contudo, até o início da tarde de ontem, Jorge relatou não ter recebido nenhum contato por parte da SMS ou do hospital, a fim de que fosse feita a marcação do exame. O leitor segue aguardando.
Questionada sobre os motivos da demora para realização do procedimento – um ano e dois meses –, bem como sobre a previsão para que a ressonância magnética seja feita, a pasta não se manifestou até o fechamento desta reportagem.
“O Diário é minha última esperança”, declara Jorge
Leitor fiel, Jorge costuma procurar o Diário Gaúcho quando enfrenta problemas com o SUS: esta é, pelo menos, a sexta vez em que o leitor aparece na seção Seu Problema É Nosso, entre pedidos de resolução e a solução de reclamações.
– O sistema de saúde está muito ruim. Sempre que preciso, entro em contato com o jornal. O Diário é minha última esperança – diz ele.
Abaixo, confira o histórico das vezes em que o DG tratou de casos relacionados ao leitor:
/// Em 21 de abril de 2017, Jorge estava havia dois meses sem conseguir retirar remédios para tratar as sequelas dos AVCs que sofreu.
/// Em 3 de agosto de 2017, já eram quatro meses sem os medicamentos carbamazepina, AAS infantil, hidroclorotiazida e metoprolol.
/// Em 11 de agosto de 2017, dias após a última reportagem, Jorge conseguiu os remédios. “Parece mentira ter que recorrer ao jornal até para pegar o básico”, protesta.
/// Em 4 de junho de 2018, ele aguardava havia mais de um ano por consultas com traumatologista e neurocirurgião no HU.
/// Em 20 de julho de 2018, o DG mostrou que Jorge finalmente conseguiu consultar. “Depois que saiu a matéria, ligeirinho me chamaram”, relembra o leitor.
Produção: Camila Bengo